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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

ChatGPT como guia turístico? Especialista faz alerta sobre os usos da inteligência artificial no planejamento de viagen

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Especialista em Inteligência Artificial dá dicas de uso consciente da tecnologia, evitando ciladas. 

 

ChatGPT, Gemini, Copilot e outros modelos de inteligência artificial já viraram companhia de muita gente na hora de planejar férias. De passagens aéreas a roteiro dia a dia, basta descrever o perfil da viagem para receber sugestões “sob medida” em segundos. 

Não é pouca coisa: um levantamento internacional sobre o mercado de IA para turismo e hospitalidade estima que esse segmento movimente cerca de US$ 1,32 bilhão até 2029, impulsionado justamente por aplicações como chatbots, monitoramento automático de preços e recomendações personalizadas de passeios e hospedagens. A indústria já aposta na tecnologia como uma das principais frentes de crescimento do setor nos próximos anos. 

Mas, se a IA encurta o caminho entre o desejo e a reserva, também abre espaço para uma nova dúvida: até que ponto é seguro delegar o planejamento da viagem a um robô? “A IA é excelente para organizar ideias, comparar opções e ganhar tempo, mas não deve ser tratada como autoridade absoluta. Ela é o início da pesquisa, não o ponto final”, resume Mariah Sathler, consultora em inteligência artificial e fundadora da Volura.AI.

 

Acertos e erros do “guia turístico” virtual

Usada com critério, a IA pode ser uma grande aliada, principalmente para quem vai a um destino pela primeira vez. Foi o caso da advogada Bruna Dias, que viajou em setembro para Buenos Aires. “Como eu não conhecia a cidade, perguntei ao ChatGPT qual era o bairro mais seguro, a média de temperatura na época, os pontos turísticos próximos a mim... As respostas foram todas certeiras e não tive problemas durante a viagem”, conta. 

A publicitária Thais Peixoto, que viajou com Bruna, conta que também fez pesquisas no ChatGPT, mas conferia as respostas em outra plataforma online, o TikTok: "Eu busquei o roteiro de viagem para cada um dos dias em que estivemos na cidade, visando os principais pontos turísticos. Também fiz algumas perguntas mais específicas, para tirar dúvida, por exemplo: "qual era o melhor tango para ir, de acordo com o meu gosto pessoal". E foi bem útil! Ele acabou indicando aqueles pontos turísticos que são imperdíveis. E para ter mais certeza, eu perguntava no no ChatGPT e também olhava no TikTok. Um complementou o outro e foi bem positivo!" 

Para Mariah, esse é um bom exemplo de uso maduro da tecnologia. “Elas usaram o ChatGPT como curador inicial, mas não pararam ali: cruzaram com outras fontes, olharam vídeos, conferiram localização. A IA ajuda a organizar o mundo de possibilidades, mas a validação ainda é do viajante”, analisa. 

Nem sempre, porém, o resultado é tão positivo. Na sua última viagem a São Paulo, o personal trainer Christian Couto tentou usar a IA como um “GPS de texto” e se frustrou. “Eu estava na Vila Mariana e precisava ir a um local próximo ao Parque Ibirapuera. Pedi ao ChatGPT ajuda para pegar o metrô e saber em qual estação eu deveria descer. A resposta parecia confiável e segui o roteiro informado. No entanto, desci num local que ficava a 30 minutos de carro do meu destino”. 

Mariah Sathler explica que as IAs generativas, como ChatGPT, Gemini e Copilot, são treinadas com base em grandes volumes de dados do passado — e, por isso, podem trazer informações desatualizadas dependendo do tipo de pergunta. “Isso vale tanto para a criação de roteiros quanto para detalhes de deslocamento. Se você precisa de informações atuais, como eventos que estão acontecendo naquela semana, o ideal é ativar a opção de busca na web”, orienta.

Para consultar trajetos, horários de metrô e distâncias reais, a recomendação é recorrer a aplicativos específicos, como o Google Maps. “Nesses casos, o Gemini tende a ser mais confiável do que o ChatGPT porque já está integrado aos produtos do Google, inclusive ao Maps”, acrescenta. 

