Mergulhadores de comunidades costeiras do mundo todo colocaram
uma fita que levava escrito “cena do crime” em volta de diversos recifes de
corais mortos. Isso foi feito durante vários mergulhos para mostrar os danos
catastróficos causados a esse importante ecossistema marinho. Eles alegam que a
indústria dos combustíveis fósseis é a culpada por essa perda. Uma série de
fotografias tiradas embaixo d’água nas Ilhas Marshall, Samoa, Fiji, Andamão, na
Flórida e na Grande Barreira de Corais da Austrália foi publicada hoje, com o
intuito de chamar a atenção para os impactos causados pela maior descoloração
massiva de corais da história. Essa é uma das consequências do comportamento
negligente da Exxon e de empresas de combustíveis fósseis que tentam impedir o
movimento global pelo clima.
“A morte rápida
de tantos corais no mundo todo este ano é uma tragédia para as pessoas que
dependem desses ecossistemas. O mais repugnante é o fato de que tudo isso
poderia ter sido evitado se a Exxon e outras empresas da mesma laia tivessem
falado a verdade sobre as mudanças climáticas quando as descobriram. Não é
exagero dizer que elas mataram os recifes; é uma questão de física e biologia”,
afirmou Bill McKibben, consultor sênior e cofundador da 350.org.
Uma pesquisa recente confirma que a
temperatura do mar acima da média causa essa descoloração em 38 países, como
resultado das mudanças climáticas causadas pela ação humana no mundo todo, e
não pela poluição local, como foi alegado anteriormente. Além disso, ficou
comprovado que a indústria dos combustíveis fósseis é a
principal culpada por esses impactos. Desde o século passado, empresas como a Exxon decidiram
ignorar os alertas de seus próprios cientistas e investir recursos para enganar
o público ao financiar grupos que negam a existência das mudanças climáticas,
votar contra resoluções de acionistas relativas a esse tema e obstruir a ação
climática.
Os recifes de corais
coloridos e brilhantes, cheios de vida, tornaram-se brancos, depois marrom escuros,
até morrerem e serem cobertos por algas. Em lugares como a Grande Barreira de
Corais, na Austrália, até 50% dos recifes antes saudáveis
descoloriram e morreram. Na América do Norte, a Administração Oceânica e
Atmosférica Nacional (NOAA) prevê que Guam, a Comunidade das Ilhas
Marianas Setentrionais, a Micronésia Oriental e a Ilha de Hainan (China) possam
sofrer a pior descoloração nos próximos meses. Também haverá descoloração no
Havaí e em vários pontos do Caribe.
Esse fenômeno teve
início em 2014 com uma descoloração que se estendeu do oeste do Pacífico até a
Flórida. Em 2015, espalhou-se pelo mundo todo, principalmente em decorrência do
impacto do aquecimento global, pois a maior parte da descoloração ocorreu antes
do El Niño de 2015/2016. Os recifes abrigam aproximadamente 25% das espécies
marinhas. Portanto, uma descoloração massiva de corais coloca em risco o meio
de subsistência de 500 milhões de pessoas, além de bens e
serviços no valor de US$ 375 bilhões a cada ano.
A Exxon é um exemplo
de como as empresas de combustíveis fósseis ganham centenas de bilhões enquanto
destroem alguns dos lugares com maior biodiversidade da Terra, financiando uma
ampla rede que nega a existência das mudanças climáticas. Recentemente, a Exxon
adquiriu na América Latina dois blocos para a exploração de petróleo e gás de
xisto: na Bacia do Ceará e na Bacia Potiguar, no Brasil. A empresa também
planeja investir mais de US$ 10 bilhões nas próximas décadas em Vaca Muerta, um
dos maiores depósitos de gás de xisto do mundo, localizado na Patagônia
argentina.
A atração pelo “ouro
negro” estimulou grandes investimentos em Vaca Muerta, que apresentou um
crescimento populacional considerável: de três mil habitantes para seis mil
habitantes em menos de dois anos. A população enfrenta um conflito entre uma
economia de subsistência e a atividade extrativista em um território
dominado pelo setor de hidrocarboneto, onde prevalece a violação dos direitos
humanos. Por sua vez, as bacias brasileiras abrigam ecossistemas que possuem um
papel fundamental na preservação de espécies, como o peixe-boi.
Fonte: 350.org Brasil
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