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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Mitos x verdades sobre a mamografia

Às vésperas do mês de conscientização sobre o câncer de mama, a médica ginecologista e mastologista Daniele Duarte tranquiliza mulheres quanto ao exame que contribui para detectar a doença

 

A radiação da mamografia é perigosa? Como não tenho casos de câncer de mama na família, não preciso fazer o exame? Quem tem silicone não pode fazer? O autoexame substitui a radiografia das mamas? Vivemos em um mundo completamente digital, que tem seus benefícios enquanto propagar informações relevantes, incentivar uma campanha de nível mundial como a de conscientização do câncer de mama, mas que também pode proliferar o medo e inverdades. E isso tem acontecido com a mamografia, que é uma grande aliada das mulheres para detecção precoce da doença.

As “fake news” estão bombando nas redes sociais, inclusive sobre o tema câncer. Muito disso pode ser reconhecido como um absurdo à primeira vista. Outras parecem sérias no início e, apesar de não resistirem por muito tempo, geram dúvidas e desencorajam a possibilidade de tratar uma doença em estágio inicial.

Qual é a verdade real para esses mitos modernos? A mastologista Drª Daniele Duarte selecionou alguns questionamentos recorrentes e os categorizou entre mitos e verdades, para que mulheres possam cada vez mais seguir o conselho médico e detectar um possível quadro da doença precocemente, uma vez que ela acomete uma em oito mulheres, mas tem mais de 90% de cura.

 

  • O exame expõe o paciente à radiação nociva?

Mito! 

Raios-X repetidos podem ser perigosos para a saúde. No entanto, as mamografias usam um nível muito baixo de radiação, e o perigo representado por elas é muito pequeno. Embora os benefícios da mamografia geralmente superem os riscos, as mulheres devem conversar com seu médico sobre a necessidade de cada raio-X.

Ela não tem o poder de prevenir o surgimento do tumor. E ao contrário do que por vezes circula na internet, um exame de mamografia não é capaz de aumentar a chance de câncer de mama. A mamografia leva a uma exposição de 0,7 mSv (a unidade usada para medir efeitos biológicos da radiação). A quantidade de radiação que uma pessoa recebe naturalmente de outras fontes de luz (artificial, solar etc.) durante um ano é 4-5x esse valor.

“Essa mesma exposição da mamografia equivale a poucas horas sob a luz solar em um dia de verão, por exemplo. Ou ainda a duas viagens de 10 horas de avião, ida e volta”, explica a médica.

 

  • Não é recomendado realizar a mamografia antes dos 40 anos?

Verdade.

A mamografia antes dos 40 anos perde o seu intuito primordial, pois o exame não tem a precisão para detectar alterações, ou quando detecta, elas são inespecíficas. 

“Precisamos lembrar que, como todo exame em medicina, existe uma capacidade própria dele em detectar anormalidades, que chamamos de sensibilidade. A sensibilidade da mamografia varia de 46% a 88%, segundo estudos, um dos principais determinantes é a densidade mamária, que é sabidamente maior quanto mais jovem a mulher. Mamas mais densas são mais difíceis de se detectar alterações, e por isso a sensibilidade do exame cai”, esclarece Daniele.

Vale lembrar que aqui estamos abordando as mulheres que não tem história de câncer de mama na família e nem tem alto risco para esse tipo de tumor. No caso das mulheres com parentes de primeiro grau com essa doença, a mamografia pode ser sim indicada antes dos 40 anos.

 

  • Os implantes cobrem o tecido mamário, então não faz sentido fazer uma mamografia?

Mito!

Os médicos costumam ouvir de mulheres que acreditam erroneamente que implantes mamários e mamografias não combinam. A verdade é que ter implantes mamários não deve impedir que você faça uma mamografia.

Há uma desvantagem em ter implantes mamários quando se trata de imagens de mama. Os raios-x usados em mamografias não podem passar por implantes de silicone o suficiente para ver a área de tecido mamário coberta pelo implante. Mas esta não é uma razão para pular o exame.

Os técnicos de mamografia sabem exatamente o que fazer para obter as imagens que mostram o máximo de tecido mamário possível. Essas imagens extras são chamadas de visualizações de deslocamento do implante e capturam imagens melhores da parte frontal de cada mama.

 

  • Não tenho nenhum sintoma de câncer de mama ou histórico familiar, então não preciso me preocupar em fazer uma mamografia anual?

Mito!

“A FEBRASGO (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) e a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) recomendam que esse exame seja realizado por todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade, todos os anos. Caso a mulher tenha algum familiar de primeiro grau com câncer de mama, ela é considerada de alto risco, o que justifica a realização da primeira mamografia 10 anos antes da idade em que o parente descobriu o tumor (mas não antes dos 30 anos de idade)”, explica a Dra.

De acordo com a American Cancer Society, mais de 75% das mulheres que têm câncer de mama não têm histórico familiar.

 

  • O autoexame das mamas não é tão eficaz quanto a mamografia

Verdade!

Estudos demonstram que o autoexame das mamas por si só não é suficiente para reduzir o número de mortes por câncer de mama, mas é um grande aliado para detectar irregularidades. Portanto, ele não substitui a mamografia regular e exames de mama por um profissional de saúde, que são a melhor maneira de rastrear o tumor mamário.

 

  • Fiz uma mamografia ano passado, então não preciso de outra este ano. 

Mito!

Mamografia é detecção, não prevenção.“Ter o resultado de uma mamografia normal é uma ótima notícia, mas não garante que futuros exames apresentem os mesmos resultados. Fazer uma mamografia todos os anos aumenta a chance de detectar o câncer quando é pequeno e quando é mais facilmente tratado, o que também melhora a sobrevida", esclarece a Drª Daniele.

 

Dra Daniele Duarte - CRM 175.444 | RQE 84.364/91.809. Médica ginecologista e mastologista pela USP, com residência em Obstetrícia e Ginecologia e em Mastologia pela mesma instituição. Mestranda em Ciências da Saúde no Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa (IEP). Foi mastologista no Hospital  e Maternidade Sepaco e atualmente atende no Hospital Leforte Morumbi (DASA) e faz parte do time de especialistas da Alice (gestora de saúde online).


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