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sábado, 15 de outubro de 2022

É hora de planejar as finanças de 2023

Professor da Unifesp destaca a importância de considerar dívidas atuais e demandas recorrentes do início do ano para melhor aplicação de recursos extras


Para muitas pessoas, o fim de ano é marcado por importantes decisões a serem tomadas no campo das finanças. Muitos trabalhadores recebem a parcela final do 13º salário, alguns recebem outros benefícios, como a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), e a dúvida que surge é qual a melhor destinação para essa renda adicional.

“Não se pode deixar enganar. A renda adicional que aparece no final do ano também vem acompanhada do aumento de despesas logo no início do ano que se aproxima, o que exige bastante cautela e um rigoroso planejamento financeiro”, alerta Joelson Oliveira Sampaio, economista e professor da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (EPPEN/Unifesp).

Ter claro quais e quantas são as dívidas é o passo inicial na elaboração do planejamento. “Dívidas com cartões, pagamentos em atraso e todos os outros tipos de pagamentos pendentes devem ser listados. Custos do início do ano com impostos como IPTU e IPVA ou ainda matrícula e material escolar também podem e devem ser provisionados, ainda que não se saiba o valor exato neste momento, mas que ajudam a visão geral do que está por vir”, diz Sampaio.

Outra conta comum em muitos lares é o financiamento, seja ele de veículo ou de imóvel. “Esse gasto, normalmente já incorporado aos custos mensais de cada pessoa, pode também ser inserido no planejamento de início de ano. Isso porque, caso a pessoa consiga quitar as dívidas e ainda sobre um recurso, ela pode utilizá-lo, por exemplo, na amortização do financiamento”, destaca Sampaio.

Nesse cenário, o professor da Unifesp explica as duas alternativas possíveis. “Uma é a amortização com redução do valor das parcelas a serem pagas, opção mais viável para quem precisa diminuir o tamanho do aperto orçamentário. A outra alternativa, mais vantajosa, é a amortização com diminuição do prazo, uma vez que, além da redução do saldo devedor, há redução de parcelas e, consequentemente, menos encargos, taxas de administração e taxa de seguro cobradas todo mês junto com as parcelas”. Contudo, reforça Sampaio, “não adianta amortizar e depois se endividar com pagamentos por falta de recursos”.

A preocupação com o planejamento orçamentário mostra-se cada vez mais essencial em um cenário de elevado endividamento das famílias brasileiras. O percentual de famílias com dívidas em atraso atingiu 30% em setembro deste ano, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Trata-se da maior proporção da série histórica da pesquisa iniciada em 2010 pela entidade.

Segundo dados da CNC, o endividamento das famílias mais pobres, aquelas que ganham menos de dez salários mínimos, chegou a 80,3% - primeira vez em que a parcela supera os 80%.

Entre os tipos de dívida que mais cresceram em relação a setembro do ano passado, estão cartões de crédito (que subiu de 84,6% para 85,6% do total de dívidas), carnês de loja (de 18,8% para 19,4%) e cheque especial (de 4,6% para 5,2%).


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