Mesmo com o uso proibido no
Brasil, o cigarro eletrônico segue trazendo preocupação e um dos focos de maior
atenção são os adolescentesFreepik
O alerta é da Sociedade de
Pediatria do Rio Grande do Sul que enxerga a necessidade de um olhar atento das
autoridades públicas sobre o tema. A grande maioria dos cigarros eletrônicos
têm em seu componente nicotina. A estratégia da indústria, porém, para agradar
adolescentes o induzindo ao uso, são os aromas.
"Existe uma gama imensa de
aromas, mas que servem só como um atrativo para os jovens e adolescentes. A
nicotina está ali e pode, neste formato, causar um mal até superior ao cigarro
tradicional. Isso tem sido usado, virou moda e, infelizmente, já se percebe a
estratégia maliciosa de quem vende colocando outros ingredientes. O que os pais
precisam esclarecer junto aos filhos é que eles não são seguros, como muitos
pensam. O adolescente precisa ser orientado sobre isso. Já estamos vendo lesões
pulmonares e problemas causados por esses dispositivos", alertou o médico
pediatra da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), José Paulo
Ferreira.
A recomendação aos pais é que
conversem com os filhos e que não permitam que sejam ingênuos ou que cometam
erros por desconhecimento.
"Se é uma droga que é de
venda proibida, é por alguma razão. Ao fazer uma compra, o adolescente está
entrando no mesmo mercado de venda de drogas ilícitas", salientou.
O que
mostram os estudos
A Sociedade Brasileira de
Pediatria também fez um alerta sobre a preocupação com o tema. Estudos animais
in vivo, demonstraram que os vapores produzidos pelos líquidos dos cigarros
eletrônicos, especialmente com o acréscimo de aromatizantes, produzem o mesmo
efeito prejudicial à estrutura pulmonar e vasculatura que o fumo do tabaco,
foram demonstrados toxicidade, estresse oxidativo, resposta inflamatória em
células epiteliais brônquicas, ativação de fibroblastos, hiperresponsividade,
aumento do espaço aéreo distal, produção de mucina e expressão de citocinas e
proteases.
Substâncias cancerígenas
conhecidas do tabaco, as nitrosaminas (nitrosaminas específicas do tabaco –
TSNA) e os carbonilos, foram encontrados dentro do vapor da maior parte dos
e-cigs. De um modo geral, as detecções estão muito abaixo das encontradas nos
cigarros convencionais, mas no caso dos carbonilos já se detectou níveis comparáveis
aos do tabaco tradicional. O propilenoglicol e o vapor de glicerol, que são os
componentes principais dos cartuchos de cigarros eletrônicos, são irritantes
conhecidos das vias aéreas superiores. Pouco se sabe sobre as implicações para
a saúde da inalação repetida destes produtos. Os aromatizantes são outro
aditivo comumente encontrado nestes dispositivos, são derivados de aromas
utilizados em alimentos. O efeito deletério destes produtos está sendo
estudado. Pesquisas iniciais demonstraram especificamente que o aroma de canela
tem potencial citotóxico.
As análises foram feitas pelos
Departamentos Científicos de Pneumologia, Toxicologia e Otorrinolaringologia da
Sociedade Brasileira de Pediatria.
Marcelo Matusiak
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