Cresce a procura por alternativas simples e acessíveis de amparo financeiro, impulsionando o interesse pelo pecúlio por morte
Em um cenário de incertezas econômicas e mudanças no comportamento do consumidor, cresce o interesse dos brasileiros por soluções simples, ágeis e acessíveis de proteção financeira. Esse movimento tem reacendido a atenção sobre o pecúlio por morte, um benefício pago aos dependentes em caso de falecimento do titular, especialmente entre famílias de renda média que buscam alternativas viáveis aos produtos tradicionais de seguro e previdência.
O avanço
desse tipo de proteção financeira não é isolado. Ele se insere em um contexto
mais amplo de busca por mecanismos que ofereçam amparo imediato em momentos de
perda, sem burocracia excessiva e com custos compatíveis com o orçamento de
grande parte da população.
Crescimento do mercado e lacuna de
proteção
A
Superintendência de Seguros Privados (Susep) registrou um crescimento
expressivo no setor de seguros de pessoas. Entre janeiro e setembro de 2025, o seguro de vida avançou 12,13%,
acumulando R$ 164,82 bilhões em arrecadação nos nove primeiros meses do ano.
Apesar disso, a proteção ainda atinge uma parcela restrita da população. Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), apenas 18% dos brasileiros contam com algum tipo de seguro de vida. O indicador mostra tanto a vulnerabilidade das famílias quanto o amplo espaço para expansão de produtos complementares, como o pecúlio.
“Quando
olhamos para esse número, fica evidente que existe um potencial enorme de
conscientização e inclusão”, afirma Samuel Corrêa, gerente-geral da AUX —
entidade com 140 anos de atuação em proteção financeira, que
administra atualmente 80 mil coberturas ativas de pecúlio.
O que é o pecúlio — e por que tem
ganhado força no Brasil
O pecúlio por morte consiste no pagamento de um valor previamente contratado aos beneficiários do titular, em parcela única. Ao contrário do seguro de vida tradicional, a solução não exige renovações anuais e possui regras de funcionamento mais previsíveis ao longo do tempo.
Sua simplicidade operacional — incluindo a dispensa de etapas como o inventário para a liberação dos recursos — explica parte do aumento do interesse. A contratação também tende a ser direta, sem exigência de exames médicos, o que amplia o acesso a diferentes perfis de consumidores.
Outro fator relevante é a amplitude das coberturas, geralmente sem algumas das exclusões comuns em seguros convencionais. Esses fatores tornam o pecúlio uma alternativa especialmente atrativa em um país onde a pressão do custo de vida afasta grande parte da população de soluções mais robustas de proteção familiar.
“O pecúlio tem um papel essencial na proteção porque muitos brasileiros não têm o hábito de planejar financeiramente os imprevistos”, explica Corrêa.
Segundo
ele, a percepção de risco costuma surgir com mais força a partir dos 40 anos.
“O problema é que, nesse momento, produtos de proteção ficam significativamente
mais caros. Quando o interesse desperta tarde, o esforço financeiro necessário
também aumenta, e isso reduz a adesão. Por esse motivo, fortalecer a
conscientização antecipada é um desafio central.”
Momentos de crise impulsionam a
busca por proteção
A demanda por coberturas de proteção tende a crescer em períodos de crise. A pandemia de covid-19 é um exemplo marcante: diante da maior percepção de vulnerabilidade, muitas pessoas buscaram alternativas para resguardar seus dependentes.
Situação semelhante foi observada após as enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024. A tragédia reforçou a importância de seguros residenciais e de serviços de proteção emergencial. “Em momentos de instabilidade, as pessoas passam a olhar os riscos de forma mais concreta e valorizam soluções que ofereçam amparo imediato”, explica o gerente da AUX.
Outro
aspecto que impulsiona o avanço do pecúlio são os contratos coletivos, firmados
com empresas e associações. Eles permitem ampliar rapidamente a base de
coberturas e tornar o produto acessível a grupos maiores, especialmente
trabalhadores formais.
Proteção vitalícia ganha relevância
Uma característica que tem chamado a atenção dos consumidores é o caráter vitalício da cobertura de pecúlio em diversas instituições. Na prática, isso significa que o contratante tem direito de permanência, sem risco de cancelamento unilateral — situação que não é possível em seguros tradicionais, que precisam ser renovados ano a ano.
“No pecúlio vitalício, a instituição não pode encerrar a cobertura por decisão própria. Esse modelo oferece estabilidade e tranquilidade, especialmente para quem teme perder a proteção em um momento de maior fragilidade”, explica Corrêa.
Com o
aumento da longevidade da população, essa previsibilidade se torna ainda mais
relevante.
Digitalização transforma o mercado
Embora o setor de seguros seja tradicional, o movimento de digitalização vem ganhando força. A Susep tem flexibilizado a regulação para permitir novos modelos de contratação digital, integrando plataformas e corretores.
“A digitalização tende a colocar mais produtos na palma da mão do cliente, sem eliminar o papel do corretor”, afirma o gerente da AUX. Segundo ele, o desafio do mercado é equilibrar simplicidade tecnológica com orientação qualificada, especialmente para públicos que ainda têm dificuldade de compreender as diferenças entre os tipos de proteção disponíveis.
A
expectativa é que, nos próximos anos, produtos como o pecúlio se tornem ainda
mais acessíveis e com jornadas de contratação e atendimento mais rápidas.
Perspectivas para os próximos anos
No mercado, os dados referentes à busca por proteção apontam para um crescimento contínuo de alternativas como o pecúlio, impulsionado por três pilares: educação financeira, digitalização e simplificação dos produtos. Com grande parte da população ainda desprotegida e sujeita a riscos financeiros inesperados, a expectativa é que soluções acessíveis e estáveis continuem ganhando força.
“Uma explicação simples aumenta a chance de o consumidor compreender a relevância da cobertura e tomar a decisão de contratar”, conclui Corrêa.
Segundo
ele, tornar a jornada mais transparente e intuitiva deve ser um dos principais
vetores de crescimento do pecúlio.
Samuel Corrêa - gerente-geral da empresa mineira AUX
(Foto: AUX/ABContent)
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