Estudo
recém-lançado pela Associação dos Optometristas do Reino Unido afirma que
milhares de pessoas põem em risco a visão ao ignorar os malefícios do cigarro.
Apenas uma em cada cinco pessoas entrevistadas reconheceu o fumo como um fator
de risco para a cegueira, enquanto quatro em cada cinco associou o vício ao
câncer, principalmente de pulmão. O alerta chama atenção para o fato de
que fumantes têm duas vezes mais chances de perder a visão do que os
não-fumantes e são 16 vezes mais propensos a desenvolver perda súbita de visão
causada por neuropatia óptica – quando ocorre obstrução do suprimento de sangue
no globo ocular. O problema também atinge fumantes passivos. Isto porque a
fumaça do cigarro libera partículas bastante tóxicas de metais pesados, como
chumbo e cobre.
De
acordo com o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care
Hospital de Olhos, em São Paulo, o fumo compromete a circulação sanguínea da
retina, reduz a quantidade de antioxidantes presentes no sangue, e afeta a
visão em qualquer fase da vida, principalmente a partir dos 65 anos. “Até mesmo
fumantes pesados que abandonaram o vício há vários anos têm mais chances de
sofrer de doenças oculares do que aqueles que nunca fumaram. Portanto, quanto
mais cedo parar de fumar, menores serão as chances de desenvolver catarata,
glaucoma, degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e enfrentar
complicações da retinopatia diabética. Aliás, o importante é nem começar.”
O
médico adverte que um fumante tem 42% mais chances de ter catarata quando
atingir a terceira idade do que um não-fumante. Doença silenciosa, a catarata
vai deixando a lente do cristalino opaca até que a pessoa perde totalmente sua
visão e independência. Os sintomas mais comuns são: diminuição gradual e
progressiva da visão; enxergar os objetos em tons amarelados, borrados ou
distorcidos; dificuldade de se locomover à noite ou em local com baixa
luminosidade; sentir-se ofuscado na claridade; perceber halos ao redor de
objetos luminosos; e perder o interesse por atividades rotineiras (ler,
escrever, costurar, fazer a barba...) por não desfrutar de clara visão do que
está fazendo.
Já
a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é 2,5 vezes mais frequente em
fumantes. Neves afirma que a doença implica na destruição dos fotorreceptores e
na proliferação anormal de vasos sanguíneos sob a retina. Como consequência,
surgem cicatrizes que comprometem a visão central e a capacidade de distinguir
cores. “A DMRI é estreitamente associada a fatores como predisposição genética
e estilo de vida, sendo que fumantes ativos e passivos correm mais riscos de
manifestar essa alteração cuja incidência aumenta com a idade. A perda visual
costuma ser pouco perceptível. À medida que a doença evolui, aparecem sintomas
como visão borrada, pontos luminosos, manchas no centro da visão (escotomas),
diminuição da sensibilidade aos contrastes de luz, dificuldade de adaptação ao
escuro, linhas distorcidas e tortuosas, e necessidade de iluminação mais
intensa para ler”.
Renato
Neves ressalta, ainda, que o fumo predispõe as pessoas a outras tantas
complicações da visão. O risco de desenvolver diabetes, por exemplo, é 54%
maior em fumantes pesados e 25% maior em fumantes leves do que em quem nunca
fumou. No Brasil, 16 milhões de pessoas sofrem de diabetes e muitas nunca fizeram
acompanhamento oftalmológico. “O problema central, para a visão, é a falta de
circulação adequada causada pelo diabetes e que é ainda mais intensificado em
pacientes fumantes. A retinopatia diabética está associada às mudanças que
ocorrem na retina, em seus vários estágios. Inicialmente, costumam ocorrer
algumas poucas hemorragias de pequeno porte. Também detectamos alguns depósitos
de gordura e o engrossamento dos vasos sanguíneos. Nessa fase, muita gente nem
se dá conta de que se trata de uma complicação do diabetes. Mas o problema,
quando não controlado a tempo, pode levar à perda da visão. Por isso, é
importante que o diabético visite um oftalmologista pelo menos uma vez por ano
e se afaste definitivamente do cigarro”.
Dr.
Renato Neves - médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital
de Olhos – www.eyecare.com.br
Fontes:
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