Professor da Unifesp destaca a importância de
considerar dívidas atuais e demandas recorrentes do início do ano para melhor
aplicação de recursos extras
Para muitas
pessoas, o fim de ano é marcado por importantes decisões a serem tomadas no
campo das finanças. Muitos trabalhadores recebem a parcela final do 13º
salário, alguns recebem outros benefícios, como a Participação nos Lucros e
Resultados (PLR), e a dúvida que surge é qual a melhor destinação para essa
renda adicional.
“Não se pode
deixar enganar. A renda adicional que aparece no final do ano também vem
acompanhada do aumento de despesas logo no início do ano que se aproxima, o que
exige bastante cautela e um rigoroso planejamento financeiro”, alerta Joelson
Oliveira Sampaio, economista e professor da Escola Paulista de Política,
Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (EPPEN/Unifesp).
Ter claro quais e
quantas são as dívidas é o passo inicial na elaboração do planejamento.
“Dívidas com cartões, pagamentos em atraso e todos os outros tipos de
pagamentos pendentes devem ser listados. Custos do início do ano com impostos
como IPTU e IPVA ou ainda matrícula e material escolar também podem e devem ser
provisionados, ainda que não se saiba o valor exato neste momento, mas que
ajudam a visão geral do que está por vir”, diz Sampaio.
Outra conta comum
em muitos lares é o financiamento, seja ele de veículo ou de imóvel. “Esse
gasto, normalmente já incorporado aos custos mensais de cada pessoa, pode
também ser inserido no planejamento de início de ano. Isso porque, caso a
pessoa consiga quitar as dívidas e ainda sobre um recurso, ela pode utilizá-lo,
por exemplo, na amortização do financiamento”, destaca Sampaio.
Nesse cenário, o
professor da Unifesp explica as duas alternativas possíveis. “Uma é a
amortização com redução do valor das parcelas a serem pagas, opção mais viável
para quem precisa diminuir o tamanho do aperto orçamentário. A outra
alternativa, mais vantajosa, é a amortização com diminuição do prazo, uma vez
que, além da redução do saldo devedor, há redução de parcelas e,
consequentemente, menos encargos, taxas de administração e taxa de seguro
cobradas todo mês junto com as parcelas”. Contudo, reforça Sampaio, “não
adianta amortizar e depois se endividar com pagamentos por falta de recursos”.
A preocupação com
o planejamento orçamentário mostra-se cada vez mais essencial em um cenário de
elevado endividamento das famílias brasileiras. O percentual de famílias com dívidas
em atraso atingiu 30% em setembro deste ano, de acordo com a Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Trata-se da maior
proporção da série histórica da pesquisa iniciada em 2010 pela entidade.
Segundo dados da
CNC, o endividamento das famílias mais pobres, aquelas que ganham menos de dez
salários mínimos, chegou a 80,3% - primeira vez em que a parcela supera os 80%.
Entre os tipos de
dívida que mais cresceram em relação a setembro do ano passado, estão cartões
de crédito (que subiu de 84,6% para 85,6% do total de dívidas), carnês de loja
(de 18,8% para 19,4%) e cheque especial (de 4,6% para 5,2%).
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