Muitos
casais utilizam o silêncio para expressar insatisfação, raiva e inconformismo
na relação afetiva.
Mas
o silêncio é uma boa estratégia para lidar com problemas na relação?
Em
primeiro lugar, precisamos diferenciar o silêncio que surge da vontade de por
fim a uma discussão que se levada adiante pode trazer danos e colocar em risco
o respeito entre os cônjuges, do silêncio que surge na perspectiva negativa,
como forma de abandono ou punição ao cônjuge.
Na
primeira perspectiva, o silêncio surge como forma de dizer “esgotamos nossas
possibilidades de diálogo e entendimento, precisamos respirar e nos distanciar
do impasse para enxergá-lo de outras perspectivas e retomar a conversa em outro
momento”.
Na
maioria das vezes, esta forma de usar o silêncio é anunciada, ou seja, acordada
entre o casal e se constitui como uma medida protetiva para a relação afetiva.
Se
pensarmos que uma relação se faz na palavra, na escuta e no diálogo em busca da
compreensão para as diferenças, à medida que, estes elementos abrem portas para
a proposição de acordos, renúncias e renegociações, o silêncio, no enfoque
negativo, estaria então, na contrapartida.
O
silencio abre portas para a angústia. No silêncio, eu autorizo o outro a ficar
sozinho, a mercê de suas próprias fantasias e interpretações, o que favorece
mais desentendimentos e a mágoa na relação.
O
que podemos observar é que o uso do silêncio, no contexto da punição e do
abandono, aponta para o empobrecimento de recursos emocionais para lidar com
opiniões contrárias, rever pontos de vista e fazer concessões.
Desta
forma, usar o silêncio na relação afetiva não é uma forma saudável de resolver
problemas e embora, caracterize-se como uma atitude passiva constitui-se
também, como uma atitude agressiva, pois é uma forma velada de agredir o
cônjuge e de estar no controle de uma situação.
Os
efeitos deste comportamento na relação são destrutivos, uma vez que, rompe a
comunicação e favorece a mágoa, o desrespeito, a anulação do outro e o
distanciamento afetivo.
Fabiane Matias
Psicóloga Clínica | Psicoterapeuta de Família
CRP 06/68421
Nenhum comentário:
Postar um comentário