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segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Varizes vão além da estética e podem se tornar um problema grave de saúde

Varizes tratadas não voltam, mas outras podem se desenvolver e trazer complicações

 

As varizes são caracterizadas pela dilatação das veias normais e acometem tanto mulheres quanto homens. É um problema que vai muito além da estética porque se trata de uma doença. A dilatação das veias faz com que o sangue não circule adequadamente dentro delas e, com isso, pode ocorrer uma série de complicações.

Para o cirurgião vascular e membro da SBACV - Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Dr. Márcio Steinbruch, a saúde deve ter uma atenção maior do que a parte estética. “As varizes podem trazer problemas como tromboflebite, manchas, dor e outros incômodos. Portanto, o alvo principal no tratamento de varizes é a saúde. O estético é importante, também, devemos unir o útil ao agradável”, comentou.

O fator principal do desenvolvimento de varizes é a questão genética, se familiares de um indivíduo têm varizes, a pessoa está predisposta a doença. Mas outros fatores também podem levar ao aparecimento de varizes, como sedentarismo, uso de calçados inadequados, uso de anticoncepcionais, longos períodos em pé ou sentado e até mesmo o envelhecimento.

O tratamento depende dos tipos de vasos que estão presentes e vai desde o uso de medicamentos, passando pelas meias elásticas até tratamentos minimamente invasivos, como cirurgias bem superficiais e o uso do laser. A escolha depende de cada caso. “No tratamento da doença varicosa é preciso descartar as veias doentes da circulação. Outras veias que estão normais podem adoecer e, tempos depois, se transformarem em outras varizes. Assim fica claro que as varizes tratadas não voltam, outras que aparecem”, explicou Steinbruch.

A principal forma de prevenção contra as varizes é o acompanhamento de um cirurgião vascular, que pode tratar a doença antes que ela se torne grave. Mas existem outras maneiras que podem ajudar na prevenção, como a utilização de meias de compressão, praticar exercícios físicos, ter uma dieta rica em fibras, elevar as pernas, evitar ficar longos períodos em pé e também movimentar as pernas enquanto estiver sentado, caso seja por muito tempo. 



Dr. Márcio Steinbruch – Formado pela Universidade de São Paulo (USP), é médico com especialização em cirurgia vascular pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, além disso, possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e é membro efetivo da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Curta as redes sociais do médico: Instagram: @livredevarizes
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Butantan identifica molécula com potencial para combater superbactérias

José Felipe Batista/Comunicação Butantan
Pesquisadores identificaram e sintetizaram a Doderlina que eliminou bactérias como Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa, que causam infecções gastrointestinais e pulmonares

 

Pesquisadores do Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, acabam de identificar e sintetizar uma molécula que batizaram de Doderlina e que apresentou atividade antimicrobiana contra diferentes bactérias e fungos. O estudo foi publicado na revista Research in Microbiology. 

Extraído da Lactobacillus acidophilus, uma bactéria que habita a microbiota humana, o composto não é tóxico e tem potencial para se tornar um novo antibiótico no futuro e ajudar a combater infecções resistentes. 

A resistência antimicrobiana é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das 10 maiores ameaças à saúde pública, e tem como principal causa o uso indiscriminado de antibióticos. Com 1,2 milhão de mortes causadas por bactérias resistentes a cada ano, e quase 5 milhões de óbitos indiretamente associados, a entidade estima que o problema pode custar US$ 100 trilhões à economia global até 2050, e destaca que é preciso ampliar o desenvolvimento de novos antibióticos o quanto antes. 

Em testes em laboratório, o novo composto combateu bactérias que já foram amplamente relatadas como microrganismos multirresistentes, como a Escherichia coli e a Pseudomonas aeruginosa. A primeira está associada ao trato gastrointestinal e urinário e à meningite neonatal, e a segunda pode causar infecções pulmonares e gastrointestinais. 

“Agora, precisamos encontrar parceiros para desenvolver os testes e, em caso de resultados positivos, avançar à fase de testes clínicos”, informa o pesquisador Pedro Ismael da Silva Junior, ressaltando, porém, que há um longo caminho para que um potencial medicamento possa sair da bancada e ser disponibilizado no mercado.

 

Contra infecções recorrentes

A Doderlina se mostrou eficaz, inclusive, contra o fungo Candida albicans, causador da candidíase e conhecido pela capacidade de provocar infecções recorrentes. A infecção por Candida é uma das mais comuns em pessoas imunossuprimidas, e algumas cepas têm apresentado resistência contra o antifúngico padrão. 

A hipótese dos pesquisadores é que a molécula poderia ser utilizada tanto na indústria farmacêutica, para o desenvolvimento de medicamentos, como na indústria alimentícia, para evitar contaminação e tratar animais infectados. 

“Os peptídeos antimicrobianos são compostos sintetizados por todas as formas de vida, com o objetivo de se proteger de ameaças e aumentar sua competitividade para sobreviver em um ambiente específico”, explica Pedro Ismael, que coordenou o estudo, conduzido no Laboratório de Toxinologia Aplicada do Instituto Butantan como objeto do mestrado em Biotecnologia da estudante Bruna Souza da Silva.

 

Estudos e hipóteses

Com ampla experiência em caracterização, purificação e síntese de moléculas, o grupo de pesquisa do Laboratório de Toxinologia Aplicada já identificou diversos compostos com atividade antimicrobiana, provenientes não só de bactérias, mas de veneno e sangue de animais peçonhentos, como aranhas e escorpiões, e também de plantas. Um exemplo é a Mygalina, extraída da aranha Acanthoscurria gomesiana, que demonstrou efeito neuroprotetor em animais, reduzindo a dor neuropática e comportamentos antidepressivos. 

