Comemorado na quinta (5), o Dia da Amazônia nos faz
refletir sobre a importância desse patrimônio da humanidade e da natureza ricos
em diversidade que nos enche de encanto.
Este ano, a Amazônia tem sido tema de diversas
declarações do presidente do nosso e de demais países. Ativistas, políticos,
atores de filmes internacionais, modelos, entre outras personalidades têm
discutido nestas últimas semanas sobre o que fazer, como cuidar e como
protegê-la, devido às queimadas provocadas pelo tempo seco e atividades
criminosas que estão sendo investigadas.
Tenho levado esse tema para às minhas aulas e um
dos pontos destacados é sobre a responsabilidade de cuidar dela. Devemos deixar
que outros cuidem? E se nós brasileiros fizermos a nossa parte? Não podemos
esquecer que a Floresta Amazônica está presente em mais oito países e que estes
também precisam fazer as suas respectivas contribuições. Segundo a Datafolha de
1o. de setembro deste ano, em cada quatro brasileiros, três dizem
que o interesse na Amazônia é legítimo e que 40% concorda com a frase: “A
Amazônia deve ser totalmente administrada pelo Brasil, de acordo apenas com o
interesse do país”. O levantamento também mostra que 22% concorda com a frase:
“A Amazônia deve ser administrada por um conjunto de países e entidades
internacionais”. Discussão interessante que devemos aprofundar com as várias partes
interessadas!
Será que no dia hoje temos o que comemorar? Ou
alertar mais uma vez a importância deste importante bioma do país e do planeta
Terra? Não sou biólogo, ecólogo, agrônomo ou cientista da natureza. Sou um
amante do planeta em que vivemos, um professor que tenta mostrar a importância
dos sistemas naturais e viver em consonância com a realidade econômica vigente.
O que parece ser cada dia mais difícil. Não é possível que temos tanta
inteligência para preparar foguetes, para ir à Marte e criar computadores que
podem imitar o ser humano, e não conseguimos gerenciar ou tratar deste assunto
que é a Amazônia. Ou quando o assunto é desenvolvimento efetivamente
sustentável. Que muitos agora dizem que tem que ser regenerativo, pois o que
temos hoje não se sustentará.
Não sou ingênuo e sei que existem muitos interesses
por trás desta grande floresta como seus princípios ativos, biotecnologia,
minerais de todos os tipos, espaço para plantio e para o gado, entre muitos
outros. Sei também que muitos países não conseguiram gerenciar os seus
desmatamentos e agora tentam mostrar o que deu errado nas culturas deles.
Alguns, mais conspiratórios, dizem que tudo isso é uma forma de atrasar o
Brasil, pois se colocarmos tudo no chão, minerarmos tudo o que tem lá e vendermos
todos os ativos biológicos, podíamos ser o país mais rico do mundo. Lembrando
que muitos países já fizeram isso e tiveram que replantar tudo de novo.
Escutei também que era uma questão de soberania,
pois se tivesse uma guerra com o Brasil e algum outro, seríamos os únicos a
sobreviver, porque temos treinamento na floresta, como foi na Guerra do Vietnã,
e que é um tipo de mentalidade que já existe desde o passado e foi desenvolvido
na época da ditadura.
Outra coisa que percebi foi que, em meados de
agosto, em Salvador, justo na época em que começaram os primeiros embates e
discussões sobre a Amazônia, que tornou o assunto top trendnas redes
sociais, estava sendo realizada a Semana do Clima da América Latina e Caribe.
Este evento contou com a presença de ministros de governo, de representantes de
agências multilaterais e Organizações Não Governamentais (ONGs), no qual
algumas autoridades do nosso país foram contra a sua realização.
Muitos conhecidos estavam lá discutindo o
aquecimento global, as questões ligadas ao meio ambiente e, de repente o tema
da Amazônia se tornou a “bola da vez”. Comentei com meus alunos de jornalismo a
possibilidade de ser algum trabalho muito bem elaborado por uma assessoria de
imprensa de alguma ONG ambiental, que entendeu que todos os jornalistas
ambientais do mundo estavam aqui e que seria uma ótima pauta.
Surgiram vários “memes” de pessoas falando que a
nova geração estava descobrindo a Amazônia graças às mídias sociais, pois até
então nada sabiam. E, no meio de tudo isso, uma terça-feira, na cidade de São
Paulo virou noite às 15h da tarde! Disseram até que poderia ser o Thanos dos
Vingadores, da Marvel chegando, ou realmente o impacto de queimadas próximo à
maior cidade do país. Se sentimos o impacto aqui, imaginem o quanto as cidades
que estão cercadas pelo fogo e pelas queimadas na Amazônia estão sofrendo.
Ainda sou otimista e digo que desta discussão
saíram vários aprendizados. Um deles é que estão sendo pautados os problemas
que existem há muito tempo na Amazônia, dos quais muitos ambientalistas,
indígenas e jornalistas ambientais deram suas vidas por isso; a discussão
efetiva do desenvolvimento sustentável no qual se questiona o uso
indiscriminado do meio ambiente como um recurso infinito para os modelos
econômicos de transações comerciais e de produção; o impacto social que as
agressões ao meio ambiente estão causando, trazendo o ser humano como parte
deste ecossistema e não como um ser à parte ou superior, entre outros
aprendizados.
Precisamos evoluir muito, temos pressa e temos que
pensar e agir individualmente sobre as mudanças climáticas e o cuidado com o
meio ambiente, como faz a jovem ativista sueca de 16 anos, Greta Thunberg que,
sabiamente diz: "Percebi que ninguém estava fazendo nada para impedir que
isso aconteça, então eu precisava fazer alguma coisa." E com isso está
mobilizando jovens de todo o mundo. Viva a Amazônia! Amazônia viva!
Marcus Nakagawa -
professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental
(CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; e palestrante sobre
sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: 101 Dias
com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo e Marketing para Ambientes
Disruptivos.
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