Talvez esse artigo não se encaixe para todas as
mulheres, mas nesses anos de trabalho terapêutico, tenho observado essa
realidade para muitas de nós.
Divulgação - Literare Books International
Buscando a conquista da “liberdade”, acabamos por
abraçar o mundo, criando padrões e estereótipos que nos adoecem e aprisionam
emocionalmente pouco a pouco.
Liberdade, em todos os contextos, vem acompanhada
de responsabilidade.
Hoje vejo mulheres excessivamente compromissadas,
tornando-se multiuso na vida, sem tempo para si, muitas vezes agindo e fazendo
aquilo que não gostam, pela necessidade de serem ou sentirem se livres. Cheias
de coisas e vazias de si mesmas, aprisionadas dentro da vida que escolheram
viver.
Aprisionadas pela necessidade da liberdade
financeira, da autonomia em relação ao homem.
Aprisionadas pela necessidade de ter uma profissão,
de ser bem-sucedida.
Aprisionadas pela necessidade de dar conta do
trabalho, dos filhos, da casa e ainda ser uma boa esposa, amante e companheira.
Aprisionadas pela necessidade do salto alto, do
cabelo penteado, das unhas feitas, da roupa da moda, da opinião das amigas,
sociedade.
É inadmissível para muitas mulheres ser somente
dona de casa ou mãe, como se esses papéis fossem desimportantes, sem valor.
Criamos essa necessidade de liberdade e nos
tornamos "máquinas de fazer coisas", numa competição inconsciente com
o masculino e esquecemos de viver de fato a feminilidade.
Acreditamos que para ter valor é preciso dar conta
de tudo, e nos sentimos vitoriosas quando em um só dia acordamos cedo, fomos
para academia, fizemos a unha, levamos o cachorro no pet, fizemos compra,
deixamos o filho na escola, fomos para o trabalho, pagamos as contas de casa,
buscamos o filho na escola, fizemos um jantar gostoso, a tarefa de casa com
filho, tiramos a roupa do varal e colocamos a outra, pensamos no almoço do dia
seguinte, tomamos aquele banho no capricho e tiramos um tempinho para o marido.
Não existe liberdade real se não vier dos
sentimentos.
A liberdade real consiste em estar plena e
realizada sem a prisão do salto alto, do batom vermelho, da conta particular
cheia de dinheiro, do guarda-roupas com tantas opções.
Liberdade real é decidir cuidar da casa, dos filhos
e estar feliz com isso, não se deixando levar pelos padrões sociais.
Mas é também, trabalhar fora e estar realizada e em
paz.
É não cobrar tanto a condição de ser
multifuncional.
É se permitir "curtir" uma gripe ou uma
dor de cabeça sem a exigência de fazer todas as tarefas que estavam programadas
para o seu dia.
É se permitir ser frágil de vez em quando e ganhar
um colo também.
É decidir ter filhos e dedicar atenção exclusiva a
eles pelo tempo que quiser.
É decidir não ter filhos ou então ter no seu tempo,
sem que os padrões externos sejam influência determinante para isso.
É não exigir perfeição, independência, e
autossuficiência a qualquer preço.
Na nossa busca por igualdade, deixamos de lado a
nossa real feminilidade. Não precisamos ser o sexo frágil, no entanto, não é
preciso trocar a sensibilidade, docilidade, poder de sedução e afabilidade,
pelo estresse, irritabilidade, e por todas as cargas emocionais que o excesso
de tarefas é causador.
Se estamos livres para viver, exercer tudo que
quisermos e pagamos um alto preço emocional por isso, significa que ainda
estamos presas, aprisionadas na ilusão de liberdade.
Danieli Santos - Terapeuta Transpessoal Consciencial. Autora do livro “A luz em
minha vida”, pela Literare Books International.
Nenhum comentário:
Postar um comentário