“A ideia por trás disso é que, se esses organismos vivem na Terra há milhões de anos, e mudaram muito pouco ao longo do tempo, eles têm alguma característica que os defende, que os protege. Então nós partimos dessa premissa para buscar novos compostos terapêuticos”, diz o cientista.

 

Aperfeiçoando a molécula

Uma vez identificado um composto com propriedade antimicrobiana, o trabalho não para por aí. Segundo o pesquisador Pedro Ismael, outra etapa é analisar quais partes da sequência da molécula são mais relevantes para que a ação terapêutica aconteça. Para isso, seu aluno de doutorado Elias Jorge Muniz está fragmentando a Doderlina, sintetizando e avaliando a atividade e a toxicidade desses fragmentos separadamente. 

O objetivo é deixar a molécula menor e, consequentemente, mais barata, mais eficaz e mais segura. “Quanto mais aminoácidos tem a molécula, ou seja, quanto maior ela é], maior o risco de ela provocar uma resposta de anticorpos, uma reação do sistema imune”, aponta Pedro.

 


Portal do Butantan


Mais de 270 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer de mama e colo do útero até 2025

Durante a Campanha Outubro Rosa, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) apela para que a população feminina a partir de 40 anos faça mamografia anualmente e cultive hábitos saudáveis

 

Apenas no Brasil, para cada ano do triênio 2023-2025, são estimados 73.610 casos de câncer de mama e 17.010 de colo do útero. No total, mais de 270 mil mulheres serão diagnosticadas com esses dois tipos de tumores, os quais ocupam, respectivamente, a 1ª e 3ª posições  no ranking de tipos de câncer que mais acometem o sexo feminino. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam a mortalidade de 18.361 mulheres por conta do câncer de mama e 6.606 por consequência do câncer de colo do útero.

Durante a Campanha Outubro Rosa, que tem como objetivo compartilhar informações sobre o câncer de mama e, mais recentemente, segundo o Ministério da Saúde, o câncer de colo do útero. O esforço promove a conscientização sobre estas doenças e sobre a relevância do maior acesso aos serviços de diagnóstico. Assim, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) faz um alerta sobre a importância do diagnóstico precoce e como essas iniciativas e esse cuidado podem contribuir para diminuir as taxas de mortalidade no país.

Para a Dra. Marina De Brot, Secretária-Geral da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), o diagnóstico do câncer em estágio precoce está associado diretamente ao maior sucesso do tratamento, evolução mais favorável da doença e melhor qualidade de vida para as pacientes. “Quanto mais cedo se detecta a neoplasia, melhor. As chances de cura do câncer de mama em estágio inicial chegam a 95%", disse ela, que é médica patologista, profissional responsável pela análise da biópsia. Este procedimento é realizado para confirmar o diagnóstico da doença, classificar a neoplasia e auxiliar na determinação do tipo de tratamento mais indicado para cada paciente. A Dra. Marina é especialista em Patologia Mamária.

Entre os fatores que aumentam o risco de câncer de mama, estão a menstruação precoce, primeira gravidez e menopausa tardias, não ter filhos, obesidade na pós-menopausa, terapia de reposição hormonal, histórico familiar de câncer de mama, ovário ou pâncreas, mutações germinativas em genes específicos, como o BRCA1 e BRCA2, e hábitos como o consumo de bebidas alcoólicas. Para mulheres que fazem parte dos grupos de risco, a indicação é que a partir de 40 anos façam a mamografia de rastreamento anualmente, além de pelo menos uma mamografia entre os 35 e 40 anos de idade.

Para prevenir doenças em geral, incluindo vários tipos de câncer, recomenda-se uma alimentação variada e mais natural, rica em fibras, frutas e vegetais, a prática de exercícios físicos regularmente, evitar o consumo de álcool e o tabagismo. No entanto, mesmo que a pessoa tenha uma vida com hábitos saudáveis, os exames regulares como a mamografia no caso de câncer de mama ou o teste de HPV e/ou Papanicolau para o câncer de colo de útero, são essenciais para a detecção precoce da doença. 

Já em relação ao desenvolvimento do câncer de colo do útero,  a principal causa é o papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês) e, entre os principais fatores de risco, estão o início precoce da vida sexual, a multiplicidade de parceiros e o tabagismo. O rastreamento, idealmente realizado através do teste molecular para identificar o vírus HPV, é o instrumento mais eficaz para identificar as lesões precursoras de câncer de colo do útero. A vacinação de meninas e meninos de 9 a 14 anos contra o HPV também é crucial para combater a doença. A mesma é fornecida e aplicada pelo SUS nesta faixa etária.


Outras iniciativas:

Pelo segundo ano consecutivo, a SBP firma acordo de Cooperação Técnica com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, com o intuito de ajudar a rastrear e tratar o câncer de colo do útero em mulheres indígenas. A parceria faz parte do Movimento Outubro Rosa. A instituição também tem participado de diversas campanhas que focam no combate e importância do diagnóstico precoce do câncer, como a Campanha Setembro Púrpura, dedicada ao combate do câncer ginecológico, Dia Nacional de Combate ao Fumo e Agosto Branco, mês de conscientização sobre o câncer de pulmão, segunda doença mais mortal em mulheres, entre outras.

Seja responsável pela sua vida e faça exames regularmente. Diante de qualquer alteração, procure atendimento médico. Para saber mais sobre diagnóstico precoce e campanhas que a SBP participa, acesse www.sbp.org.br.

