SUS garante a universalização do tratamento para
todos os diagnosticados com hepatite, independente do quadro da doença
Nas vésperas do Dia Mundial de Luta Contra as
Hepatites Virais, comemorado no dia 28 de julho, o Ministério da Saúde alerta
para a importância do diagnóstico e tratamento da doença. Atualmente, mais de
500 mil pessoas convivem com o vírus C da Hepatite e ainda não sabem, já que se
trata de uma doença silenciosa que geralmente não apresenta sintomas até que
atinja maior gravidade. Nesta segunda-feira (22), em Campo Grande (MS), o ministro
da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, divulgou o novo Boletim Epidemiológico de
Hepatites Virais como parte da estratégia de prevenção das atividades do Julho Amarelo,
que visa prevenir as hepatites A, B, C, D e E. Na ocasião, houve ainda um ato
de vacinação contra a doença no âmbito do Movimento Vacina Brasil, do qual o
cantor Michel Teló é embaixador e participou da ação.
"Queremos aumentar o número de testagem e já
estamos ampliando a expectativa de tratamento para 50 mil tratamentos por ano.
Até 2030, com vacina e tratamento pretendemos ter números praticamente zero de
hepatite no Brasil. Desses casos que foram tratados, vamos evitar cânceres de
fígado, insuficiências hepáticas, transplantes e outras complicações. Agora,
precisamos aumentar a testagem”, afirmou o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, que lembrou ainda que é preciso tratar ainda mais pessoas e, com
isso, "eliminar a sombra da hepatite no Brasil".
Desde janeiro deste ano, foram enviados para todos
os estados 24 mil tratamentos completos para hepatite C. A expectativa é que
cerca de 50 mil pessoas com infecção pelo vírus C sejam tratadas pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) ainda neste ano.
O cantor Michel Teló, embaixador do Movimento
Vacina Brasil, também deixou um recado sobre a importancia da
vacinação. “O meu pai teve problema de paralisia infantil porque não foi vacinado
corretamente contra a pólio. Eu tenho esse exemplo dentro de casa. Então, eu
sei o quanto é importante a vacinação.
Eu quero deixar aqui o meu apelo e
convidar a todos os pais do nosso país, a levarem a sério essa questão da
vacinação dos seus filhos. A gente precisa às vezes deixar de fazer algo para
levar os nossos filhos para se vacinar. Isso é importantíssimo para a saúde
deles, para a prevenção de doenças. Eu conto com a participação de todos para o
cuidado da carteirinha de vacinação e ao Movimento Vacina Brasil. Esse mês de
julho é o mês amarelo e estamos convidando toda a população para lutar contra a
hepatite e se prevenir contra a doença”, alertou o cantor Michel Teló.
Para incentivar a busca pelo diagnóstico e
tratamento da doença, em outubro de 2017, o Ministério da Saúde, em parceria
com estados e municípios pactuaram o plano de eliminação da hepatite C até
2030. Anualmente, o Ministério da Saúde envia aos estados cerca de nove milhões
de testes rápidos para o diagnóstico desta condição.
Neste ano, o Governo Federal realizou a maior
compra já realizada no Brasil para o tratamento da hepatite C, com um dos
menores preços do mundo. Em 2019, o Ministério da Saúde já adquiriu 42.947
tratamentos sofosbuvir/ledipasvir e sofosbuvir/velpatasvir. Outros sete mil
tratamentos estão em processo de aquisição. A medida é mais uma ação em prol da
eliminação da hepatite C no Brasil até 2030.
Desta forma, todos as pessoas diagnosticadas com
hepatite C têm a garantia de acesso ao tratamento, independente do dano no
fígado, assegurando universalização do acesso previsto desde março de 2018.
Essa ação coloca o Brasil como protagonista mundial no combate a hepatite C.
BOLETIM
EPIDEMIOLÓGICO DE HEPATITES VIRAIS 2019
Na última década, houve redução de 7% no número de
casos de notificados da doença no país. Em 2018, foram registrados 42.383 casos
de hepatites virais no Brasil. Em 2008, o número foi de 45.410 casos. Os dados
são do novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2019. O levantamento
também apontou queda de 9% no número de óbitos, saindo de 2.362 em 2007 para
2.156 em 2017. Entre as hepatites, o tipo C da doença é a mais prevalente
e também a mais letal, com 26.167 casos notificados em 2018.
Em 2018, foram notificados 2.149 casos de hepatite
A no Brasil, o que equivale a uma taxa de detecção de 1 caso por 100 mil
habitantes. A transmissão mais comum da doença é pela água e alimentos
contaminados. O tratamento é sintomático e geralmente evolui para cura. Além
disso, o SUS oferta a vacina contra a hepatite A para menores de cinco anos e
grupos de risco.
Já com relação à hepatite B, foram registrados no
ano passado, 13.992 casos, o que representa 7 casos por 100 mil habitantes. A
hepatite B pode ser transmitida pelo contato com sangue contaminado, sexo desprotegido,
compartilhamento de objetos cortantes e de uso pessoal e de mãe para filho
(transmissão vertical). O Ministério da Saúde oferta a vacina contra a hepatite
B para todas as faixas etárias. O tratamento da doença evita complicações, como
cirrose e câncer.
Em 2018, foram notificados 26.167 casos de hepatite
C no Brasil, com taxa de detecção de 13 casos por 100 mil habitantes. A doença
é transmitida por sangue contaminado, sexo desprotegido e compartilhamento de
objetos cortantes. O maior número de pessoas com Hepatite C se concentra em
pessoas acima dos 40 anos. A hepatite C nem sempre apresenta sintomas. O
tratamento da doença é ofertado gratuitamente no SUS e cura mais de 95% dos
casos.
No Brasil, em 2018 foram registrados 145 casos da
hepatite D no país. A infecção ocorre quando o paciente já contraiu o vírus
tipo B. Os sintomas da hepatite D são silenciosos e a doença é combatida por
meio da vacina contra a hepatite B que também protege contra a D.
Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que
as hepatites virais causam anualmente 1,7 milhão de mortes, no mundo. Em 2017,
foram registrados no Brasil 2.184 óbitos provocados por hepatites virais, sendo
1.720 mortes relacionadas à hepatite C. Em decorrência da hepatite A foram
notificados 22 óbitos, por hepatite B foram 414 mortes e 28 óbitos em
decorrência da hepatite D.
TRATAMENTO
Nos últimos três anos, foram disponibilizados pelo
SUS mais 100 mil tratamentos para hepatite C. Neste ano, já foram entregues
cerca 24 mil tratamentos para a doença. Até o início de agosto, serão entregues
outros 5 mil tratamentos. O Ministério da Saúde buscou estratégias inovadoras
para assegurar a oferta de tratamento à população, incorporando novas
tecnologias, como: sofosbuvir/ledipasvir, elbasvir/grazoprevir, sofosbuvir/velpatasvir
e glecaprevir/pibrentasvir. A oferta foi possível a partir de um novo formato
de aquisição que possibilitou economia de quase R$ 1 bilhão passando de $
10.772,16 para $ 1.232,81 por tratamento.
TESTAGEM
Uma das frentes para o combate às hepatites é o
diagnóstico oportuno por meio de testes rápidos no SUS. Em 2018, o Ministério
da Saúde distribuiu 25 milhões de testes de hepatite B e C. Para 2019, com o
fortalecimento das ações de diagnóstico e ampliação do tratamento, a
expectativa é que esse número seja superado.
Alexandre Penido
Agência Saúde
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