O fim de ano
costuma ser sinônimo de celebração, encontros e euforia. Mas, para quem
enfrenta a dependência de álcool ou outras drogas, esse período pode
representar exatamente o oposto: um terreno fértil para recaídas. O terapeuta
Sandro Barros, referência em tratamento e prevenção, explica que os gatilhos
emocionais e sociais se intensificam entre dezembro e o Carnaval e que a
família precisa aprender a ajudar sem provocar riscos involuntários.
“Os principais
gatilhos surgem nos convites para festas, no clima de euforia coletiva e até
dentro da própria família, que muitas vezes quer ajudar, mas acaba pressionando
o dependente a participar de ambientes que ele não está preparado para frequentar”,
afirma Sandro. Segundo ele, o próprio paciente costuma estar mais vulnerável
nessa época: “A luta para se manter sóbrio é mais intensa”.
Como evitar
recaídas no período mais crítico do ano
O primeiro passo,
segundo o especialista, é evitar lugares, pessoas e ambientes associados ao uso
de álcool e outras drogas. “Se o paciente precisar ir a um evento inevitável,
como um casamento, ele pode aplicar a regra dos 3 S: Saudar, Sorrir e Sair. É
uma estratégia simples, mas extremamente eficaz”, explica.
Além disso,
práticas terapêuticas e rotinas saudáveis são fundamentais:
• Fazer terapia e verbalizar sentimentos
• Praticar esportes, meditação e leitura
• Aproveitar momentos de lazer como praia, sauna, filmes
• Manter sono regulado, alimentação no horário e uma rotina mais caseira
• Transformar a própria casa em um “refúgio de tratamento”
“O final do ano
ativa traumas, memórias de prazer e gatilhos antigos e atuais. A terapia ajuda
a ressignificar essas experiências. E a participação em grupos como NA e AA reforça
a memória do prejuízo, evitando que a pessoa se iluda com a ‘primeira dose’”, completa.
Recomeçar:
compromisso com a vida
Para Sandro,
recomeçar significa mudar de estrada: sair do caminho do consumo e entrar no
caminho da sobriedade com hábitos novos e compromisso emocional consigo mesmo.
“Uma meta realista
que realmente muda vidas é decidir evitar a primeira dose. Sem ela, todo o
restante se torna possível. É a base para recuperar a dignidade, o respeito
próprio, a saúde e os vínculos familiares”, afirma o terapeuta.
Ele também destaca a importância da comunicação dentro de casa: “O dependente precisa avisar a família sobre suas dificuldades e pedir apoio. Algo simples, como não colocar essa pessoa para comprar cerveja para outras pessoas, já evita situações de grande risco”.
Com a chegada das festas, o alerta é claro: sobriedade é decisão diária, e o apoio familiar pode ser determinante para transformar um período de vulnerabilidade em um momento de recomeço.
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