 

Sociedade Brasileira de Patologia  - SBP

 

Apenas 58% das brasileiras fazem uso regular de contraceptivos

Especialistas alertam sobre os riscos de IST e gravidez em jovens, cujas taxas crescem no país

 

O Instituto Ipsos, a pedido da farmacêutica Organon Brasil, realizou um estudo entre julho e agosto, envolvendo 600 entrevistadas com idades de 18 a 45 anos das classes A, B e C, e constatou que 9 entre 10 mulheres têm consciência sobre os cuidados em relação à saúde sexual e reprodutiva. Mas, enquanto 92% das entrevistadas já utilizaram contraceptivos, apenas 58% fazem uso regular.

 

Gravidez precoce agrava o cenário

O Relatório de População da ONU 2023 mostrou que 1,8 milhão, ou 55,4%, de todos os nascimentos no Brasil não foram planejados. A taxa de gravidez precoce é de 68,4 nascimentos para cada mil adolescentes entre 15 e 19 anos. Estima-se que, por ano, mais de 400 mil adolescentes brasileiras se tornam mães: 50% a mais do que a média mundial 

“A adolescente está em plena fase de formação fisiológica, e uma gestação nesse período gera uma série de riscos, principalmente em menores de 16 anos ou quando a ocorrência da primeira menstruação foi há menos de dois anos”, afirma Carlos Moraes, ginecologista obstetra pela Santa Casa/SP, membro da FEBRASGO e especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.             

Um dos principais riscos está relacionado ao ingresso tardio do pré-natal e, consequentemente, ao seguimento incorreto do prognóstico materno e perinatal. “Os ciclos menstruais irregulares nos dois anos pós-menarca, a falta de conhecimento do próprio corpo e a não aceitação da gravidez são alguns dos motivos que atrasam o início do pré-natal”, pontua o ginecologista. 

Além disso, há uma frequente exposição materna a medicamentos, álcool, tabaco e outras drogas no início de uma gestação ainda não identificada ou reconhecida pela adolescente.

 

Aumento de ISTs em jovens é mais um desafio

De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2022, do Ministério da Saúde, o número de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) têm aumentado no Brasil, principalmente entre jovens de 15 a 24 anos. Só em 2021, a sífilis, por exemplo, passou de 59,1 casos (a cada 100 mil) para 78,5. Já entre 2011 e 2021, mais de 52 mil jovens com HIV, desta faixa etária, evoluíram para a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). 

Segundo o ginecologista obstetra Carlos Moraes, os preservativos ainda são os métodos mais acessíveis e funcionais contra ISTs, mas não são os únicos (até porque o uso de preservativos entre jovens de 15 a 24 anos caiu de 47%, em 2017, para 22%, em 2019, segundo o boletim). 

“A rede básica gratuita de saúde atende hoje meninas e meninos de 9 a 14 anos com a vacina quadrivalente (4V) contra os quatro subtipos de HPV: 16, 18, 6 e 11. Já para aqueles com risco de infecção pelo HIV devem fazer uso de antirretrovirais na Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e Pós-Exposição (PEP), também disponíveis pela rede pública”, orienta Carlos Moraes. 

No entanto, o médico avisa que a PrEP não imuniza contra outras ISTs. “Mais uma razão para usar o preservativo. Além de proteger contra as ISTs, previne a gravidez”.

 

Conhecimento é a melhor prevenção

Para Dani Fontinele, terapeuta sexual e membro da ABRASEX, o cenário atual pode ser atribuído a fatores como mudanças comportamentais e falta de educação sexual adequada. “Nunca foi tão importante aplicar a ‘educação sexual abrangente’. “Ela agrega as complexidades dos relacionamentos íntimos, habilidades sobre relações saudáveis e as tomadas de decisões sexuais. Tudo o que os jovens de hoje precisam aprender”. 

Bárbara Bastos, sexóloga clínica e educacional pela FASEX, complementa. “O binômio informação e acesso aos centros de saúde é o que dita as regras da contracepção, pois a maioria não sabe se prevenir de forma adequada, não compreendendo o funcionamento de cada método, utilizando-o de maneira errônea ou, simplesmente, abandonando seu uso por questões pessoais”.


Reconstrução mamária após o câncer: questão de identidade e plenitude

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A campanha Outubro Rosa torna-se ainda mais valorosa diante da projeção divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Até o final deste ano, estimam-se 73.610 novos casos de câncer de mama no Brasil. Entre as mulheres diagnosticadas com a doença, 70% se submetem a mastectomia, seja ela parcial ou total. O procedimento consiste na remoção do tecido afetado pela neoplasia, bem como suas áreas circunjacentes. A quantidade de tecido a ser removido depende de vários fatores, como subtipo do tumor, seu grau de diferenciação e seu tamanho no momento da cirurgia.

Em tumores iniciais, menores ou mesmo in situ, pode-se realizar mastectomia parcial ou quadrantectomia. Nestes casos, muitas vezes é possível a reconstrução mamária com tecido próprio da paciente, ou com auxílio de prótese mamária, sem necessariamente termos que lançar mão de retalhos musculares ou à distância.

Em casos mais avançados, pode ser necessária a retirada de toda mama - mastectomia total - ou a retirada do tecido mamário de forma a poupar a pele – adenectomia. Nestes casos, indica-se reconstrução mamária com técnicas cirúrgicas mais avançadas.

Seja qual for o caso, a reconstrução de mama, com os vários recursos disponíveis em cirurgia plástica, representa para as mulheres uma possibilidade de reabilitação física, emocional e social. E a chance de viver plenamente.

