O Brasil segue entre os dez países com mais nascimentos prematuros no mundo; campanha de 2025 reforça cuidados humanizados e contínuos desde a UTI Neonatal até os primeiros anos de vida.
O
Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, ganha ainda mais
relevância em 2025 com o tema global “Garanta aos prematuros começos saudáveis
para futuros brilhantes”. A campanha, organizada por uma rede internacional com
apoio da OMS e representada no Brasil pela ONG Prematuridade.com, destaca a
urgência de oferecer cuidado especializado e humanizado desde os primeiros
minutos de vida de um bebê prematuro e o papel decisivo da amamentação nesse processo.
Em
2023, quase 12% dos nascimentos brasileiros ocorreram antes de 37 semanas,
totalizando cerca de 300 mil bebês prematuros. A taxa supera a média global,
que gira em torno de 10%, e reforça a importância do pré-natal qualificado e do
cuidado neonatal estruturado. Além da assistência hospitalar, o aleitamento
materno é um dos pilares que mais influenciam o desfecho desses bebês.
“O
leite materno é um verdadeiro remédio natural para o bebê prematuro”, afirma
Dra. Juliana Alves pediatra e neonatologista, especialista em Pediatria
Integrativa e Funcional. Segundo ela, a composição do leite da mãe que teve um
bebê prematuro é diferente: “Ele é mais rico em proteínas, lipídios,
imunoglobulinas como IgA e fatores de defesa como lactoferrina. É uma formulação
biologicamente adaptada para a imaturidade do bebê”.
Os
benefícios são amplos: melhor desenvolvimento neurológico, menor risco de
infecções graves como a enterocolite necrosante, maior tolerância alimentar,
melhor ganho de peso e apoio essencial à formação de uma microbiota intestinal
saudável, fator chave para a imunidade ao longo da vida.
Quando
o prematuro ainda não consegue sugar, seja por imaturidade, baixo peso ou
necessidade de suporte ventilatório, o leite ordenhado é ofertado via sonda ou
copinho. Em casos em que a produção materna ainda é insuficiente, o leite
pasteurizado do Banco de Leite Humano garante proteção e segurança até que a
mamada direta seja possível.
“A
sucção coordenada costuma surgir entre 33 e 34 semanas de idade gestacional, mas
cada bebê tem seu ritmo. A transição da sonda para o peito é gradual e depende
de maturidade neurológica, estabilidade clínica e apoio da equipe”, explica a
neonatologista.
A
presença ativa da mãe na UTI Neonatal estimulada por práticas como o método canguru
e a ordenha precoce é determinante para o sucesso da amamentação. “O contato
pele a pele aumenta o vínculo, reduz o estresse do bebê, melhora a estabilidade
fisiológica e estimula a liberação de ocitocina, fundamental para a descida do
leite”, reforça a pediatra.
Para
muitas mães, porém, o início é desafiador: separação durante a internação,
cansaço, dor, quadro emocional fragilizado e dificuldade para manter a
produção. É nesse ponto que o suporte especializado faz toda a diferença.
Segundo
Dra. Alessandra Paula fisioterapeuta, especialista em aleitamento humano e
idealizadora da Clínica CRIA, a extração precoce é decisiva: “O ideal é iniciar
a ordenha ainda na primeira hora pós-parto ou, no máximo, nas primeiras 24
horas. Extrair leite cerca de oito vezes ao dia e combinar bomba dupla com
expressão manual ajuda a manter a produção e atingir volumes adequados para o
bebê”.
Ela
destaca ainda o papel da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano na segurança
alimentar dos prematuros. “O leite doado reduz o risco de enterocolite
necrosante e salva vidas. Além disso, os Bancos de Leite orientam, acolhem e
dão suporte às famílias em um dos momentos mais difíceis do percurso neonatal”,
afirma.
Após
a alta, a continuidade da amamentação exige paciência, rotina e acompanhamento
técnico. Os pais devem manter mamadas frequentes, evitar bicos artificiais,
monitorar o ganho de peso e buscar apoio profissional sempre que necessário.
“Cada gota conta. Para um bebê prematuro, o leite materno é mais do que
nutrição é proteção, recuperação, vínculo e oportunidade de desenvolvimento”,
completa Alessandra.
Em um país onde a prematuridade cresce e ainda desafia a estrutura de saúde, ampliar o acesso ao aleitamento, ao cuidado humanizado e às boas práticas neonatais é fundamental para garantir que esses bebês tenham não apenas um início de vida mais seguro, mas também um futuro verdadeiramente brilhante.
Dra. Alessandra Paula Santos Fisioterapeuta - CREFITO 392075-F - Fisioterapeuta formada pela Universidade de Santo Amaro. Especialista em Amamentação pelo Hospital Albert Einstein. Especialista em aleitamento humano e seus obstáculos pela escola Bianca Balassiano Cursos extras em aleitamento materno nível avançado: Cirurgias mamárias, Hiperlactação, Desmame, Uso de Fitoterápicos, Síndrome de Down, Fissura Palatina. Pelo Instituto Mame Bem. Especialista em Fotobiomulação (laser e led). Terapias combinadas/Eletrotermoterapia (ultrassom e correntes elétricas) para manejo de dor e regeneração celular em pós-operatório. Especialista em Taping pós-parto e recuperação cirúrgica. Criadora do método Descomplicando a Amamentação, com mais de 500 alunos. Fundadora da Clínica Cria, única clínica do país dedicada ao aleitamento humano e cuidados com recém-nascidos.
DRA . JULIANA ALVES BARRETO RIBEIRO - CRM 112646 @DRAJUALVES . Formada na Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Residência médica em pediatria e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP. Título de Especialista em Pediatria ( TEP) pela SBP. Título de Especialista em neonatologia ( TEN) pela SBP. Pós graduação em neonatologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Atuou como médica pediatra e neonatologista no Hospital das Clínicas ( HCFMUSP) de 2008-2012. Atuou como pediatra e neonatologista no Hospital São Luiz de 2009-2019.
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