Os
anticoagulantes usados para afinar o sangue e prevenir a trombose de artérias e
veias são fundamentais na rotina dos portadores de arritmias (principalmente a
fibrilação atrial), doenças valvares e doenças hereditárias como a trombofilia
(propensão a desenvolver trombose). No pós-operatório da cirurgia de
quadril e de joelho, o uso dessa classe de medicamento também é uma prática
comum. O que muita gente desconhece é que os usuários desses anticoagulantes
devem ter cuidado dobrado para evitar hemorragias quando submetidos a
tratamentos odontológicos.
De
acordo com Ricardo Casalino, cardiologista e consultor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional (EAP-Central) da Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas (APCD), quem toma qualquer tipo de anticoagulante
diariamente deve ser informado sobre um risco maior para hemorragias e sempre
avisar o cirurgião-dentista antes de dar início a qualquer tratamento
odontológico, mesmo que seja uma simples limpeza dos dentes. “A maior parte dos
procedimentos não oferece grandes riscos ao paciente, mas extrações e cirurgias
de implante, por exemplo, exigem a suspensão do medicamento algum tempo antes
para evitar sangramento excessivo”.
O
médico chama atenção para outro cuidado fundamental no dia a dia desses
pacientes: a higiene bucal. “Quem cuida bem dos dentes, fazendo escovações
regulares com escovas de cerdas macias, preserva a saúde bucal e evita
procedimentos mais severos, que oferecem chances de sangramento. Mesmo assim,
são várias as situações que oferecem algum risco aos pacientes que tomam
remédio para afinar o sangue. Desde a profilaxia e a limpeza profunda para
eliminação de tártaro e placas, até cirurgias periodontais, extrações, colocações
de próteses e implantes, além de biópsias”.
Na
opinião do especialista, é necessária maior interação entre o médico e o
cirurgião-dentista para avaliar caso a caso, considerando os riscos envolvidos.
Se, em determinadas situações, a suspensão do anticoagulante se mostra o melhor
caminho a seguir, em outros momentos os prejuízos para a saúde do paciente
desaconselham essa medida, necessitando de uma supervisão mais atenta durante o
tratamento odontológico.
“Há
casos em que o paciente será orientado a continuar tomando o medicamento e
caberá ao cirurgião-dentista adotar manobras para estancar eventuais
sangramentos através de pressão, pontos ou curativo alveolar, entre outros.
Além disso, o paciente também poderá contribuir para minimizar os riscos, evitando
cuspir, fazer bochechos, ingerir bebidas quentes e fumar nas 24 horas depois do
tratamento dentário”, alerta Casalino.
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