De acordo com o levantamento mais recente do Ministério da Saúde, em 2021 o Brasil realizou 37.226 mastectomias e 24.021 cirurgias plásticas para reconstrução mamária nos hospitais habilitados no SUS (Sistema Único de Saúde). A cirurgia reparadora após a retirada total ou parcial da mama é assegurada por lei federal, que vigora desde 1999, e determina a realização do procedimento pelo SUS. Os planos de saúde, da mesma forma, são obrigados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) a oferecerem tal cobertura. Vale lembrar que tanto a reconstrução da mama afetada, quanto a cirurgia da mama sadia para simetrização de ambas, são asseguradas pelos mesmos órgãos.

Para as mulheres que estoicamente enfrentam os tratamentos de câncer de mama, a cirurgia plástica dispõe de recursos cada vez mais aprimorados que permitem a reconstrução do órgão. Os procedimentos podem ser feitos imediatamente após a retirada do tumor ou da mama, no mesmo tempo cirúrgico, sendo esta a opção mais desejada por médicos e pacientes. Entretanto, em algumas situações, a reconstrução não pode ser realizada em mesmo tempo, sendo realizada mais tarde, após a reabilitação da paciente.

Como vimos, a reconstrução mamária aumenta o seu grau de complexidade, a depender da quantidade de tecido retirado. Por exemplo, em tumores pequenos, diminutos, dependendo da gravidade, é possível fazer reconstruções mamárias com o próprio tecido da paciente. As mamas ficam um pouco menores, mas mais projetadas e com cicatriz parecida com a de uma mastopexia estética. Lembramos, já neste momento, que é possível também realizar a simetrização, ou seja, adequar o volume da mama contralateral ao volume atual da mama reconstruída.

Em casos mais complexos, pode haver a necessidade de reconstrução mamária com utilização de retalhos musculares locais, como músculo peitoral maior, peitoral menor, serrátil anterior, bem como o reto abdominal. Esta reconstrução muitas vezes requer a utilização de prótese mamária, com cobertura muscular da mesma, simulando um aumento volumétrico da mama já retirada.

Nas situações em que há uma perda maior de pele, ou mesmo quando há a retirada de parte dos músculos torácicos pela invasão da doença, faz-se necessária a utilização de retalho de outra parte do corpo apara cobertura adequada. Podemos, nestes casos, usar o retalho do músculo grande dorsal, que é rodado para a parte anterior da paciente, promovendo a cobertura adequada da área a ser reconstruída. Outro retalho de rotação e pediculado é o retalho de músculo reto abdominal, em que se rodam pele, tecido celular subcutâneo e o próprio músculo para cobertura da mesma forma.

Em casos selecionados, quando não é possível a utilização dos retalhos pediculados, ou mesmo por opção do cirurgião, pode-se a aplicar a técnica de retalho microcirúrgico. Este é confeccionado ao seccionarem-se os vasos de músculos à distância e anastomosá-los aos vasos locais de irrigação da mama e do tórax. Desta forma, cobre-se bem a área afetada.

Em todas as técnicas de retalhos musculares, é indicada a reconstrução de sua área doadora, seja na técnica microcirúrgica, seja na técnica pediculada.

Mesmo em uma cirurgia de reconstrução mamária, o cirurgião plástico sempre busca o aspecto estético. E em cirurgias estéticas muitas vezes também se promove uma ação reparadora. Mas cabe relembrar que há limitações técnicas e também de resultados estéticos, uma vez esta é uma cirurgia reconstrutiva e reparadora com resultados mais difíceis e complexos. Fatores locais e mesmo o tratamento do câncer com medicações e radioterapia, podem influenciar na cicatrização e na recuperação do tecido reconstruído. A prioridade sempre é o tratamento da doença, mas o especialista também considera o resgate da autoestima!

Como em qualquer procedimento, a reconstrução mamária requer exames, cuidados e avaliações no pré-operatório, sempre acompanhados por um especialista participante Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e/ou da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A recuperação da paciente, com os recursos avançados oferecidos pela cirurgia plástica, é mais rápida e mais segura.

Entre as pacientes submetidas à mastectomia, a retirada da mama é comparável à perda de um órgão do corpo, ou mesmo uma mutilação, que neste caso as identifica culturalmente como mulheres. O viés da autoestima contempla um condicionante de existência, que é viver com saúde e plenitude.

 

Dr. Juliano Pereira - Cirurgião plástico e coordenador do Departamento de Cirurgia Plástica da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas)


Doctor Clin promove conscientização para prevenção da gravidez na adolescência

 

Desafio é estabelecer uma abordagem integrada que englobe educação sexual aberta, acesso a métodos contraceptivos e diálogo aberto entre pais, cuidadores e profissionais de saúde

 

No dia 26 de setembro, data que foi celebrada como o Dia Mundial de Prevenção de Gravidez na Adolescência, a Doctor Clin se une a esta causa vital, destacando a importância de informar e empoderar os jovens para tomar decisões informadas sobre sua saúde sexual. A gravidez na adolescência acarreta desafios significativos tanto para os jovens como para a sociedade em geral.

De acordo com dados do Ministério da Saúde do Brasil, a taxa de gravidez entre adolescentes de 15 a 19 anos foi de aproximadamente 56,3 nascimentos para cada 1.000 jovens em 2020. Estas estatísticas ressaltam a necessidade urgente de fornecer educação sexual aberta e precisa, acesso a métodos contraceptivos e um espaço seguro para diálogos sobre responsabilidade sexual. Capacitar os adolescentes a tomar decisões informadas é fundamental para prevenir gravidezes não planejadas que podem impactar seu futuro e bem-estar.

