Neurocientista explica como doença afeta o cérebro e se é possível prever o quadro
De
acordo com o Relatório Nacional sobre demência, divulgado pelo Ministério da
Saúde, estima-se que até 2050, cerca de 5,6 milhões de brasileiros sejam
diagnosticados com a doença. Atualmente, 8,5% da população com 60 anos ou mais
convivem com o diagnóstico, representando um número aproximado de 2,71 milhões
de casos. A neurocientista da BrainEstar, Drª Emily Pires, explica como a
doença afeta o cérebro e se é possível prever o quadro.
A
demência é uma síndrome neurodegenerativa caracterizada pela deterioração
progressiva das funções cognitivas, como memória, atenção, linguagem e
raciocínio, que interfere na capacidade de realizar atividades diárias. Essa
deterioração ocorre devido a processos como acúmulo de proteínas anormais (como
beta-amiloide e tau), inflamação crônica e redução no fluxo sanguíneo cerebral,
resultando em danos irreversíveis.
“No
cérebro, as demências estão associadas à perda de células nervosas (neurônios)
e à disfunção de suas conexões, especialmente em regiões como o hipocampo
(responsável pela memória) e o córtex cerebral (ligado ao pensamento e
comportamento). A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, seguida
por demências vasculares, frontotemporais e outras condições”, esclarece Emily
Pires, acrescentando que em muitos casos é possível identificar sinais precoces
de risco.
“Exames
como qEEG (eletroencefalograma quantitativo), neuroimagem funcional (como
ressonância magnética), avaliação genética e biomarcadores no líquido
cefalorraquidiano podem fornecer indícios. Além disso, fatores como histórico
familiar, doenças crônicas (hipertensão, diabetes) e comportamentos de risco
(sedentarismo, má alimentação) aumentam a probabilidade de desenvolvimento da
demência. É importante lembrar ainda que mudanças cognitivas sutis e
subjetivas, conhecidas como comprometimento cognitivo leve (CCL), podem ser
preditores de demência em estágio inicial. Por isso, a avaliação neurológica
periódica é essencial”, informa.
Segundo
a especialista, o diagnóstico precoce é crucial para realizar intervenções
antecipadas, um planejamento médico e familiar e para pesquisa de novos
tratamentos. “O diagnóstico precoce permite que sejam realizadas estratégias
para retardar a progressão da doença, como mudanças no estilo de vida,
medicações e terapias cognitivas, além disso, quanto antes as alterações
cerebrais forem identificadas, maior será a janela para atuar sobre fatores
modificáveis”, comenta, alertando a importância da realização de técnicas como
o neurofeedback para minimizar os sintomas da doença.
“O
neurofeedback, uma técnica de treinamento cerebral baseado na autorregulação da
atividade elétrica do cérebro, é uma ferramenta promissora para ajudar no
manejo da demência. Embora ele não cure a doença, possui uma série de
benefícios como a estimulação cognitiva, promovendo a neuroplasticidade e
ajudando o cérebro a reorganizar suas funções; a redução de sintomas como
ansiedade e depressão; melhora da qualidade do sono, além de ajudar a lidar com
a memória de curto prazo, oferecendo aos pacientes uma maior independência no
início da progressão da doença”, afirma Emily.
BrainEstar
www.brainestar.com.br
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