A notícias da morte de pelo menos duas pessoas
depois de um ataque de um suposto morador de rua no Rio de Janeiro deixou o
País em choque. O homem teria esfaqueado pelo menos três pessoas na manhã de
domingo. Durante a ação policial que se seguiu para conter o agressor, pelo
menos cinco pessoas ficaram feridas. Casos como esse levam sempre a algumas
perguntas: o que leva uma pessoa a cometer esse tipo de ato? Crimes assim podem
ser evitados?
Embora não haja ainda muitos detalhes sobre o caso,
uma das possibilidades em situações assim é que o ato violento seja resultado
de transtornos mentais. De acordo com o psiquiatra da Holiste, Luiz Fernando
Pedroso, um dos quadros que levam a atos violentos é o surto psicótico,
episódio de desorganização da representação da realidade que pode estar
presente em diferentes transtornos psiquiátricos, oferecendo risco aos
pacientes e pessoas próximas, podendo resultar em violência.
“Qualquer pessoa pode apresentar um episódio de
surto psicótico em algum momento da vida. São vários os motivos que podem levar
ao desenvolvimento de um quadro deste tipo; porém, as pessoas que sofrem de
estresse intenso, de transtorno bipolar, de transtornos de personalidade do
tipo paranóide (paranoia), narcisista, esquizotípica ou borderline, podem ter
uma propensão maior”, explica o psiquiatra.
O surto psicótico pode afetar uma pessoa
repentinamente, representado por sintomas como delírios e/ou alucinações,
comportamento desorganizado, e de humor.
“É importante salientar que os surtos psicóticos
não acontecem de uma hora para outra, eles vão sendo anunciados paulatinamente.
O doente vai dando sinais e as pessoas não dão a devida atenção, elas negam o
que veem. Quando a situação aparece de forma gritante, extraordinária, é
exatamente porque foi negada a existência da doença mental”, alerta Luiz
Fernando.
Dependência química e as ruas
Uma das patologias mentais que mais causa
sofrimento e danos aos pacientes e que muitas vezes leva o doente as ruas é a
dependência química. O psiquiatra Luiz Fernando Pedroso salienta que, além do
sofrimento dos pacientes e familiares, estes casos trazem ainda o agravante dos
danos sociais.
“Quando o dependente químico está na rua, há uma
série de fatores relacionados. A mendicância, a possibilidade de violência,
criminalidade... Gera problemas sociais que não podem ser ignorados”, sublinha.
Ueliton Pereira, psicólogo e diretor técnico da
Holiste, destaca que a internação compulsória para aqueles indivíduos que se
encontram nas ruas fazendo uso de substâncias psicoativas pode ser necessária.
“Quando a compulsão pelas drogas leva a pessoa para
as ruas, ela tem o direito de ter tratamento médico adequado, mesmo que não
esteja em condições de buscar por ajuda”, salienta.
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