Para a médica obstetra, Roberta Holme, o maior desafio para enfrentar o problema da gravidez na adolescência é educar adolescentes e, sobretudo, promover o diálogo.

"Em muitos lares, os adolescentes enfrentam desafios para se comunicar com seus pais devido a diversas razões, como a educação recebida, a rigidez no ambiente familiar, o medo ou até mesmo a ausência dos pais. Nesse contexto, considero que as escolas de ensino fundamental e os postos de saúde desempenham um papel fundamental. É importante mencionar também o papel das assistentes sociais, que podem visitar as famílias, estabelecer diálogos construtivos, entender suas necessidades, oferecer orientação e, em seguida, encaminhar as adolescentes para os centros de saúde. Dessa forma, é possível discutir e recomendar o método contraceptivo mais adequado para cada caso”, afirmou.

Um aspecto fundamental na gestação na adolescência, que merece nossa atenção, é a responsabilidade compartilhada. Muitas vezes, a gravidez adolescente é encarada como uma questão feminina, e isso pode levar a um isolamento das jovens mães. Após cerca de um ano, é comum observar a dissolução dos casais e a jovem mãe assumindo a responsabilidade exclusiva pela criança. Isso torna desafiador o retorno aos estudos e a entrada no mercado de trabalho.

“Acredito que é crucial focar não apenas na educação das meninas, mas também dos meninos. Ambos devem ser educados sobre a prevenção da gravidez na adolescência e sobre a importância de assumir responsabilidade conjunta pela criança. Muitas vezes, a ênfase recai apenas sobre as mulheres, negligenciando o papel dos homens nesse processo. Promover diálogos abertos e informativos sobre esse tema não deve ser direcionado exclusivamente às meninas, mas também aos meninos. Acredito que isso terá um impacto significativo e positivo, contribuindo para uma abordagem mais equitativa e consciente da gestação na adolescência”, acrescentou.

A especialista lembra que no Brasil existe uma boa distribuição de anticoncepcionais de preservativos. Portanto, o foco deve estar na educação.

"A questão do uso da camisinha por adolescentes é cercada de preocupações e tabus. Tanto os meninos quanto as meninas enfrentam medos e inseguranças quando se trata de discutir e usar métodos contraceptivos. Nas escolas, não se trata apenas de ensinar os métodos anticoncepcionais, pois os adolescentes geralmente já têm esse conhecimento. O que realmente falta é abrir espaço para discussões abertas e honestas, criar um ambiente onde eles possam expressar suas opiniões, preocupações e necessidades. Isso pode ser alcançado por meio de rodas de conversa e programas de educação sexual que incentivem a comunicação e o entendimento mútuo. Além disso, é essencial aumentar o acesso aos métodos contraceptivos de longa duração, como o DIU e os implantes. A adolescência é uma fase da vida marcada pela instabilidade e pela facilidade de esquecimento ao tomar anticoncepcionais diários. Portanto, investir em métodos mais duradouros na saúde pública pode ser uma solução eficaz para reduzir as taxas de gravidez na adolescência. Acredito que uma abordagem mais aberta, educativa e acessível à contracepção teria um impacto significativo e positivo nessa questão sensível”, finalizou a médica.


Marcelo Matusiak

 

Quase 90% das empresas do Brasil registraram funcionários afastados por doenças mentais neste ano, revela pesquisa


Uma pesquisa inédita da Conexa, ecossistema digital de saúde, líder na América Latina, realizada com gestores e profissionais de recursos humanos de 767 empresas do País, constatou que a saúde mental do brasileiro no ambiente do trabalho vai muito mal. Das 1.589 pessoas que responderam perguntas elaboradas pela startup, 87% afirmaram ter ocorrido afastamento em sua corporação por causa de doenças que afetaram a mente do colaborador somente neste ano.

 

A ansiedade (com 51%) é o transtorno, de acordo com os pesquisados, que mais afastou as pessoas do trabalho, seguido por depressão (17%), estresse (16%) e síndrome de burnout (14%). O estudo foi feito nos dias 8, 9 e 10 de agosto com visitantes do Congresso Nacional de Gestão de Pessoas (Conarh) neste ano, em São Paulo. Mais de um funcionário da mesma empresa podia responder as mesmas perguntas e, consequentemente, apresentar visão diferente do outro.

 

Do total, 48% dos gestores e funcionários de rhs ainda relataram que, por percepção, eles acreditam que possam existir pelo menos 10% de colaboradores espalhados em suas empresas com doenças mentais não detectadas. Outros 19% acham que 20% dos funcionários em seus ambientes de trabalho têm diagnósticos ainda não identificados, além de também 19% declararem que não sabem dizer.

 

Esta grave situação no ambiente do trabalho já havia sido alertada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu relatório anual, divulgado em 2022. Segundo a entidade, há um considerável aumento de diagnósticos de depressão ou ansiedade no Brasil.

 

São cerca de 11,5 milhões, maior número da América Latina, muitos destes adquiridos no mercado de trabalho. “A situação é bem grave em nosso País e as próprias lideranças já se atentam a este problema, conforme pudemos constatar nesta pesquisa”, afirma Erica Maia, médica psiquiatra e gerente de saúde mental da Conexa. “Investir em programas de saúde mental não deve ser visto apenas como um benefício para a empresa; é uma estratégia de negócios para que haja um ambiente colaborativo, saudável, com mais produtividade e retorno financeiro para as corporações”, emenda Erica.

 

A visão das lideranças e dos funcionários dos rhs também ficou clara na pesquisa Conexa. O estudo mostrou que cerca de 80% dos respondentes acreditam que dar acesso a médicos e psicólogos é muito importante para a empresa e colaboradores. Apenas 4% dos participantes não consideram o benefício à saúde como a principal necessidade da empresa. Só 1% considera pouco importante essa questão.

