Especialista em viagens corporativas analisa impactos da medida e como
empresas podem se preparar para novas cobranças
A cada ano, destinos turísticos ao redor do mundo enfrentam um aumento
significativo no número de visitantes, o que gera impactos sociais, econômicos
e ambientais. Em resposta ao fenômeno do overtourism (turismo
excessivo), diversas cidades e países da Europa e Ásia vêm adotando a
cobrança de taxas específicas para turistas, como forma de controlar o fluxo de
visitantes e financiar a infraestrutura local.
O modelo já está em vigor em destinos como Veneza, Barcelona, Berlim,
Amsterdã, Butão e Japão, e as tarifas variam de alguns euros por dia até
cifras mais elevadas, como no caso do Butão, onde turistas devem pagar US$
200 por dia para visitar o país.
Segundo especialistas, embora a intenção seja tornar o turismo mais
sustentável e minimizar impactos, as taxas ainda não se mostraram um fator
determinante para a redução do volume de visitantes. Em Barcelona, por
exemplo, mesmo com a taxa de hospedagem chegando a 7,50 euros por dia, o
turismo segue em alta, e a cidade arrecada cerca de 100 milhões de euros por ano
apenas com essa cobrança.
"A tendência global de taxação do turismo é um reflexo da
necessidade dos destinos de equilibrar o desenvolvimento econômico com a
preservação de sua infraestrutura e qualidade de vida para os moradores.
Empresas que enviam colaboradores para viagens internacionais precisam estar
atentas a esses custos extras, pois eles impactam diretamente o orçamento
corporativo", explica Wilson Silva, diretor de marketing e tecnologia
da R3 Viagens.
Como a Taxa do Turista Afeta Empresas e Viajantes Corporativos
Para turistas convencionais, as taxas podem representar um pequeno
acréscimo no custo da viagem, mas para empresas que realizam viagens
internacionais frequentes, esse impacto pode ser mais significativo. No caso de
viagens corporativas, onde equipes participam de feiras, eventos ou reuniões em
destinos estratégicos, esses custos adicionais devem ser considerados no
planejamento orçamentário.
"As empresas precisam estar cientes dessas cobranças para evitar
surpresas e garantir uma gestão eficiente dos custos de deslocamento. No caso
de eventos corporativos, por exemplo, a escolha do destino passa a exigir uma
análise mais detalhada, considerando não apenas passagens e hospedagem, mas
também taxas adicionais", alerta Wilson.
Principais Destinos que Cobram Taxas de Turismo
Diversas cidades já aplicam a taxa do turista, e algumas estão ampliando
sua cobrança. Entre os principais exemplos estão:
- Butão: Taxa de US$ 200 por dia
para cada visitante.
- Veneza: Cobrança de 5 a 10
euros para turistas que visitam a cidade sem pernoitar.
- Barcelona: Taxa de hospedagem de até 7,50
euros por dia.
- Maiorca: Cobrança de até 6 euros
por dia na alta temporada.
- Berlim: Taxa de 7,5% sobre o
valor da hospedagem.
- Amsterdã: Imposto de 12,5% sobre
o valor da diária.
A arrecadação dessas taxas é, em teoria, destinada à manutenção da
infraestrutura turística, preservação ambiental e desenvolvimento de projetos
sustentáveis. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de
transparência no uso desses fundos.
"Muitos viajantes aceitam pagar a taxa quando percebem que o valor
é revertido para a conservação da cidade ou para a melhoria da experiência
turística. No entanto, em alguns lugares, o destino da arrecadação ainda não
está bem definido, o que gera dúvidas e críticas", destaca Wilson.
Tendências para o Futuro: Mais Taxas Virão?
Com o crescimento contínuo do turismo global, a previsão é que mais
destinos adotem medidas semelhantes nos próximos anos. Em 2024, o Japão iniciou
discussões para implementar uma taxa turística adicional em cidades como
Quioto, onde a superlotação se tornou um problema recorrente.
Além disso, alguns governos estudam medidas mais restritivas, como limites
diários de visitantes e proibições de entrada em áreas protegidas, a fim de
minimizar o impacto ambiental.
"Empresas que organizam viagens corporativas ou eventos
internacionais devem ficar atentas às mudanças na regulamentação de cada
destino. A escolha do local para um congresso ou convenção precisa levar em
conta não apenas a logística e a infraestrutura, mas também a viabilidade
financeira diante dessas novas taxas", ressalta Silva.
Como Empresas Podem Reduzir o Impacto das Taxas Turísticas?
Diante desse cenário, empresas que realizam viagens internacionais com
frequência podem adotar algumas estratégias para minimizar os impactos das
novas taxas turísticas. Entre elas:
- Planejamento
antecipado:
Conhecer as taxas cobradas nos destinos e incluí-las no orçamento da
viagem.
- Escolha
estratégica de destinos: Optar por cidades com menor carga tributária
sobre o turismo.
- Gestão
eficiente de viagens corporativas: Contar com o suporte de uma agência
especializada que possa auxiliar na otimização de custos e na escolha dos
melhores roteiros.
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