No tabuleiro de xadrez corporativo, a peça do CEO, muitas vezes, é a que cai primeiro. Afinal, quando uma empresa enfrenta cenários difíceis como uma crise, queda nos lucros ou um projeto que fracassa, é a cabeça deste executivo que costuma ficar na mira como o culpado pela situação. É claro que alguns erros podem levar à demissão de um profissional, porém, em uma cadeira tão importante como essa para comandar o sucesso do negócio, ter uma gestão mais rígida nesse sentido pode dificultar seu progresso e conquistas, algo que precisa ser repensado para aquelas que quiserem alcançar resultados cada vez melhores.
A famosa frase de que “com grandes poderes, vêm
grandes responsabilidades” se encaixa perfeitamente ao CEO. Isso porque, se
alguma meta é batida pelas equipes, a boa liderança e comando por parte deste
executivo é celebrada. Entretanto, se um prejuízo é notado, ele é quem costuma
ser o primeiro questionado e responsabilizado pela falha. Uma saia justa de
todos que ocupam essa ponte solitária da pirâmide.
Para piorar, segundo uma pesquisa da Harvard
Business Review, 55% dos CEOs reconhecem vivenciar crises moderadas, porém
significativas, de solidão. Ou seja, além de muitos não sentirem que têm uma
rede de apoio internamente em sua jornada, o fato de estarem inseridos em um
ambiente corporativo com uma cultura organizacional rígida que não tolera o
erro cria enormes barreiras para a progressão empresarial, gerando receios em
estabelecer estratégias e processos diferentes que possam gerar danos bastante
negativos que levem à sua demissão.
Se uma organização deseja registrar bons resultados,
seu mindset de gestão deve ser o oposto, permitindo e
incentivando que o CEO inove, arrisque e tente, mesmo sabendo da possibilidade
de que não dê certo. Uma cultura que estimula o risco em função de resultados
extraordinários e busca alternativas para isso, sabendo que terão acertos ou
erros, pode registrar um crescimento muito mais significativo e destaque frente
aos concorrentes.
Assim, mesmo que, no final do dia, o executivo
acabe, de fato, sendo cobrado pelo que pode não ter sido o resultado esperado,
ainda haverá uma maior chance de que construa estratégias e resoluções mais
eficazes em conjunto com suas equipes, sem barrar ideias criativas por medo de
fortes represálias. Algo que deve ser alinhado com máxima clareza e
transparência desde o primeiro contato entre as partes.
Ao mesmo tempo em que existem executivos com um
perfil mais audacioso, sempre há aqueles mais conservadores em suas tomadas de
decisão. Nenhum deles está mais certo do que o outro, uma vez que cada um
encontrará um ambiente mais propício e adequado ao seu estilo para que se sinta
confortável em realizar suas funções.
Por isso, é fundamental que, ao receber uma nova
proposta, o CEO busque compreender, ao máximo, a cultura dessa empresa, seu
estilo de gestão e se há um alinhamento e coerência com o seu próprio perfil e
anseios profissionais. É preciso ter muita sagacidade neste momento inicial,
conversando, também, com aqueles que trabalham no local para analisar a maior
quantidade possível de percepções sobre aquela organização.
O próprio executivo precisa ser proativo em
descobrir essas respostas, assegurando que os ideais de ambas as partes estão
alinhados e evitando, com isso, um choque de perfil que traga insatisfações
para todos os envolvidos. Desta forma, as chances de ter um melhor rendimento
em seu cargo serão, certamente, maiores, estando em um local que tenha
aderência ao seu estilo e no qual consiga se flexibilizar para atingir as metas
desejadas.
Nenhuma empresa deseja ver que seus resultados
estão sendo prejudicados, mas, nem sempre, um erro cometido deve justificar uma
demissão de um CEO. Cada caso deverá ser muito bem analisado e ponderado, para
que saibam como se recuperar diante de um cenário preocupante tendo um bom
capitão que guie frente aos novos horizontes a serem explorados para o
crescimento corporativo próspero.
Ricardo Haag - headhunter e sócio da Wide Executive Search, boutique de recrutamento executivo focado em posições de alta e média gestão.
Wide
https://wide.works/
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