 

Dos pesquisados, 47% consideram ainda a saúde mental como a principal dor/desafio dentro da empresa. Em segundo lugar foi apontado o clima e cultura organizacional (24%) e em terceiro a atração e retenção de talentos (18%).

 

Metodologia

 

O questionário com nove perguntas foi respondido, nos dias 8, 9 e 10 de agosto, por 1.589 pessoas que trabalham dentro de setores de recursos humanos e/ou gestão de pessoas nas empresas.

A amostra representou 767 empresas que participaram do Congresso Nacional de Gestão de Pessoas (Conarh), considerado como sendo o maior evento de gestão de pessoas da América Latina. A feira foi promovida pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).

Somente coordenadores (20%), gerentes (14%), diretores (5%), vice-presidentes (1%), além de outras lideranças incluindo colaboradores de rhs (60%) participaram da pesquisa. A maior parte das pessoas que respondeu as perguntas (25%) pertenciam a uma empresa que tem entre 101 e 500 funcionários, seguidos por outros que eram contratados por uma corporação com 1.001 a 5 mil empregados (24%).

 

Sobre a Conexa   

 

Fundada em 2017, a startup Conexa, ecossistema digital de saúde baseado em valor, conta com milhares de médicos, psicólogos e nutricionistas. Une pacientes, profissionais, empresas e operadoras com o objetivo de reduzir as ineficiências de custo e qualidade de atendimento do sistema suplementar de saúde.

 

A empresa oferece a saúde integral porque disponibiliza cuidados multidisciplinares ao longo de toda a vida dos pacientes. Agrega a inteligência graças à ampla base de dados que dá subsídios aos clientes corporativos ou de operadoras para que ocorra a melhor tomada de decisão na sua gestão populacional.

 

Nasceu com o objetivo de democratizar o acesso à saúde de qualidade. Oferece produtos de saúde mental, consultas online em mais de 30 especialidades. Cuida de pacientes com doenças crônicas e de urgência – com o Pronto Atendimento Virtual, no qual um médico começa a atender um paciente em menos de cinco minutos.

 

 A empresa trabalha também com soluções mais longitudinais no qual o paciente é acompanhado durante toda sua jornada de saúde. Um exemplo é o Programa de Atenção à Saúde Primária, englobando cuidados da baixa à média complexidades.

 

Atualmente, os profissionais da Conexa realizam mais de 400 mil consultas por mês, sendo 180 mil em saúde mental. O modelo de negócios, voltado para B2B, possibilita à Conexa cobrir 24 milhões de vidas.

 

Conta com renomado board médico formado por médicos como Ben-Hur Ferraz Neto, Roberto Botelho, Romeu Domingues e Otávio Gebara.

 

Desde 2020, a Conexa tem recebido aportes de grandes grupos financeiros. A e.Bricks Ventures, General Atlantic, Família Fraga, Goldman Sachs, Igah Ventures e Endeavour Scale-Up acreditaram no projeto e ajudaram a empresa a se consolidar no mercado de telessaúde.

 

Em 2021, houve um novo passo importante para sua história: a integração da Psicologia Viva, por meio de M&A.

Outubro Rosa: Mulheres devem manter seu autocuidado anual e olhar para mamas com amor e atenção

 

Rede Mater Dei de Saúde oferece atendimento completo para pacientes que buscam da prevenção ao câncer de mama aos tratamentos mais modernos

 

O câncer de mama é causado por diversos fatores: ambientais, comportamentais, histórico, hormonal e reprodutivo da mulher, bem como genética e a hereditariedade. Neste mês do Outubro Rosa, a Rede Mater Dei de Saúde convida todas as mulheres a refletirem sobre seu autocuidado: como estão os exames ginecológicos e de mamas? Estão atarefadas em demasia e, por isso, abandonaram a rotina de cuidados com a prevenção? Se você está nessa situação, saiba que não está sozinha – muitas mulheres vivenciam o mesmo. Mas, nem por isso, deve-se relaxar. Pelo contrário: é hora de se organizar e se priorizar, uma vez que a prevenção ainda é o melhor tratamento para evitar o câncer de mama. 

De acordo com a coordenadora do Serviço de Mastologia da Rede Mater Dei, Anna Salvador, “o câncer de mama é o que mais acomete a mulher brasileira, sendo que alguns deles são detectados em estágios mais avançados, e, por isso, é muito importante que a mulher invista em seu autocuidado e aprenda a identificar alterações em suas mamas, como nódulos, assimetrias, retrações e mudança de cor na pele”.

“Mantemos há mais de uma década uma campanha especial focada no câncer de mama para as mulheres e no de próstata para homens, já que juntamente com o câncer de pele são as neoplasias que mais atingem as brasileiras e brasileiros.  E neste Outubro Rosa não podemos deixar de alertar todas as mulheres – jovens adultas, de meia idade e mais velhas – a olharem para suas mamas com amor e atenção”, diz a médica. 

Dados do Instituto Nacional do Câncer, o Inca, indicam que para o ano de 2023 são estimados 73.610 novos casos de câncer de mama em todo o Brasil. Segundo o próprio Inca, cerca de 30% dos casos podem ser evitados apenas adotando hábitos  saudáveis, um deles a atividade física. Mas uma pesquisa da Vigitel, divulgada pelo Ministério da Saúde em 2019, aponta que apenas 32,4% da população feminina do país é fisicamente ativa. Esse é um dado de alerta que indica a importância de esclarecer e conscientizá-las sobre os benefícios específicos que a atividade física traz para sua saúde e como esses benefícios podem melhorar as necessidades do corpo feminino. 

