Compulsão
em demonstrar seu próprio valor, incapacidade de se desligar do trabalho e
ansiedade, são alguns dos sintomas apontados pelo psicoterapeuta Carlos
Florêncio
No último mês de
maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou não reconhecer a Síndrome
de Burnout como doença, mas sim como um stress crônico ligado ao
trabalho. Um “esgotamento profissional”. Apesar de não ser reconhecido
oficialmente como doença, de acordo com a pesquisa da Internacional Stress
Maganagement Association (ISMA), instituição internacional voltada à pesquisa e
ao desenvolvimento da prevenção e do tratamento de stress no planeta, em 2018,
o Brasil era o segundo país com o maior número de pessoas com stress no mundo,
ficando atrás somente do Japão.
De acordo com a
pesquisa, 72% da população brasileira sofre alguma sequela vinda do
stress, e desses, 32%, tem a Síndrome de Burnout.
Os número também
são comprovados pelo psicoterapeuta Carlos Florêncio. Com mais de 30 anos de
profissão, o mesmo tem notado um aumento cada vez maior de pessoas que relatam
os sintomas do distúrbio emocional.
“Em português, a
palavra ‘burn’, significa queimar. Uma pessoa com Síndrome de Burnout, faz
exatamente isso consigo mesma, ou seja, ela se ‘queima por completo’. No
empenho diário por um melhor desempenho no trabalho, deixa todas suas vontades
próprias e se sacrifica para demonstrar um melhor resultado. É um esgotamento
físico, uma estafa completa. Na maioria dos casos, a pessoa finge que nada
aconteceu, mas o corpo não aguenta, e por meio da Síndrome de Burnout, implora
por socorro”, comenta Carlos Florêncio, que ao longo de sua carreira já ajudou
mais de trinta mil pessoas no Brasil e no exterior, e esse ano lança o livro
“Tudo certo!”, que trata sobre esses e outros assuntos ligados à psique e
espiritualidade humana.
Confira abaixo
alguns dos sintomas da Síndrome de Burnout explicados pelo psicoterapeuta:
Trabalho
excessivo
Atualmente, a
falta de tempo é considerada um problema comum na vida da maioria das pessoas.
Segundo Carlos Florêncio, um dos primeiros pontos para ficar atento a Síndrome
de Burnout, é quando o trabalho excessivo consome a vida pessoal do
profissional, ou seja, ele se exclui por completo, não tendo mais tempo para
compartilhar momentos com a família, amigos ou praticar atividades de lazer. A
vida pessoal é anulada pela incapacidade de se desligar do trabalho.
Compulsão
pela aprovação
Mais do que a demonstração
por bons resultados, há uma obsessão em demonstrar o próprio valor profissional
e ser reconhecido. Mesmo sendo o melhor funcionário da empresa, profissionais
com a Síndrome de Burnout, possuem uma compulsão pela aprovação das pessoas ao
seu redor, sejam elas superiores ou abaixo de seu cargo. Normalmente, não
comemoram as grandes vitórias profissionais, mas têm uma tendência a ter um
sofrimento interno interminável, tanto pelas grandes falhas, como também as
pequenas ações corriqueiras do dia a dia.
Mudanças
comportamentais
O esgotamento
profissional é acompanhado de mudanças comportamentais. Intolerância, stress,
falta ou perda total de humor, são alguns dos sintomas aplicados nesse estágio.
Com foco no trabalho, a pessoa deixa as necessidades pessoais de lado. Não
possuem tempo nem para ficarem consigo mesmas. Atos como dormir pouco e sempre
estarem trabalhando com o celular, inclusive nas horas das refeições, indicam
uma possível Síndrome de Burnout a caminho.
Distanciamento da vida social
O foco de alguém
que sofre de Síndrome de Burnout, muda radicalmente. A pessoa não trabalha para
viver, mas sim, vive para trabalhar. O trabalho em si é a única coisa que
importa, deixando de lado família e amigos. Nesse estágio, muitas vezes o
distanciamento social leva a outros meios de fuga, como o álcool e as drogas.
Ansiedade
Movida por uma
tensão constante, a pessoa começa a buscar a solução para problemas que talvez
nunca existam. A insônia, medo frequente, dificuldade de esquecer do trabalho
por um segundo que seja, entre outros sintomas de ansiedade, contribuem com a o
aumento da Síndrome de Burnout na pessoa. Normalmente, esse transtorno
psicológico, reflete no corpo de maneira psicossomática, em forma de dores de
cabeça, tensões musculares, tremores na mão e até mesmo ataques de pânico.
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