Segundo a consultora, ferramentas generativas funcionam especialmente bem para:

 

Pré-viagem:

●    Auxiliar a montar a base do roteiro, principalmente em locais onde já existem pontos turísticos muito tradicionais, que dificilmente sofrerão com alguma informação desatualizada da IA.

●    Procurar as melhores opções de hotéis, comparar avaliações e preços. Pedir quais são as avaliações ruins e boas de cada local para se adequar ao que mais você está buscando (um local confortável com academia, ou então um local com mais vida noturna, ou mais sossegado).

 

Já no destino:

●    Já no destino, utilizar como guia turístico. Utilizar a ferramenta de câmera para tirar foto ou vídeo em tempo real e perguntar curiosidades sobre aquela atração.

●    Oferecer ideias de passeios pouco óbvios que podem passar despercebidos em guias tradicionais.

“É como conversar com alguém que já leu muitos guias de viagem, blogs e reviews. Mas essa pessoa não conhece o mundo físico de verdade. Por isso, tudo que envolve horário, endereço, segurança e transporte precisa ser confirmado em fontes oficiais ou atualizadas”, reforça. 

 

5 dicas de como usar IA para planejar a viagem sem cair em ciladas

Para quem quer aproveitar o melhor da inteligência artificial sem transformar a próxima viagem em dor de cabeça, a orientação dos especialistas é clara: usar a tecnologia como apoio, nunca como fonte única. Veja algumas recomendações da consultora:

 

1. Trate o roteiro da IA como rascunho, não como verdade: Use ChatGPT e similares para ter ideias de bairros, atrações e sequências de passeios, mas considere o roteiro como um esboço inicial. Ajuste horários, distâncias e prioridades de acordo com fontes oficiais.

 

2. Use a IA para montar checklists: organização da mala, clima típico do período, opções de transporte do aeroporto ao hotel… Isso ajuda a não esquecer detalhes importantes. “O usuário pode usar a IA para criar listas e checklists com muita facilidade e rapidez. Mas é importante lembrar que valores, horários e até mesmo vias de trânsito podem mudar ao longo do tempo e a base de treinamento dessas ferramentas é sempre o ano anterior ao nosso”, alerta.

 

3. Cruze sempre com pelo menos uma outra fonte humana: A estratégia de Thais, de combinar respostas da IA com vídeos e relatos de outros viajantes, é uma boa prática. Vale consultar: blogs e canais de criadores especializados no destino; comentários recentes em plataformas como Google Maps e TripAdvisor; recomendações de amigos que já foram ao local. “Uma outra boa dica é pegar vídeos do Youtube que tenham os roteiros que você gostou, copiar a transcrição do vídeo e colar em algumas dessas IAs para te ajudar a montar o roteiro com base nele”, sugere Mariah.

 

4. Desconfie de respostas “perfeitas demais”: Roteiros muito redondinhos, que encaixam tudo em poucas horas ou prometem “ver o essencial da cidade em um só dia”, costumam ignorar trânsito, filas e imprevistos. Ajuste o plano para a realidade do deslocamento.

 

5. Cuidado com links e ofertas suspeitas: A especialista indica sempre pedir para que a ferramenta cite a fonte de onde a informação, seja valores de ingresso, regras, condições de uso, e outras. Além disso, é importante conferir fonte por fonte. “Use a inteligência artificial para otimizar seu tempo, para não começar o seu roteiro com uma planilha ou papel em branco. Confira todas as informações ou então procure um profissional especializado.”, finaliza Mariah Sathler. 



Mariah Sathler - consultora em inteligência artificial aplicada aos negócios e fundadora da Volura AI. Com formação executiva em Inteligência Artificial pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts - EUA) e mais de sete anos de experiência no setor de tecnologia, atua como parceira de transformação para empresas que desejam adotar a IA de forma estratégica. Sua metodologia combina diagnóstico de processos, capacitação de equipes e implementação de soluções personalizadas.
https://www.instagram.com/mariahsathler/
https://www.instagram.com/volura.ai/

 

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