Problema é maior entre idosos de regiões de baixa renda e gera impacto na qualidade de vida dessa população
Cerca de 48,4% da população idosa do
Distrito Federal tem problema de visão, é o que revela a
pesquisa “Percepção dos idosos sobre viver no Distrito Federal”,
estudo realizado pelo Observatório de Políticas Públicas do Distrito Federal
(ObservaDF), projeto vinculado à Universidade de Brasília (UnB), sobre a
qualidade de vida dos idosos. Os dados da pesquisa também mostram que, os
idosos que moram em regiões de baixa renda, são os que têm maior dificuldade
para enxergar.
O estudo do ObservaDF avaliou a
situação do idoso no Distrito Federal, por meio de um questionário, com cerca
de 900 pessoas, com idade superior a 60 anos. Os participantes consultados na
pesquisa, incluiu moradores de todas as regiões administrativas do DF. O
objetivo do estudo é conhecer as percepções dos idosos sobre o viver nesse
território, e sobre o acesso e a qualidade de serviços públicos voltados à essa
população.
Segundo a professora e pesquisadora da
UnB, Andrea Felipe Cabello, um dos pontos que se destaca na pesquisa, é a
desigualdade no âmbito da saúde. “Nos chamou bastante atenção algumas disparidades
em relação à saúde. Em um relatório anterior, já havíamos enfatizado que, o
acesso à saúde no Distrito Federal, não é igualmente distribuído entre todas as
regiões administrativas, principalmente aquelas pessoas que moram em regiões
administrativas de mais baixa renda, têm acesso a serviços de pior qualidade. E
isso não é diferente com os dados desse questionário”, relata.
Uma das questões mencionadas sobre
saúde, e que deixam explícitas as diferenças sociais, é o problema de visão,
conta Cabello. “Muitos deles relataram dificuldade de enxergar, mas os que mais
relatam essa dificuldade, moram em regiões de baixa renda, o que pode estar
relacionado com a qualidade do serviço prestado”, declara.
A
médica oftalmologista do CBO- Hospital dos Olhos, Maria Regina Chalita, informa
que a prevalência da deficiência visual na população idosa é grande e, entre as
principais causas de baixa visão no idoso, estão doenças como o glaucoma, a
retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade, sendo todas
elas irreversíveis. Chalita destaca que a baixa na visão tem repercussões
importantes na capacidade funcional dos idosos e na sua autonomia. “Sabe-se que
os idosos que enxergam melhor, sofrem menos quedas, cometem menos erros ao
ingerir medicações, apresentam menor isolamento social e menos quadros
depressivos, são mais independentes e têm melhor qualidade de vida”, afirma.
A
oftalmologista ressalta a importância do acompanhamento médico da população
idosa para obter um diagnóstico precoce de doenças. “As doenças que causam
perda da visão irreversível, como o glaucoma e a retinopatia diabética, têm
controle, se diagnosticadas precocemente e se iniciado tratamento adequado com
acompanhamento por um médico oftalmologista. Como causa de baixa de acuidade
visual reversível no idoso, temos a catarata, a qual permite a recuperação da
visão após seu tratamento cirúrgico. Nos casos de perda visual irreversível, a
reabilitação visual tem papel importante na qualidade de vida desta população”,
esclarece.
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