CorpoFala
Curadoria e mobiliário de Ricardo van Steen
Abertura 11 de dezembro, às 17h
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| Juvenal Pereira, Sócio, fotografia de 1979, manipulada em tramas horizontais e verticais em 2012, impressão em processo de gelatina de prata, 20cm x 25cm |
Imagens
tocam, móveis não apenas servem ao corpo: eles o convocam. O encontro entre
esses dois campos define CorpoFala, última exposição do ano da galeria
MaPaFoto, e apresenta fotografias vintage em diálogo com o mobiliário de
Ricardo van Steen.
No fundo, tanto a fotografia quanto o móvel são dispositivos que moldam relações. A fotografia cria uma distância que é sempre frágil: ela captura um corpo, mas devolve ao observador a sensação de ser também capturado. É um espelho assimétrico, o gesto de olhar sempre devolve alguma coisa de nós mesmos. Há um jogo entre presença e ausência que se reinscreve a cada observação. O mobiliário, por sua vez, opera no sentido oposto — ele não captura, mas organiza. Ele acolhe, orienta, enquadra. Ao fazer o corpo repousar, sentar, apoiar-se, produz um mapa silencioso de gestos. E é nesse mapa que percebemos o quanto nossa relação com os objetos não é neutra: eles nos conduzem, mesmo quando não percebemos. CorpoFala tensiona essas duas forças.
No processo de seleção das imagens, Ricardo identificou um grupo, onde o fotógrafo sempre recorria a algum expediente importado de outras formas de expressão artística para fazer sua imagem acontecer: pintura, escultura, colagem, cinema, performance. E, como essa intenção explícita de fazer sua arte dialogar com outras artes sempre foi o principal mecanismo que imprimiu em seus múltiplos meios de expressão, Ricardo resolveu juntar as duas coisas em um só momento.
Fotografias
vintage de diferentes décadas e procedências: os nus monumentais de Helmut
Newton, as cenas coreografadas por Vânia Toledo, os rituais de Orlando Brito,
as composições surrealistas de Francisco Aszman, os registros anônimos dos anos
1950–1970 e as manipulações tramadas de Juvenal Pereira. Nesse encontro, surge
algo que ultrapassa a mera soma das partes. A fotografia, quando olhada ao lado
de um móvel que solicita o corpo, deixa de ser objeto para se tornar
acontecimento. E o móvel, ao ser acionado pelo visitante que acabou de
atravessar a experiência do olhar fotográfico, também fala — não com palavras,
mas com o modo como faz o corpo existir no espaço.
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| Orlando Brito, Quarup I, 1996, impressão em gelatina de prata, 30cm x 40cm |
Serviço
Exposição:
CorpoFala
Curadoria
e mobiliário: Ricardo
van Steen
Local:
Galeria MaPaFoto
Abertura:
11 de dezembro,
quinta-feira, das 18h às 21h
Endereço:
Rua Heitor
Penteado, 220 – loja 11
Visitação:
até 02 de
fevereiro de 2026
Horários:
de terça a sexta,
das 14h30 às18h (qualquer outro horário sob agendamento)


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