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quinta-feira, 20 de março de 2025

Pesquisa de HPV revoluciona rastreio de câncer do colo do útero e amplia acesso à saúde da mulher

Nova abordagem aumenta a sensibilidade na detecção, permite maior intervalo entre exames e viabiliza autocoleta em áreas remotas

 

A saúde da mulher ganha um importante aliado com a inclusão da pesquisa de HPV como teste primário no rastreio do câncer do colo do útero, uma mudança que amplia a sensibilidade na detecção precoce da doença e possibilita um maior intervalo entre os exames em casos negativos. Considerada mais eficiente que o Papanicolaou, a pesquisa de HPV permite identificar o vírus antes mesmo da manifestação de alterações celulares, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido e a redução da mortalidade. 

“O teste de HPV apresenta uma sensibilidade muito maior em relação ao exame citológico tradicional. Isso significa que ele é capaz de identificar um número maior de casos, inclusive em estágios iniciais, quando o tratamento é muito mais efetivo e a cura mais provável”, explica o biólogo José Eduardo Levi, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). “Além disso, a maior sensibilidade do exame permite que, em casos negativos, o intervalo para a repetição do rastreio possa chegar a cinco anos, uma mudança significativa para os programas de saúde pública”, reforça. 

Outra inovação que acompanha a introdução da pesquisa de HPV é a autocoleta, uma estratégia especialmente relevante para ampliar a cobertura do rastreio em regiões remotas ou entre mulheres que enfrentam barreiras para acessar os serviços de saúde. Nesse método, a própria paciente realiza a coleta do material biológico, que posteriormente é encaminhado para análise em laboratório por meio de testes moleculares. “A autocoleta se mostra uma ferramenta promissora para alcançar mulheres que não participam dos programas de rastreio, desde que esteja associada a testes de biologia molecular, como o de HPV”, acrescenta Levi. 

Outro aspecto essencial da saúde da mulher é a avaliação da terapia de reposição hormonal (TRH), que pode ser benéfica para mulheres que enfrentam sintomas da menopausa. “A decisão de iniciar a TRH deve ser individualizada, levando em consideração os sintomas da paciente, seu perfil de risco e o tempo desde o início da menopausa. Ela é eficaz no tratamento de sintomas como fogachos, ressecamento vaginal e problemas urinários, além de prevenir fraturas relacionadas à osteoporose”, explica Pedro Saddi, endocrinologista e patologista clínico da SBPC/ML. 

Os benefícios a longo prazo da TRH incluem a redução do risco de doenças cardiovasculares e até mesmo menor mortalidade geral, especialmente quando iniciada antes dos 60 anos ou dentro dos primeiros 10 anos após a menopausa. “Há também evidências de que a TRH pode reduzir o risco de câncer colorretal e melhorar a qualidade de vida. No entanto, é fundamental considerar os riscos, como o aumento da chance de câncer de mama e eventos tromboembólicos, ainda que raros, na decisão de iniciar esse tratamento”, ressalta Saddi. 

A falta de diálogo entre médicos e pacientes sobre a TRH pode estar relacionada à complexidade dos dados sobre benefícios e riscos, além da limitação de tempo nas consultas. “Para melhorar esse cenário, é essencial adotar estratégias de comunicação eficazes que promovam a tomada de decisão compartilhada. Isso inclui ouvir as preocupações das pacientes, apresentar evidências de forma acessível e fornecer informações equilibradas sobre riscos e benefícios”, reforça Saddi. 

Saddi alerta que mulheres com mamas densas devem ter atenção especial. A mamografia continua sendo o principal exame para o rastreio do câncer de mama, mas mulheres com mamas densas precisam de uma abordagem mais cuidadosa. “Mamas densas tornam a visualização de nódulos mais desafiadora. Nesses casos, a cautela deve ser a mesma, mas podem ser necessários exames complementares, como ultrassonografia de mamas ou ressonância magnética de mamas”, explica Saddi.
 

Exames essenciais para cada fase da vida 

Aliados fundamentais na prevenção e diagnóstico precoce de diversas doenças, os exames de rotina devem acompanhar as diferentes fases da vida da mulher. Além da pesquisa de HPV e do Papanicolau, outros testes laboratoriais ajudam a garantir a saúde feminina, como sorologia para hepatites, HIV, glicemia, colesterol, triglicerídeos e exames de função tireoidiana (TSH). O rastreio de câncer de mama por mamografia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes para o diagnóstico precoce de câncer de intestino também são essenciais. 

“A realização periódica dos exames, sempre com orientação médica, é uma estratégia fundamental para garantir a longevidade saudável da mulher, uma vez que muitas doenças podem ser tratadas com alto índice de sucesso quando diagnosticadas precocemente”, destaca Levi. “O patologista clínico desempenha um papel central nesse processo, supervisionando a qualidade dos testes, interpretando resultados e orientando a conduta médica para garantir a melhor abordagem diagnóstica para cada paciente.” 

A SBPC/ML reforça a importância da conscientização sobre a prevenção e a realização de exames de rotina como ferramentas fundamentais para a promoção da saúde feminina e a redução das taxas de mortalidade por doenças evitáveis.

 

SBPC/ML - Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial



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