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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

'Quiet quitting' e 'quiet firing': é possível resolver esse conflito entre funcionário e empresa?

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Especialista em Comunicação Empresarial destrincha sobre falhas no diálogo institucional

 

O recente, porém, impactante termo ‘quiet quitting’ (que significa ‘demissão silenciosa’ na tradução do inglês), vem tomando as redes sociais e publicações na mídia nas últimas semanas, principalmente no TikTok.

O termo, cunhado por usuários do Reddit durante a pandemia, ganhou tração e cada vez mais visibilidade por ser considerada uma ‘resposta’ as condições de trabalho não favoráveis, principalmente nos Estados Unidos. Basicamente, consiste em um colaborador fazer apenas o necessário para manutenção do emprego, sem nenhum esforço a mais do que lhe é pago, e se tornou um movimento comum entre pessoas das gerações Z e Millenials.

Recentemente, como uma solução, empresas ainda adotaram o ‘quiet firing’ (demitir silenciosamente), onde gradualmente se cria um ambiente de trabalho insustentável, que force o colaborador a sair. “O que, na minha opinião, está longe de um recurso viável para resolver o reflexo de uma insatisfação em grande escala, onde o colaborador procura apenas trabalhar conforme o acordado, nem mais, nem menos,” comenta Fabiana Teixeira, especialista em Comunicação Empresarial, que já trabalhou com muitas empresas e profissionais para resolver falhas em sua comunicação.

Para Fabiana, esse é o ‘X’ da questão, e onde se desencontram líderes e colaboradores: uma comunicação efetiva, que não envolve apenas falar, mas também escutar. “Esse é um movimento de ruptura, um momento de oportunidade para reflexão, um ‘presta atenção’ para gestores e empresários. O grito silencioso dos jovens por uma transformação ainda mais radical do mindset, que procura viver para se dedicar a outras atividades além do trabalho, e assim cultivar uma boa saúde mental,” ela explica.

A especialista acredita que ambos os fenômenos mostram que existe um buraco neste diálogo, e a conversa entre empregado e empregador se torna apenas focada na rotina, na meta e no resultado, o que não cria um ambiente de trabalho saudável e pode forçar pessoas à um nível de produção insustentável.

“Pode ser uma realização desconfortável para muitos, principalmente depois de tanto tempo aplicando um mesmo formato. Mas as pessoas estão pedindo, mesmo que de maneira silenciosa, por um tratamento humanizado”, ela pontua. “Querendo ou não, estamos evoluindo como sociedade e o novo mundo do trabalho exige diálogos mais transparentes sobre os indivíduos que compõe uma instituição.”

Ela explica que o que resta entre o ‘quiet quitting’ e o ‘quiet firing’ é apenas o silêncio entre as partes, o que não leva a nenhuma solução, e apenas gera antipatia. Para Fabiana, para que haja mudança é preciso dialogar, se comunicar com o outro, e isso só acontece com o amadurecimento do senso de coletividade. “E essa transformação para a visão humanizada vem gerando resultados positivos e comprovados para empresas no mundo todo.”

Ela exemplifica o levantamento do Empresas Humanizadas, divulgado em 2019, que mostrou 225% mais engajamento entre os colaboradores, e 240% maior fidelização de clientes em organizações do tipo.

“O líder precisa entender o seu time, e conforme o tempo passa isso significa um alinhamento da cultura organizacional. O ‘a mais’ do colaborador deve ser conversado e recompensado, devemos incentivar e respeitar os limites da dinâmica trabalho/vida, para evitar o esgotamento. Um protesto silencioso é sinônimo da falha em ouvir, e essa correção é essencial para caminharmos juntos em frente,” finaliza Fabiana.

 

Fabiana Teixeira - jornalista formada pela PUC-SP e tem experiência como repórter em emissoras como Record TV, TV Bandeirantes, Rede TV e TV Cultura. Também é especialista em Comunicação Empresarial, Branding e posicionamento de marcas pela ESPM e Marketing Digital pela Universidade de Columbia, em Nova York.
Instagram: @fabireporter / Site: www.fabireporter.com.br
 

 

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