Rodrigo Salvetti, professor do curso de Biologia do CEUNSP, explica como as mudanças ambientais interferem na saúde humana e o que precisa ser feito
Nesta segunda (05/09), comemora-se o Dia da
Amazônia, a data tem o objetivo de trazer à tona a atenção da população
para uma das maiores reservas naturais do planeta. E nos dias atuais, se faz
cada vez mais necessário falar dessa preservação que vem sofrendo inúmeros
impactos.
Essas causas e impactos ambientais vêm sendo pautas
evidentes na atualidade. Diversas são as mudanças que estão acontecendo com os
desmatamentos, devastação de biomas, secas e inundações alternadas, poluição
atmosférica, crimes socioambientais, aquecimento global, mudanças climáticas e
outros. Mas o que muitos não imaginam é que as mudanças ambientais no planeta
podem afetar a saúde humana.
Segundo Rodrigo Salvetti, professor do
curso de Biologia do Centro Universitário N. Senhora do Patrocínio (CEUNSP), as
mudanças climáticas estão alterando o modo como os eventos meteorológicos atuam
sobre a superfície da Terra. “De maneira simplificada, o aumento de calor na
atmosfera, causado pelo lançamento de poluentes, já está afetando os
equilíbrios climáticos. Isso significa que as chuvas estão mais irregulares,
que as ondas de calor e de frio estão mais intensas, e que existe potencial
maior para eventos climáticos extremos, como tornados, furacões, chuvas
torrenciais, dentre outros. Ou seja, a vida em geral, e não só dos seres
humanos, é afetada por essa condição”.
Salvetti reforça que essas mudanças
afetam a saúde humana de várias maneiras. Com as ondas de calor, o ar mais
quente e seco pode desencadear problemas cardíacos e respiratórios. A falta de
umidade prejudica a lavoura e o gado, causando escassez alimentar, e os eventos
climáticos exacerbados podem causar prejuízos materiais e humanos devido as
enchentes, ventanias e deslizamentos de terra.
“Vale ressaltar que a baixa umidade do
ar pode desencadear problemas respiratórios pelo ressecamento das mucosas
nasais. O próprio material particulado presente no ar tende a aumentar em
períodos de seca, promovendo a proliferação de bactérias e vírus, e a inalação
de partículas poluentes que são causadoras de doenças pulmonares. No frio
extremo, abaixo de 10 graus, é possível termos doenças associadas a hipotermia,
enquanto em temperaturas muito altas são comuns os casos de insolação,
desidratação e até problemas cardíacos”, aponta o biólogo.
O docente ressalta ainda que, os
impactos ambientais e o desenvolvimento da sociedade vêm refletindo no
surgimento de novas doenças, assim como suas disseminações. “Esse avanço tem
levado ao aumento expressivo das áreas urbanas e isso tem duas consequências
principais: o acúmulo de pessoas em um único lugar gera uma demanda maior de
recursos naturais, como água, comida e produtos em geral, além de produzir uma
quantidade enorme de resíduos que precisam ser descartados, e a segunda, é que
se as áreas urbanas crescem, consequentemente as áreas rurais e de proteção
ambiental precisam ser desmatadas e transformadas em espaços urbanos. Esses
fatores contribuem para uma maior pressão nos ecossistemas da Terra, que
precisam fornecer cada vez mais recursos para o ser humano, provenientes de
locais cada vez menores”.
“O desmatamento e o uso de agrotóxicos
fazem com que o homem tenha contato com animais, bactérias e vírus que estavam
restritos a natureza e que agora estão cada vez mais próximos das áreas
urbanas. Isso propicia o aumento de casos de doenças antes erradicadas ou então
desconhecidas. Além disso, o aumento da temperatura média da Terra está
causando o degelo das áreas polares, o que pode liberar microrganismos presos
no gelo a milhares de anos nas águas e solos, cuja interação com o ser humano é
desconhecida”, avalia Rodrigo.
Por fim, o professor de Biologia do
Ceunsp aponta que não tem mais como mudar o cenário dos impactos na sociedade,
e que as mudanças climáticas são uma realidade incontornável. “Chegamos,
infelizmente, em um ponto sem retorno. O que resta é minimizarmos ao máximo as
mudanças climáticas, reduzindo a emissão de gases estufa e o desmatamento,
recuperando áreas impactadas para tentarmos, de alguma forma, reduzir o consumo
desenfreado de recursos. Não é fácil. Isso tudo passa por questões políticas,
econômicas e, principalmente, culturais. É preciso tornar o modo de vida mais
sustentável, descobrir e utilizar novas fontes de energia, substituir as formas
de consumo por alternativas menos impactantes. É uma lição de casa para esta e
as próximas gerações”, finaliza.
Ceunsp
https://www.nossojeitodeensinar.com.br/
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