Créditos: Envato
Um país absolutista, muito rico, dono da terceira
maior reserva de gás natural do mundo, com apenas 3 milhões de habitantes e com
leis e costumes bastante diferentes dos brasileiros. Mesmo com uma série de
escândalos na preparação para o evento, como a morte de mais de 6 mil pessoas
nas obras dos estádios e inúmeras violações aos direitos humanos, o Qatar será
a sede da Copa do Mundo FIFA 2022, sendo a primeira vez que um país do Oriente
Médio recebe um evento desse porte.
Há uma estimativa de que o Qatar receberá cerca de
um milhão de turistas de todo o mundo durante o campeonato e o Brasil é um dos
10 países que mais comprou ingressos para os jogos da competição. Embora as
autoridades cataris tenham dito que pretendem afrouxar algumas regras enquanto
durar o evento, é preciso ficar atento às leis do país, conforme explica o
doutorando em estratégia João Alfredo Lopes Nyegray, coordenador do curso de
Comércio Exterior e professor de Geopolítica e Negócios Internacionais na
Universidade Positivo (UP). “Por ser um país islâmico, as leis do Qatar derivam
da Xaria, do Alcorão e da Suna, que são livros base do islamismo, uma religião
com princípios e costumes bastante diferentes das religiões ocidentais”,
alerta, ressaltando ainda que esses princípios se aplicam tanto a atos criminosos
quanto a direitos de família, como a herança, por exemplo.
Segundo o especialista, o Qatar considera crime a
homossexualidade e o adultério, além do consumo de álcool fora dos lugares
permitidos. “A homossexualidade é um crime passível de pena de morte para os
muçulmanos. Para o adultério e até mesmo relações entre pessoas que não são
formalmente casadas, o país utiliza punições como flagelação. Bebidas
alcoólicas são permitidas apenas dentro de alguns hotéis, predominantemente de
luxo. Para quem consumi-las fora desses lugares, a pena é a mesma”, aponta o
especialista, lembrando que existem relatos de estrangeiros condenados ao
açoitamento por consumo de álcool no país. “O apedrejamento também é previsto
na lei catari, embora não há registros de que tenha sido usado recentemente.”
É importante também um cuidado na hora de tirar
fotos na visita aos pontos turísticos, uma vez que filmar e fotografar pessoas
sem a autorização prévia delas também é crime no país. O professor alerta que
esse cuidado extra para não infringir as leis do Qatar é fundamental, pois, se
o testemunho for feito por uma pessoa considerada não confiável pelas
autoridades, sequer é aceito. “É uma situação complicada, já que considerar
alguém confiável ou não é algo bastante relativo. Além disso, se for uma
questão envolvendo homens e mulheres, o testemunho feminino tem metade do valor
do relato deles”, destaca.
Além das questões legislativas do Qatar, existe
também o choque cultural em relação ao Brasil, de ações que são consideradas normais
em território brasileiro mas que não são bem vistas no mundo árabe. “Aos
heterossexuais também não são recomendadas manifestações públicas de afeto. É
importante cuidar com as vestimentas também, uma vez que é mal visto pelos
muçulmanos andar com roupas que expõem ombros, peitoral e coxas. Deve-se evitar
também usar decotes e roupas justas”, finaliza Nyegray, que recomenda o uso de
roupas que cubram, no mínimo, desde os ombros até os joelhos.
Universidade Positivo
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