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terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Pecúlio volta ao radar das famílias como proteção financeira acessível

Cresce a procura por alternativas simples e acessíveis de amparo financeiro, impulsionando o interesse pelo pecúlio por morte

 

Em um cenário de incertezas econômicas e mudanças no comportamento do consumidor, cresce o interesse dos brasileiros por soluções simples, ágeis e acessíveis de proteção financeira. Esse movimento tem reacendido a atenção sobre o pecúlio por morte, um benefício pago aos dependentes em caso de falecimento do titular, especialmente entre famílias de renda média que buscam alternativas viáveis aos produtos tradicionais de seguro e previdência. 

O avanço desse tipo de proteção financeira não é isolado. Ele se insere em um contexto mais amplo de busca por mecanismos que ofereçam amparo imediato em momentos de perda, sem burocracia excessiva e com custos compatíveis com o orçamento de grande parte da população.

 

Crescimento do mercado e lacuna de proteção

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) registrou um crescimento expressivo no setor de seguros de pessoas. Entre janeiro e setembro de 2025, o seguro de vida avançou 12,13%, acumulando R$ 164,82 bilhões em arrecadação nos nove primeiros meses do ano.

Apesar disso, a proteção ainda atinge uma parcela restrita da população. Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), apenas 18% dos brasileiros contam com algum tipo de seguro de vida. O indicador mostra tanto a vulnerabilidade das famílias quanto o amplo espaço para expansão de produtos complementares, como o pecúlio. 

“Quando olhamos para esse número, fica evidente que existe um potencial enorme de conscientização e inclusão”, afirma Samuel Corrêa, gerente-geral da AUX — entidade com 140 anos de atuação em proteção financeira, que administra atualmente 80 mil coberturas ativas de pecúlio.

 

O que é o pecúlio — e por que tem ganhado força no Brasil

O pecúlio por morte consiste no pagamento de um valor previamente contratado aos beneficiários do titular, em parcela única. Ao contrário do seguro de vida tradicional, a solução não exige renovações anuais e possui regras de funcionamento mais previsíveis ao longo do tempo. 

Sua simplicidade operacional — incluindo a dispensa de etapas como o inventário para a liberação dos recursos — explica parte do aumento do interesse. A contratação também tende a ser direta, sem exigência de exames médicos, o que amplia o acesso a diferentes perfis de consumidores. 

Outro fator relevante é a amplitude das coberturas, geralmente sem algumas das exclusões comuns em seguros convencionais. Esses fatores tornam o pecúlio uma alternativa especialmente atrativa em um país onde a pressão do custo de vida afasta grande parte da população de soluções mais robustas de proteção familiar. 

“O pecúlio tem um papel essencial na proteção porque muitos brasileiros não têm o hábito de planejar financeiramente os imprevistos”, explica Corrêa. 

Segundo ele, a percepção de risco costuma surgir com mais força a partir dos 40 anos. “O problema é que, nesse momento, produtos de proteção ficam significativamente mais caros. Quando o interesse desperta tarde, o esforço financeiro necessário também aumenta, e isso reduz a adesão. Por esse motivo, fortalecer a conscientização antecipada é um desafio central.”

 

Momentos de crise impulsionam a busca por proteção

A demanda por coberturas de proteção tende a crescer em períodos de crise. A pandemia de covid-19 é um exemplo marcante: diante da maior percepção de vulnerabilidade, muitas pessoas buscaram alternativas para resguardar seus dependentes. 

Situação semelhante foi observada após as enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024. A tragédia reforçou a importância de seguros residenciais e de serviços de proteção emergencial. “Em momentos de instabilidade, as pessoas passam a olhar os riscos de forma mais concreta e valorizam soluções que ofereçam amparo imediato”, explica o gerente da AUX. 

Outro aspecto que impulsiona o avanço do pecúlio são os contratos coletivos, firmados com empresas e associações. Eles permitem ampliar rapidamente a base de coberturas e tornar o produto acessível a grupos maiores, especialmente trabalhadores formais.

 

Proteção vitalícia ganha relevância

Uma característica que tem chamado a atenção dos consumidores é o caráter vitalício da cobertura de pecúlio em diversas instituições. Na prática, isso significa que o contratante tem direito de permanência, sem risco de cancelamento unilateral — situação que não é possível em seguros tradicionais, que precisam ser renovados ano a ano. 

“No pecúlio vitalício, a instituição não pode encerrar a cobertura por decisão própria. Esse modelo oferece estabilidade e tranquilidade, especialmente para quem teme perder a proteção em um momento de maior fragilidade”, explica Corrêa. 

Com o aumento da longevidade da população, essa previsibilidade se torna ainda mais relevante.

 

Digitalização transforma o mercado

Embora o setor de seguros seja tradicional, o movimento de digitalização vem ganhando força. A Susep tem flexibilizado a regulação para permitir novos modelos de contratação digital, integrando plataformas e corretores. 

“A digitalização tende a colocar mais produtos na palma da mão do cliente, sem eliminar o papel do corretor”, afirma o gerente da AUX. Segundo ele, o desafio do mercado é equilibrar simplicidade tecnológica com orientação qualificada, especialmente para públicos que ainda têm dificuldade de compreender as diferenças entre os tipos de proteção disponíveis. 

A expectativa é que, nos próximos anos, produtos como o pecúlio se tornem ainda mais acessíveis e com jornadas de contratação e atendimento mais rápidas.

 

Perspectivas para os próximos anos

No mercado, os dados referentes à busca por proteção apontam para um crescimento contínuo de alternativas como o pecúlio, impulsionado por três pilares: educação financeira, digitalização e simplificação dos produtos. Com grande parte da população ainda desprotegida e sujeita a riscos financeiros inesperados, a expectativa é que soluções acessíveis e estáveis continuem ganhando força. 

“Uma explicação simples aumenta a chance de o consumidor compreender a relevância da cobertura e tomar a decisão de contratar”, conclui Corrêa. 

Segundo ele, tornar a jornada mais transparente e intuitiva deve ser um dos principais vetores de crescimento do pecúlio.

 

Samuel Corrêa - gerente-geral da empresa mineira AUX (Foto: AUX/ABContent)


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