Data é instituída para evitar incidentes que matam 16 brasileiros por dia; INATI ensina cuidados para adultos e crianças e lança jogos educativos gratuitos
Os números são alarmantes: 16 brasileiros
morrem afogados por dia, o equivalente a uma morte a cada 90 minutos, colocando
o país no primeiro lugar na América Latina em número de afogamentos. Cuidados
simples já ajudariam a reduzir esses índices e por isso o Mês da Segurança
Aquática, em novembro, é dedicado à conscientização e ao ensino de melhores
práticas para prevenir incidentes, tanto em crianças quanto em adultos.
“O afogamento é democrático, não vê raça, sexo,
nível cultural ou socioeconômico. Ele acontece para todos. A prevenção é o
grande remédio”, diz Rafaele Madormo, fundador do Inati (Instituto de Natação Infantil), que criou a data para promover a
conscientização da segurança aquática. De 5.883 mortes computadas em um ano,
42% foram em vítimas de até 29 anos, sendo seis vezes mais em homens do que em
mulheres, de acordo com o relatório 2025 da Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento
Aquático), com informações do DataSUS do Ministério da Saúde.
Segundo maior causador de mortes infantis no
Brasil, os afogamentos também acometem adultos - 57% das vítimas têm entre 15 e
49 anos -, muitas vezes por ignorarem cuidados simples que, literalmente,
salvam vidas. Saber nadar é apenas uma das camadas de proteção e reduz em 88% o
risco de afogamento em crianças de 1 a 4 anos, mas outras medidas são
fundamentais. O Inati recomenda 5 passos que ajudam a prevenir afogamentos:
1 Nunca nade sozinho, mesmo que seja
adulto e tenha habilidades aquáticas desenvolvidas – câimbras e mal súbito são
imprevisíveis.
2 Não mergulhe de cabeça em águas
desconhecidas – rios, represas e lagos podem ter baixa profundidade e
ocultar pedras ou troncos e causar danos permanentes e até a morte.
3 Não prenda a respiração por muito tempo
–
o risco de apagão na água é real
4 Supervisione as crianças de perto - fique alerta
quando elas estiverem próximas ou dentro da água, sem distrações como o uso do
celular; não delegue a irmãos mais velhos e não confie em boias e flutuadores.
Eles não substituem um adulto atento.
5 Use objetos flutuantes para ajudar
outra pessoa em situação de afogamento – garrafa PET, corda, galho de árvore ou
prancha para que ela se mantenha flutuando. Depois, busque ajuda especializada,
ligue para o Corpo de Bombeiros no 193 ou para o SAMU no 192.
Mês da Segurança Aquática entra no
calendário oficial
Criado em 2012 pelo INATI para unir as escolas
de natação, academias e clubes no combate unificado a esse problema social, o
Mês da Segurança Aquática foi instituído em cidades como São Paulo (SP),
Franca (SP), Ribeirão Preto (SP), Ourinhos (SP), Teutônia (RS) e Londrina (PR). Após quatro anos em
tramitação no Congresso, a lei que oficializa a data nacionalmente foi aprovada
e aguarda sanção presidencial para valer em todo país. “É uma grande vitória. O
reconhecimento nacional vai dar mais alcance e visibilidade à conscientização”,
vibra Madormo.
A proposta PL 3.699/2021, do deputado Carlos
Zarattini (PT–SP), inclui a data no calendário oficial, reforçando o papel da
educação preventiva como política pública. A lei determina que os governos
federal, estaduais, distrital e municipais promovam campanhas e ações
educativas para reduzir os riscos de afogamento e os acidentes de mergulho em
águas rasas.
Cada óbito por afogamento custa R$ 210 mil ao
Brasil, segundo a Sobrasa, e aumentar o investimento em prevenção pode salvar
até 774 mil crianças até 2050, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
O engajamento público reduz custos e traz impacto social com parcerias em
escolas e centros esportivos, por exemplo. “Não precisa ter piscina para falar
de segurança aquática. Aprender a nadar é uma das camadas de proteção, mas há
outras ações importantes que podem ser ensinadas em qualquer lugar no processo
de conscientização”, aponta Madormo.
Inati cria jogos educativos para crianças
O Inati lança jogos educativos gratuitos como
parte da campanha do Mês da Segurança Aquática. Quebra-cabeças, jogo da
memória, álbum de figurinhas e até um jogo de tabuleiro fazem parte do material
disponibilizado no site do instituto. “A criança é vetor do conhecimento. Ela
brinca, aprende e envolve a família, ajudando todos a absorverem a informação”,
diz Sandra Rossi Madormo, professora de natação e cofundadora da entidade.
A proximidade do verão torna as medidas ainda
mais urgentes, já que esse período concentra 31% dos afogamentos em praias,
rios, lagos, piscinas e até mesmo inundações. “Promovemos ações ano todo, para
que a sociedade se conscientize para esse trágico problema e novembro é o
momento que o movimento do setor aquático se faz mais forte e presente”,
completa Sandra.

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