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quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Idosa dá à luz a gêmeas aos 74 anos na Índia e reacende discussão sobre idade e métodos de reprodução assistida



Após a recente notícia de que uma mulher deu à luz aos 74 anos a gêmeas, na Índia, ter ganhado destaque internacional nos noticiários, a discussão sobre a relação entre idade, fertilidade feminina e métodos de reprodução assistida reacendeu entre médicos e estudiosos de medicina reprodutiva. Afinal, qual a idade ideal para a mulher engravidar e quais os riscos da gravidez tardia?

No caso de Erramatti Mangayamma, a gravidez só foi possível por meio da fertilização in vitro, já que ela nunca conseguiu engravidar pelo método natural desde que casou, em 1962, com seu marido que hoje tem 80 anos. Assim como neste caso, a técnica de reprodução humana assistida tem sido uma opção para ter filhos após os 35 anos de idade, limite mais recomendado pelos médicos para se ter filhos de maneira natural. 

“Não é recomendado e adequado engravidar em uma idade tão tardia, no caso, aos 74 anos. Tem muitos riscos, como diabetes e pressão alta, além da alta probabilidade de trabalho de parto prematuro”, ressalta Daniel Diógenes, médico especialista em medicina reprodutiva e diretor da Fertibaby, clínica referência no segmento. 


Gravidez tardia

Segundo Daniel Diógenes, médico especialista em medicina reprodutiva e diretor da Fertibaby, as possibilidades de uma mulher engravidar naturalmente diminui consideravelmente após os 35 anos. “Quando a mulher está passando desta idade, a reserva ovariana já terá sofrido uma queda brusca ao longo do tempo e passa a despencar ainda mais após esse período. Além disso, a qualidade dos óvulos produzidos é bem inferior do que comparada à de mulheres mais jovens”, diz. 

Apesar disso, postergar a gravidez é uma tendência observada em todo o mundo nos últimos anos. No Brasil, já em 2013, 31% das mulheres gestantes tinham acima de 30 anos, segundo o Ministério da Saúde. No início da década, esse percentual era de apenas 22,5%. No Canadá, estatísticas do Governo divulgadas em 2016 apontavam que, pela primeira vez nas últimas décadas, ocorreram mais partos com mulheres acima de 40 anos (3,5% do total de nascimentos no país) do que partos de mulheres abaixo dos 20 anos de idade (3,1% dos partos). Já na Alemanha, dados divulgados em 2012, revelaram que uma em cada cinco mulheres alemãs, entre 40 e 44 anos, não tem filhos.

Os avanços da medicina reprodutiva permitem que, mesmo ultrapassando a idade considerada ideal, as mulheres que optam ou precisam adiar a gravidez, possam ter chances de engravidar, por meio das técnicas de congelamento de óvulos e fertilização in vitro. Até o final de 2017, o Conselho Federal de Medicina (CFM) determinava que a idade limite para um mulher realizar os métodos de reprodução assistida era de 50 anos. Após uma atualização na lei que regulamentava as regras para o emprego das técnicas de medicina reprodutiva, a nova resolução (CFM nº 2.168/2017), de novembro de 2017, apenas recomenda a idade máxima de 50 anos para o uso dos procedimentos, mas não proíbe mais pacientes e profissionais de procurarem ou seguirem com os tratamentos a partir dessa idade.


Congelamento de Óvulos

Segundo Daniel Diógenes, médico especialista em medicina reprodutiva e diretor técnico da Clínica Fertibaby Ceará, o congelamento de óvulos é a melhor alternativa atual para combater a queda da fertilidade em mulheres, em decorrência da idade, por ser um técnica simples e eficiente. Porém, é necessário que a coleta dos óvulos seja feita quando a mulher ainda estiver em idade reprodutiva. "Ter menos ou até 35 anos ajuda muito por conta do número maior de óvulos e a melhor qualidade deles. No entanto, se uma mulher congelar os óvulos aos 35 anos e, mesmo que ela venha a descongelar seus óvulos e engravidar aos 40 anos, a chance de gravidez permanece a mesma que a de uma gravidez aos 35", explica Daniel.

Nos últimos anos, com o advento da técnica de vitrificação (congelamento rápido), observou-se uma alta taxa de sucesso no congelamento de óvulos. Com a técnica da vitrificação, a taxa de sucesso na sobrevivência deles aumentou para 90% a 95%, quando comparada com o congelamento lento (a temperatura é reduzida de forma lenta e gradual), isso se deve a não formação de cristais de gelo no interior do óvulo e a um risco reduzido de ruptura da membrana e desarranjo na estrutura cromossômica. O procedimento segue exatamente o mesmo preparo utilizado no congelamento de embriões até a captação de óvulos, mas, ao invés de serem fertilizados, eles são criopreservados. Os óvulos podem ser coletados tanto pela estimulação hormonal como, alternativamente, pela maturação in vitro (onde os óvulos são retirados dos ovários imaturos).





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