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sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Dia Mundial da Prematuridade, 17 de novembro: Brasil registra quase 300 mil prematuros ao ano especialistas explicam por que o leite materno é decisivo para garantir “começos saudáveis para futuros brilhantes”

 O Brasil segue entre os dez países com mais nascimentos prematuros no mundo; campanha de 2025 reforça cuidados humanizados e contínuos desde a UTI Neonatal até os primeiros anos de vida.

 

O Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, ganha ainda mais relevância em 2025 com o tema global “Garanta aos prematuros começos saudáveis para futuros brilhantes”. A campanha, organizada por uma rede internacional com apoio da OMS e representada no Brasil pela ONG Prematuridade.com, destaca a urgência de oferecer cuidado especializado e humanizado desde os primeiros minutos de vida de um bebê prematuro e o papel decisivo da amamentação nesse processo.

Em 2023, quase 12% dos nascimentos brasileiros ocorreram antes de 37 semanas, totalizando cerca de 300 mil bebês prematuros. A taxa supera a média global, que gira em torno de 10%, e reforça a importância do pré-natal qualificado e do cuidado neonatal estruturado. Além da assistência hospitalar, o aleitamento materno é um dos pilares que mais influenciam o desfecho desses bebês.

“O leite materno é um verdadeiro remédio natural para o bebê prematuro”, afirma Dra. Juliana Alves pediatra e neonatologista, especialista em Pediatria Integrativa e Funcional. Segundo ela, a composição do leite da mãe que teve um bebê prematuro é diferente: “Ele é mais rico em proteínas, lipídios, imunoglobulinas como IgA e fatores de defesa como lactoferrina. É uma formulação biologicamente adaptada para a imaturidade do bebê”.

Os benefícios são amplos: melhor desenvolvimento neurológico, menor risco de infecções graves como a enterocolite necrosante, maior tolerância alimentar, melhor ganho de peso e apoio essencial à formação de uma microbiota intestinal saudável, fator chave para a imunidade ao longo da vida.

Quando o prematuro ainda não consegue sugar, seja por imaturidade, baixo peso ou necessidade de suporte ventilatório, o leite ordenhado é ofertado via sonda ou copinho. Em casos em que a produção materna ainda é insuficiente, o leite pasteurizado do Banco de Leite Humano garante proteção e segurança até que a mamada direta seja possível.

“A sucção coordenada costuma surgir entre 33 e 34 semanas de idade gestacional, mas cada bebê tem seu ritmo. A transição da sonda para o peito é gradual e depende de maturidade neurológica, estabilidade clínica e apoio da equipe”, explica a neonatologista.

A presença ativa da mãe na UTI Neonatal estimulada por práticas como o método canguru e a ordenha precoce é determinante para o sucesso da amamentação. “O contato pele a pele aumenta o vínculo, reduz o estresse do bebê, melhora a estabilidade fisiológica e estimula a liberação de ocitocina, fundamental para a descida do leite”, reforça a pediatra.

Para muitas mães, porém, o início é desafiador: separação durante a internação, cansaço, dor, quadro emocional fragilizado e dificuldade para manter a produção. É nesse ponto que o suporte especializado faz toda a diferença.

Segundo Dra. Alessandra Paula fisioterapeuta, especialista em aleitamento humano e idealizadora da Clínica CRIA, a extração precoce é decisiva: “O ideal é iniciar a ordenha ainda na primeira hora pós-parto ou, no máximo, nas primeiras 24 horas. Extrair leite cerca de oito vezes ao dia e combinar bomba dupla com expressão manual ajuda a manter a produção e atingir volumes adequados para o bebê”.

Ela destaca ainda o papel da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano na segurança alimentar dos prematuros. “O leite doado reduz o risco de enterocolite necrosante e salva vidas. Além disso, os Bancos de Leite orientam, acolhem e dão suporte às famílias em um dos momentos mais difíceis do percurso neonatal”, afirma.

Após a alta, a continuidade da amamentação exige paciência, rotina e acompanhamento técnico. Os pais devem manter mamadas frequentes, evitar bicos artificiais, monitorar o ganho de peso e buscar apoio profissional sempre que necessário.
“Cada gota conta. Para um bebê prematuro, o leite materno é mais do que nutrição é proteção, recuperação, vínculo e oportunidade de desenvolvimento”, completa Alessandra.

Em um país onde a prematuridade cresce e ainda desafia a estrutura de saúde, ampliar o acesso ao aleitamento, ao cuidado humanizado e às boas práticas neonatais é fundamental para garantir que esses bebês tenham não apenas um início de vida mais seguro, mas também um futuro verdadeiramente brilhante.

  


Dra. Alessandra Paula Santos Fisioterapeuta - CREFITO 392075-F - Fisioterapeuta formada pela Universidade de Santo Amaro. Especialista em Amamentação pelo Hospital Albert Einstein. Especialista em aleitamento humano e seus obstáculos pela escola Bianca Balassiano Cursos extras em aleitamento materno nível avançado: Cirurgias mamárias, Hiperlactação, Desmame, Uso de Fitoterápicos, Síndrome de Down, Fissura Palatina. Pelo Instituto Mame Bem. Especialista em Fotobiomulação (laser e led). Terapias combinadas/Eletrotermoterapia (ultrassom e correntes elétricas) para manejo de dor e regeneração celular em pós-operatório. Especialista em Taping pós-parto e recuperação cirúrgica. Criadora do método Descomplicando a Amamentação, com mais de 500 alunos. Fundadora da Clínica Cria, única clínica do país dedicada ao aleitamento humano e cuidados com recém-nascidos.


DRA . JULIANA ALVES BARRETO RIBEIRO - CRM 112646 @DRAJUALVES . Formada na Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Residência médica em pediatria e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP. Título de Especialista em Pediatria ( TEP) pela SBP. Título de Especialista em neonatologia ( TEN) pela SBP. Pós graduação em neonatologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Atuou como médica pediatra e neonatologista no Hospital das Clínicas ( HCFMUSP) de 2008-2012. Atuou como pediatra e neonatologista no Hospital São Luiz de 2009-2019.



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