Confusão no diagnóstico acontece porque as doenças
apresentam
sintomas semelhantes
sintomas semelhantes
Em muitas regiões do Brasil,
as emergências dos hospitais estão lotadas de pessoas com suspeita de dengue.
De acordo com o mais recente boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério
da Saúde, de janeiro a 1º de junho deste ano foram registrados mais de 1 milhão
de casos suspeitos de dengue – aproximadamente 500% a mais que o mesmo período
de 2018[1]. E diante desse número alarmante, a
dificuldade que surge para os médicos plantonistas e outros profissionais de
saúde encarregados de atender esses pacientes é fazer o diagnóstico
corretamente. Por conta dos sintomas semelhantes, a pessoa com suspeita de
dengue pode estar com outras doenças, como zika, chykungunya e até mesmo com
gripe.
Para entender a importância
de falar do assunto, um estudo[i]
conduzido em El Salvador, publicado na revista científica PLOS em 2016*,
mostrou que de 121 pacientes hospitalizados com suspeita de dengue, 28% eram
positivos para dengue e 19% positivos para influenza, o vírus causador da gripe.
Além disso, entre os 35 com suspeita de dengue que apresentavam sintomas
respiratórios, 14% eram positivos para dengue e 39% positivos para influenza.
Segundo esse estudo, em
regiões tropicais, como El Salvador, e Brasil, os surtos de gripe e dengue
podem coincidir. Então, as semelhanças de apresentação clínica dos pacientes
infectados com a gripe ou com dengue podem fazer com que o diagnóstico
diferencial seja muito mais difícil. “Com um aumento tão acentuado dos casos de
dengue e a chegada do período mais frio, o diagnóstico pode ser ainda mais
complicado”, explica Kelem Chagas, gerente médica da Sanofi Pasteur.
O Brasil é um país de
dimensões continentais, onde a influenza começa a circular nos primeiros meses
do ano nas regiões Norte e Nordeste, chegando mais tardiamente, ao
Centro-Oeste, Sudeste e Sul. “Embora a influenza seja uma doença com alta
sazonalidade no Sul e Sudeste, ela pode ocorrer durante todo o ano. Em alguns
casos, as pessoas infectadas não apresentam as manifestações da síndrome gripal,
e o mesmo ocorre com a dengue: a doença também pode se manifestar apenas com
febre. Por isso, é fundamental procurar o serviço de saúde para obter o
diagnóstico correto”, ressalta.
Prevenção é a melhor
alternativa
Buscar maneiras adequadas de
se prevenir contra essas doenças é a melhor forma de evitá-las. Além dos
cuidados básicos como lavar as mãos, utilizar álcool em gel, usar repelente e
evitar o acúmulo de água parada, também existem vacinas disponíveis que
protegem contra a gripe e contra a dengue. No Brasil, a vacina da gripe está
disponível no SUS pelo Programa Nacional de Imunizações, bem como nas clínicas
privadas. Já a vacina da dengue está disponível em municípios onde a doença é
endêmica e em clínicas particulares de todo o País. Diferente das demais
vacinas, esta é indicada para pacientes previamente expostos ao vírus (existem
4 tipos), para que seja evitada a segunda infecção pelo vírus da dengue que
tende a ser mais grave.
Entenda mais sobre cada
doença
Gripe
Transmissãoà A gripe é uma doença respiratória viral aguda transmitida de pessoa
para pessoa. A transmissão também ocorre através do contato das mãos ou objetos
contaminados por secreções respiratórias de pessoas infectadas.
Sintomas à Febre alta, tosse, congestão
nasal, fadiga, dor de garganta, de cabeça e musculares são provocadas pelo
vírus Influenza.
Tratamento à Como a gripe é uma doença viral, o tratamento
deve focar o controle dos sintomas, como congestão nasal, febre e dor no corpo
e na cabeça, até que o ciclo do vírus se complete ou o organismo consiga
combate-lo. Em casos mais graves, pode ser necessário a prescrição de
medicamentos antivirais, logo o médico deve ser consultado.
Prevenção à A gripe é uma doença prevenível tanto por
hábitos de higiene, como lavar as mãos com frequência e utilizar álcool em gel,
como também por vacinação. Na rede pública, a vacina trivalente (com duas cepas
do vírus influenza A e uma B) é fornecida gratuitamente nas unidades básicas de
saúde para os grupos de risco definidos pelo Ministério da Saúde, durante as
campanhas de vacinação. Já nas clínicas de vacinação particulares estão
disponíveis vacinas quadrivalentes, contendo duas cepas do vírus influenza A e
duas cepas do vírus B, capazes de oferecer um espectro de proteção mais amplo. As
vacinas disponíveis possuem variações em relações a indicações e
contraindicações, o profissional da saúde deve avaliar qual a melhor opção ao
paciente.
Dengue
Transmissão à A dengue possui quatro sorotipos (DENV
1, 2, 3 e 4), todos com circulação no Brasil. A doença é transmitida pela picada do mosquito Aedes
aegypti.
Sintomas à Febre alta com duração de 2 a 7 dias, náusea,
dor no corpo e dor de cabeça, vômito, diarreia, sangramentos, erupção e coceira
na pele.
Tratamento à Não existe tratamento específico contra o
vírus da dengue, apenas para alívio dos sintomas. Recomenda-se que o paciente
fique de repouso e tome bastante água. No entanto, há vários medicamentos que
são contraindicados em caso de suspeita de dengue.
Prevenção à É fundamental que a população esteja atenta a
todas as formas de combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue. É
importante evitar criadouros não deixando água parada em vasos de plantas, por
exemplo. A prevenção também pode ocorrer por meio de vacinação, sendo o
profissional da saúde responsável em avaliar se o paciente é elegível à vacina,
que serve para aqueles que já foram infectadas pelos vírus da dengue
anteriormente.[ii]
Estudos robustos conduzidos por mais de 20 anos e envolvendo cerca de 40 mil
pessoas demonstraram que a vacina reduz relevantemente as internações e os
casos de dengue grave, permitindo evitar em cada 4 casos de dengue.
[i]
Chacon
R, Clara AW, Jara J, Armero J, Lozano C, El Omeiri N, et al. (2015) Influenza Illness among Case-Patients
Hospitalized for Suspected Dengue, El Salvador, 2012. PLoS ONE 10(10):
e0140890.oi:10.1371/journal.pone.0140890
[ii] Key background
documents for the meeting of the Strategic Advisory Group of Experts (SAGE) on
Immunization 17-18 April 2018. Available at: http://www.who.int/immunization/sage/meetings/2018/april/YB_SAGE_APR_2018_Final.pdf?ua=1.
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