Desafio é estabelecer uma abordagem integrada que englobe educação sexual aberta, acesso a métodos contraceptivos e diálogo aberto entre pais, cuidadores e profissionais de saúde
No dia 26 de setembro, data que foi
celebrada como o Dia Mundial de Prevenção de Gravidez na Adolescência, a Doctor
Clin se une a esta causa vital, destacando a importância de informar e
empoderar os jovens para tomar decisões informadas sobre sua saúde sexual. A
gravidez na adolescência acarreta desafios significativos tanto para os jovens
como para a sociedade em geral.
De
acordo com dados do Ministério da Saúde do Brasil, a taxa de gravidez entre
adolescentes de 15 a 19 anos foi de aproximadamente 56,3 nascimentos para cada
1.000 jovens em 2020. Estas estatísticas ressaltam a necessidade urgente de
fornecer educação sexual aberta e precisa, acesso a métodos contraceptivos e um
espaço seguro para diálogos sobre responsabilidade sexual. Capacitar os
adolescentes a tomar decisões informadas é fundamental para prevenir gravidezes
não planejadas que podem impactar seu futuro e bem-estar.
Para a
médica obstetra, Roberta Holme, o maior desafio para enfrentar o problema da
gravidez na adolescência é educar adolescentes e, sobretudo, promover o
diálogo.
"Em
muitos lares, os adolescentes enfrentam desafios para se comunicar com seus
pais devido a diversas razões, como a educação recebida, a rigidez no ambiente
familiar, o medo ou até mesmo a ausência dos pais. Nesse contexto, considero
que as escolas de ensino fundamental e os postos de saúde desempenham um papel
fundamental. É importante mencionar também o papel das assistentes sociais, que
podem visitar as famílias, estabelecer diálogos construtivos, entender suas
necessidades, oferecer orientação e, em seguida, encaminhar as adolescentes
para os centros de saúde. Dessa forma, é possível discutir e recomendar o método
contraceptivo mais adequado para cada caso”, afirmou.
Um
aspecto fundamental na gestação na adolescência, que merece nossa atenção, é a
responsabilidade compartilhada. Muitas vezes, a gravidez adolescente é encarada
como uma questão feminina, e isso pode levar a um isolamento das jovens mães.
Após cerca de um ano, é comum observar a dissolução dos casais e a jovem mãe
assumindo a responsabilidade exclusiva pela criança. Isso torna desafiador o
retorno aos estudos e a entrada no mercado de trabalho.
“Acredito
que é crucial focar não apenas na educação das meninas, mas também dos meninos.
Ambos devem ser educados sobre a prevenção da gravidez na adolescência e sobre
a importância de assumir responsabilidade conjunta pela criança. Muitas vezes,
a ênfase recai apenas sobre as mulheres, negligenciando o papel dos homens
nesse processo. Promover diálogos abertos e informativos sobre esse tema não
deve ser direcionado exclusivamente às meninas, mas também aos meninos.
Acredito que isso terá um impacto significativo e positivo, contribuindo para
uma abordagem mais equitativa e consciente da gestação na adolescência”,
acrescentou.
A
especialista lembra que no Brasil existe uma boa distribuição de
anticoncepcionais de preservativos. Portanto, o foco deve estar na educação.
"A
questão do uso da camisinha por adolescentes é cercada de preocupações e tabus.
Tanto os meninos quanto as meninas enfrentam medos e inseguranças quando se
trata de discutir e usar métodos contraceptivos. Nas escolas, não se trata
apenas de ensinar os métodos anticoncepcionais, pois os adolescentes geralmente
já têm esse conhecimento. O que realmente falta é abrir espaço para discussões
abertas e honestas, criar um ambiente onde eles possam expressar suas opiniões,
preocupações e necessidades. Isso pode ser alcançado por meio de rodas de
conversa e programas de educação sexual que incentivem a comunicação e o
entendimento mútuo. Além disso, é essencial aumentar o acesso aos métodos
contraceptivos de longa duração, como o DIU e os implantes. A adolescência é
uma fase da vida marcada pela instabilidade e pela facilidade de esquecimento
ao tomar anticoncepcionais diários. Portanto, investir em métodos mais
duradouros na saúde pública pode ser uma solução eficaz para reduzir as taxas
de gravidez na adolescência. Acredito que uma abordagem mais aberta, educativa
e acessível à contracepção teria um impacto significativo e positivo nessa
questão sensível”, finalizou a médica.
Marcelo
Matusiak
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