“A mulher do século 21 é ainda mais multitarefa, com compromissos profissionais, da casa e aquelas que têm filhos ainda se desdobram em outros afazeres. Conciliar tudo isso a uma rotina de atividades físicas, alimentação equilibrada, vida social não é fácil. Por isso, é fundamental que a mulher se conscientize da importância de ter um tempo para si, para cuidar de sua saúde e olhar para seu corpo”, acrescenta a ginecologista, enfatizando que exames preventivos devem ser realizados ao menos uma vez a cada 12 meses.

Com foco na prevenção do câncer de mama e para tratar os casos em que a doença surgiu, a Rede Mater Dei de Saúde criou, em 1986, o Serviço de Mastologia, especialidade da medicina responsável pelo estudo das glândulas mamárias, ou seja, que cuida da prevenção, diagnóstico e tratamento das patologias da mama.

Ligado ao Hospital Integrado do Câncer, em Belo Horizonte, o serviço está inserido em uma estrutura hospitalar multidisciplinar e de multiespecialidades, reunindo em um só lugar equipes de mastologia, hematologia, medicina diagnóstica, oncologia, radioterapia, entre outras, que focam no cuidado relacionados às mamas. 

Para isso, a Rede investiu no que existe de mais avançado para a detecção do câncer de mama: a mamografia digital DR de última geração. O aparelho conta com a opção da tomossíntese, um exame que permite acrescentar à mamografia habitual uma série de imagens 3D, em múltiplos ângulos, colaborando para um diagnóstico mais preciso e seguro. 

“O exame, em três dimensões, aumenta em até 25% a possibilidade de detecção do tumor no estágio inicial. Concomitantemente à mamografia, a ultrassonografia e a ressonância magnética são exames complementares ao diagnóstico de doenças das mamas. Por esses métodos, as biópsias dirigidas também podem ser realizadas levando ao diagnóstico e orientando tratamentos, afirma o mastologista e presidente da Rede Mater Dei, Henrique Salvador.

Sintomas – Toda mulher deve observar sua mama. Isso pode ser feito em casa, durante o banho, por exemplo. De acordo com a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde de Mama (Femama), uma associação sem fins econômicos criada para ampliar o acesso ágil e adequado ao diagnóstico e ao tratamento do câncer de mama para todas as brasileiras, os sintomas do câncer de mama podem variar de acordo com a paciente, mas alguns sinais merecem atenção especial: 

  • Inchaço ou vermelhidão de toda ou parte de uma mama — mesmo que não se sinta um nódulo;
  • Nódulo único endurecido;
  • Irritação ou abaulamento de uma parte da mama;
  • Dor na mama ou no mamilo;
  • Inversão do mamilo;
  • Espessamento ou retração da pele ou do mamilo;
  • Secreção sanguinolenta ou serosa sendo expelida pelos mamilos;
  • Linfonodos aumentados.

“É imprescindível que toda a população feminina seja informada e conscientizada sobre a prevenção do câncer de mama com a realização da mamografia a partir dos 40 anos de idade, o autoexame frequente das mamas e a efetividade do diagnóstico precoce”, acrescenta a médica Anna Salvador. 

 

Rede Mater Dei de Saúde
Minas Gerais: Hospital Mater Dei Santo Agostinho, Hospital Mater Dei Contorno, Hospital Mater Dei Betim-Contagem, Hospital Mater Dei Santa Genoveva, CDI Imagem e Hospital Mater Dei Santa Clara;
Bahia: Hospital Mater Dei Salvador e Hospital Mater Dei Emec;
Goiás: Hospital Mater Dei Premium;
Pará: Hospital Mater Dei Porto Dias.


As cinco maiores ameaças aos animais marinhos brasileiros

Pesquisador da Cátedra da Unesco do Oceano alerta para a perda de biodiversidade na Amazônia Azul



Mero, o “gigante dos mares”, é uma das espécies brasileiras ameaçadas


A rica biodiversidade animal nos cerca de 5,7 milhões de km² do território marítimo brasileiro – também chamado de Amazônia Azul – enfrenta ameaças crescentes ocasionadas pela ação humana, alerta o Prof. Dr. Alexander Turra, coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano e conselheiro da Conselho Regional de Biologia da 1ª Região (CRBio-01).

O Biólogo aponta as cinco principais pressões sobre as espécies nativas que habitam a região. A primeira é a supressão de habitats na costa brasileira, por exemplo, com a degradação de áreas de restingas e dunas para urbanização. Os casos ainda mais graves são os de supressão de áreas de manguezal para a construção de portos, marinas, fazendas de produção de camarão, áreas de produção de sal e outras atividades econômicas.

Alexander Turra, que também é professor titular do Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP), ressalta que os manguezais servem de berçário para inúmeras espécies marinhas, que passam ali parte do seu ciclo de vida. O mero, conhecido como “gigante dos mares”, um peixe que pode chegar a até 3m de comprimento e 300kg, é uma das espécies brasileiras ameaçadas pela combinação da supressão dos manguezais e sobrepesca.

A sobrepesca, por sua vez, é um fenômeno de escala mundial. A captura além da capacidade de reposição reduz as populações de diferentes espécies. Nos últimos anos, a comunidade científica, ONGs e grupos de pressão elevaram o tom das críticas contra a pesca industrial e a discussão chegou ao público por meio de documentários e da imprensa. Mas a pressão por restrições enfrenta o lobby sólido da indústria pesqueira e argumentos sobre a importância dos pescados em um mundo onde ainda há insegurança alimentar e fome.

