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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Anvisa proíbe fabricação de três suplementos irregulares no Brasil; especialistas alertam para riscos hepáticos e intoxicações

Proibição reforça que “natural” não é sinônimo de seguro; especialistas explicam como suplementos sem controle podem desencadear lesões hepáticas e intoxicações 

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, nesta terça-feira (2/12), a fabricação, venda e consumo de três suplementos no país, determinando a apreensão imediata dos produtos. Entre eles está o Erenobis, que continha ora-pro-nóbis, ingrediente vetado desde abril de 2025 por falta de evidências de segurança e eficácia. Também foram retirados do mercado o Prostatril, que usava falsamente um registro da Anvisa, e o Óliver Turbo, que atribuía efeitos terapêuticos proibidos para suplementos, como melhora de foco e desempenho nos estudos.

Suplementos sem controle de qualidade são uma das principais causas de lesões hepáticas induzidas por substâncias químicas. Segundo Dra. Patrícia Almeida hepatologista, da Sociedade Brasileira de Hepatologia, esses produtos podem desencadear quadros graves. “Suplementos sem controle de qualidade ou com composição desconhecida podem causar DILI, levando a hepatite tóxica aguda, colestase, insuficiência hepática com necessidade de transplante urgente, além de hepatite crônica e até cirrose quando o uso é contínuo.”

A médica explica que o dano ocorre porque tais produtos podem gerar estresse oxidativo, lesão mitocondrial e produção de metabólitos tóxicos, mecanismos semelhantes aos observados em intoxicações por medicamentos.


Natural não é sinônimo de seguro

Muitos consumidores acreditam que suplementos naturais são inofensivos, mas a hepatologista destaca que isso é um mito perigoso. “Natural não significa seguro. Pois, existem plantas naturalmente tóxicas ao fígado e muitas fórmulas são adulteradas com substâncias farmacológicas como anabolizantes, efedrina ou sibutramina. Além disso, não há padronização de dose, e eles podem conter metais pesados,” esclarece a médica.

Os primeiros sintomas de dano hepático tendem a ser discretos e facilmente confundidos com outras condições. “Mal-estar, fadiga intensa, náuseas, perda de apetite, urina escura, icterícia e coceira são sinais que devem acender alerta. Nos exames, é comum encontrar elevação de enzimas como ALT, AST, FA e GGT”, explica a hepatologista.


Riscos nutricionais e metabólicos

“Suplementos sem registro podem conter ingredientes proibidos, concentrações inadequadas, microrganismos, metais pesados e até fármacos escondidos no rótulo. Isso coloca o consumidor em risco de intoxicações, alergias, sobrecarga hepática e renal, além de interações perigosas com medicamentos.” Comenta Amanda Figueiredo Nutricionista Clínica pela USP.

Ela explica ainda o risco específico do ora-pro-nóbis industrializado, encontrado em um dos suplementos retirados do mercado. “Quando um ingrediente não é autorizado pela Anvisa, significa que não há comprovação científica suficiente sobre segurança e dose adequada. No caso do ora-pro-nóbis industrializado, isso inclui risco de toxicidade, efeitos gastrointestinais, alergias e sobrecarga hepática”.


Como identificar reações adversas

Dor de cabeça, náuseas, alterações no apetite, palpitações, diarreia, erupções na pele e mal-estar podem indicar reações ao suplemento. “Em casos mais graves, icterícia, urina escura e fadiga intensa podem sugerir lesão hepática. Ao notar sintomas após iniciar um suplemento, é preciso suspender imediatamente e buscar avaliação”, explica Amanda Figueiredo.


Orientações antes de suplementar

É fundamental fazer avaliação clínica e nutricional, realizar exames, verificar interações medicamentosas e confirmar qualidade e procedência do produto. “Suplemento não substitui alimentação adequada e não deve ser usado para compensar erros alimentares”, reforça a nutricionista.

Ela acrescenta. “Desconfie de promessas de emagrecimento rápido, cura ou aumento de performance, isso nunca é permitido em suplementos.”

A hepatologista Patrícia Almeida também sugere um checklist prático ao avaliar um rótulo: registro válido, CNPJ, lista completa de ingredientes, concentração exata dos ativos, ausência de alegações milagrosas e número de lote e validade.  



Amanda Figueiredo Nutricionista - Nutricionista clínica formada pela USP, pós-graduada em Saúde da Mulher e Reprodução Humana pela PUC e também especialista em emagrecimento e nutrição estética. Atende presencialmente em São Paulo e online para o mundo todo.Tem como foco o acompanhamento nutricional de mulheres em todas as fases da vida.Site: https://www.amandafigueiredo.com.br/
nutriamandafig


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