Projeto Pasto Forte mostra que pecuarista pode triplicar a produção de arroba por hectare sem a necessidade de abrir novas áreas
Estima-se que no Brasil exista mais de 100 milhões
de hectares de pastagem com algum nível de degradação que necessitam de
intervenção para reverter o estado em que se encontram. A ferramenta mais
eficiente para recuperar essas áreas, garantindo maior produtividade aos
pecuaristas, é o investimento em correção e adubação.
O Projeto Pasto Forte, realizado pela Fundação de
Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) em parceria com a
Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e patrocínio do Instituto
Mato-Grossense da Carne (Imac), está avaliando a produtividade vegetal e animal
e a fixação/estoque de carbono no solo em diferentes regiões de Mato Grosso.
Este comprovou, através de resultados parciais, que o pecuarista atingiu 3,34
UA (Unidade Animal = 450 Kg de peso corporal vivo) por hectare, enquanto a média
nacional não passa de uma UA.
Segundo o zootecnista Thiago Trento, pesquisador de
Pecuária de Corte da Fundação MT, triplicar a quantidade de animais por hectare
significa potencializar mais a produção animal com sustentabilidade, pois não é
necessário abrir novas áreas, intensificando com eficiência na mesma área.
Além disso, de acordo com o especialista, a
pesquisa mostrou que investimentos em adubação das pastagens de modo racional
proporcionaram ao pecuarista do município de Rondonópolis, assistido pelo
Projeto, um lucro de quase 10 arrobas (@) por hectare (ha), fornecendo
suplementação mineral, num período de 152 dias na época das águas.
“Sem nenhum investimento em adubação, o pecuarista
deixou de produzir quase 4@ por ha devido à baixa produção de massa de forragem
e é justamente a conversão de capim em carne que paga a conta do pecuarista”,
diz Trento.
O Projeto Pasto Forte está sendo conduzido em
quatro fazendas nos municípios de Rondonópolis, Cáceres, Paranatinga e Nova
Canaã do Norte, com o objetivo de gerar recomendações de investimentos que
garantam a sustentabilidade de sistemas produtivos em pecuária de corte em três
biomas diferentes: o Cerrado, o Pantanal e o Amazônico. Dentro dessas fazendas,
foi perguntado para os produtores quais ambientes pastoris eles classificavam
como bons, médios e ruins - e depois confirmadas por meio de análise de solo e
da pastagem. Depois de separadas as áreas de pastagens, foi avaliada a
eficiência dos investimentos em adubação dos pastos. Esses investimentos foram
determinados de acordo com a análise de solo e perspectiva produtiva do
pecuarista.
“É o que eu sempre falo: não adianta realizar
adubação nitrogenada que favorece a produção de massa de forragem, se o
produtor não tem a quantidade de animais suficiente para consumir esse alimento
produzido. É necessário planejar a taxa de lotação de acordo com a massa de
forragem produzida”, destaca Trento.
“Na pecuária, a nossa máquina de colheita são os
animais: se não existe quantidade de forragem suficiente, muitas vezes
decorrente da falta de nutrientes e, consequentemente, adubação, teremos uma
baixa eficiência de pastejo, ou seja, os animais se tornam ineficientes em
converter capim em carne pela falta de alimento na pastagem”, reforça.
Dessa forma, segundo o pesquisador, é papel do
produtor ou técnico “regular” e otimizar o consumo do animal através do manejo
pastejo, que deve levar em consideração a capacidade de suporte do pasto.
Por onde começar?
Em áreas mal manejadas ou com algum nível de
degradação, segundo o especialista da Fundação MT é recomendado começar com uma
eficiente análise do solo, conhecer o que tem lá, as suas deficiências, para
planejar o que se pode melhorar.
“Quando estamos doentes, o que fazemos? Vamos ao
médico, ele nos dá o diagnóstico de acordo com o que constatou no exame. Para o
solo não é diferente, precisa conhecer sua fertilidade para recomendar o
tratamento mais indicado”, reforça Trento.
O segundo passo é fazer o controle de plantas
daninhas, pois se não eliminar essas plantas invasoras e fizer a adubação, será
favorecida a competição por recursos, ou seja, essas invasoras vão absorver
esses nutrientes, competindo com as plantas forrageiras.
“A mensagem é: adubar para produzir mais forragem
que deve ser colhida de forma eficiente pela nossa colhedora de capim que são
os animais, que transforma produto vegetal em produto animal de alto valor
biológico e nutricional”, acrescenta.
Mudança é uma tendência
Para o especialista da Fundação MT, a preocupação e
cuidados com a pastagem por parte dos pecuaristas é uma tendência que deve se
intensificar cada vez mais. Primeiro porque é preciso ser mais eficiente com a
mesma área produtiva, e, segundo, devido à expansão da agricultura em áreas
destinadas à pecuária. “Aquele pecuarista tradicional (extrativista) que não
investia em adubagem de pastagem e em um manejo eficiente, ele não tem
condições de competir com a lavoura. Isso não significa que ele sairá da
atividade, mas continuará com baixa produtividade e, consequentemente, menor
rentabilidade”, diz.
Entretanto, pecuaristas que estão realizando manejo
correto, com controle de plantas daninhas, uma eficiente adubação de pastagem,
respeitando as alturas de pastejo da forrageira e realizando a suplementação
dos animais, com certeza estão ganhando dinheiro na pecuária, conforme
demonstra a pesquisa.
Fundação MT
www.fundacaomt.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário