Estudos indicam
que casos de demência podem triplicar até 2050; esquecimento nem sempre está
presente entre os pri meiros sintomas da doença
Alzheimer é a mais comum das demências neurodegenerativas nos idosos, principalmente após os 85 anos
Créditos: envato
Albanita Bauer foi diagnosticada com doença de
Alzheimer há pouco mais de 4 anos. Neste tempo, perdeu parte de lembranças
importantes da vida, mas nunca esqueceu do marido, Izan, com quem é casada há
mais de seis décadas. Recentemente, quando ele precisou ser internado por
problemas cardíacos e covid-19, no Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba
(PR), ela ficou em casa perguntando o tempo todo onde estava o namorado,
a que horas ele chegaria. “O amor que ela sente pelo meu pai é algo que o
Alzheimer não conseguiu apagar”, conta a filha Patrícia.
O esquecimento é o sintoma mais conhecido do
Alzheimer, mas nem sempre acompanha a doença. O comprometimento da memória,
principalmente em relação aos fatos mais recentes, existe, mas, muitas vezes, a
apatia, depressão, alteração na linguagem e dificuldades para realizar tarefas
do dia a dia podem ser os sinais iniciais da doença. Quanto mais avançada, mais
comum é o paciente ter maior irritabilidade, agressividade, desconfiança
excessiva, passividade e tendência ao isolamento. Por isso, médicos afirmam que
é preciso pesquisar a doença, muito antes que ela apareça.
“É um combo. Existem fatores genéticos, mas a
qualidade de vida também influencia no surgimento da doença. Quem praticou
atividade física aeróbica de forma constante, evolui menos com o Alzheimer,
assim como as pessoas com maior escolaridade. Estudos já nos mostram que a
doença tem o fator genético, mas o ambiental também interfere”, explica o
neurologista do Hospital Marcelino Champagnat, Gustavo Franklin.
Números
Em 2019, o número estimado de casos de demência no
mundo era maior que 57,4 milhões. Se levarmos em conta que a cada três segundos
uma pessoa desenvolve essa síndrome, o número deve triplicar até 2050. E muitos
desses casos podem receber o diagnóstico tardio, isto é, após o isolamento da
pandemia, que interrompeu os acompanhamentos de rotina.
O Alzheimer é a mais comum das demências
neurodegenerativas nos idosos, principalmente após os 85 anos. Ainda sem causa
definida, essa doença acontece quando há alteração no processamento de
proteínas específicas do sistema nervoso central. Dessa forma, passam a surgir
fragmentos de proteínas mal cortadas e tóxicas, não apenas dentro dos
neurônios, mas também no espaço entre eles. Essa toxicidade é capaz de gerar
perda progressiva dos neurônios.
Após o diagnóstico, é fundamental manter a terapia
medicamentosa, mas também oferecer estímulos físicos, psicológicos,
fonoaudiologia e hábitos adequados de sono. “Uma rotina bem estabelecida ajuda
a pessoa com Alzheimer”, complementa Franklin.
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