Alexander Turra lembra que há uma série de regulamentações para a pesca no Brasil. O defeso proíbe a captura de algumas espécies durante determinados meses do ano. Há unidades de conservação com restrições à pesca ou onde não se pode fazer qualquer tipo de captura, que acabam funcionando como áreas de produção de pescado – cerca de um quarto da Amazônia Azul é protegida por unidades de conservação.

O Biólogo cita também legislações regionais que proíbem certas práticas, como no estado do Rio Grande do Sul, que estabeleceu uma área de exclusão de arrasto de até 12 milhas da costa.

No entanto, ele ressalta, o desafio é conseguir que a regulamentação seja efetivamente respeitada. As atividades pesqueiras comumente acontecem distante da costa e dos olhos das autoridades, o que dificulta a fiscalização.

A terceira ameaça às espécies marinhas brasileiras – e planetárias – é a poluição do oceano. O esgoto residencial e industrial lançado no mar contém poluentes como óleo e metais pesados, além de material orgânico.

Alexander Turra chama a atenção em particular para o dano causado aos animais pela poluição por plásticos. A partir de meados do século passado, com a chamada Revolução dos Plásticos, o lançamento de lixo plástico no oceano cresceu exponencialmente. Ao contrário de outros materiais, o plástico demora um longo tempo para se degradar e fica acumulado na água.

Quando o plástico finalmente se degrada, origina pequenas partículas, os microplásticos, que são ingeridos por peixes, tartarugas, mamíferos, aves marinhas e invertebrados, muitos deles consumidos pelos seres humanos, que podem se contaminar ao comer os pescados.

“Os animais marinhos sofrem também com a chamada pesca fantasma, que é acarretada pelos petrechos de pesca perdidos ou abandonados no oceano pelos barcos pesqueiros. Armadilhas, linhas e redes deixadas na água continuam capturando os animais, que com frequência morrem”, relata Alexander Turra.

A invasão de espécies exóticas também representa um risco para os animais marinhos que ocorrem na Amazônia Azul. Como acontece em terra, as espécies exóticas invasoras podem predar as nativas e provocar desequilíbrios nos ecossistemas marinhos.

É o caso do peixe-leão, espécie exótica que se instalou em águas brasileiras, principalmente no litoral da Região Nordeste. A população de peixe-leão cresceu rapidamente nesses locais, porque eles não têm predadores naturais. Por sua vez, eles se alimentam de espécies de peixes menores, cujas populações vêm se reduzindo.

Alexander Turra explica que as espécies exóticas chegam aqui por meio do transporte marítimo, na água de lastro e casco das embarcações. A água de lastro é a água do mar bombeada para tanques no interior do navio, que tem por finalidade estabilizar a embarcação. Ela contém organismos em estágios iniciais de desenvolvimento, que são introduzidos aqui quando os barcos despejam a água de lastro na região costeira.

Outras espécies exóticas chegam aqui incrustadas no casco das embarcações e nas plataformas de petróleo. O Biólogo ressalta que o Brasil segue protocolos internacionais de prevenção às duas ocorrências. No caso da água de lastro, um dos procedimentos é trocar o conteúdo dos tanques antes de a embarcação estar próxima da costa e assim evitar a introdução nos portos de organismos de ecossistemas distantes. Quanto aos cascos e plataformas, o protocolo é minimizar as incrustações por meio da manutenção adequada e pintura.

Por fim, as mudanças climáticas são uma ameaça comum à fauna e flora terrestre e marinha, alerta Alexander Turra. Os impactos negativos sobre as espécies marinhas são diversos.

O aumento da temperatura da água leva à morte de animais, principalmente em águas rasas e em baías. O derretimento da calota polar e geleiras provoca a elevação do nível do mar, o que afeta os habitats costeiros, como praias e manguezais, que podem desaparecer em algumas localidades.

Outra consequência da elevação da temperatura da água é a migração de parte dos indivíduos de algumas espécies marinhas em direção aos polos. A chegada dessas espécies em novos locais causa desequilíbrios. Numa situação mais extrema de aquecimento global, poderia haver uma redução da biodiversidade nas áreas mais quentes do oceano.

O aquecimento das águas está provocando também o branqueamento dos corais. O fenômeno ocorre porque os organismos unicelulares que vivem dentro dos corais e os alimentam acabam se desalojando. Como resultado, os corais perdem a coloração característica e tendem a morrer, se as condições não voltarem à normalidade rapidamente. O branqueamento acontece em regiões tropicais do planeta, inclusive nos recifes de corais no litoral do Nordeste brasileiro.

Alexander Turra destaca também que o excesso de CO2 na atmosfera, que causa o efeito estufa, também provoca a acidificação das águas, uma vez que boa parte desse gás é absorvida pelo oceano. O fenômeno tem consequências dramáticas para organismos marinhos com estruturas calcárias, como esqueletos e conchas, pois compromete a calcificação.

“A ação extremamente urgente é reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O aquecimento global intensifica as pressões causadas por outros estressores. Mas não dá para desconsiderar os outros agressores. Precisamos também fortalecer o licenciamento ambiental para diminuir as emissões de poluentes e ampliar e melhorar a gestão das unidades de conservação. É necessário ainda controlar a supressão de habitats, a pesca e a invasão de espécies exóticas”, afirma o Biólogo.

A nova edição da revista O Biólogo, do CRBio-01, traz um dossiê completo sobre a perda da biodiversidade no Brasil. Leia AQUI.

 

Alexander Turra - Biólogo da Cátedra da Unesco e Conselho de Biologia


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