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A NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), que passa a
vigorar em maio no Brasil, reflete uma preocupação mundial com a segurança e a
saúde no trabalho. Atualizada no ano passado, por meio da Portaria MTE nº
1.419/2024, a nova regra inclui uma abordagem a gestão de riscos psicossociais,
como estresse, assédio e sobrecarga de trabalho. Para Aline Oliveira, diretora
da IntelliGente Consult, empresa de consultoria e mentoria especializada em
estratégias, programas e projetos empresariais, “mais do que responder à fiscalização
a partir da NR-1, as organizações têm a oportunidade de adotar medidas efetivas
que acolham, orientem e cuidem da saúde emocional e física de seus
colaboradores também de maneira preventiva”.
A inclusão dos riscos psicossociais no
Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), vêm se tornando obrigatória a
empresas com mais de 100 funcionários a adoção de medidas preventivas para a
proteção da saúde mental dos trabalhadores, é apontada por Aline Oliveira como
a principal atualização da NR-1.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego,
os riscos psicossociais têm relação direta com a organização do trabalho e
também com as interações interpessoais no ambiente laboral. O MTE elenca entre
os fatores de riscos psicossociais metas excessivas, jornadas extensas, assédio
moral, ausência de suporte, conflitos interpessoais e falta de autonomia no
trabalho, que são potenciais causadores de estresse, ansiedade, depressão e
outros problemas de saúde mental nos trabalhadores.
Na perspectiva de Fernanda Toledo, CEO da
IntelliGente Consult, a NR-1 deve ser um marco na segurança e saúde do
trabalho. “Dados do Ministério da Previdência Social indicam o maior número de
afastamentos por ansiedade e depressão em 10 anos no Brasil. Este fato gera um
alerta e, ao mesmo tempo, aponta para a necessidade de mudanças e prevenção no
ambiente produtivo”, afirma a executiva. Em 2024, foram registrados mais de 470
mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais, revela o levantamento do
MPS.
No perfil dos profissionais afastados, a maioria é
formada por mulheres, impactadas por sobrecarga de trabalho, menor remuneração,
responsabilidade com o cuidado familiar e violência. “Além do impacto social,
para as empresas o custo também é alto”, destaca Fernanda. A Organização Mundial
de Saúde calcula em US$ 1 trilhão o custo anual pela ausência de dias
trabalhados.
A adaptação das empresas à NR-1, segundo Aline
Oliveira, vai impor aos empregadores a identificação, gestão e mitigação dos
riscos psicossociais no ambiente de trabalho. “Neste contexto, é importante que
as organizações tenham o suporte de uma consultoria especializada, que atue na
implementação de medidas preventivas, como treinamentos para lideranças e ações
de suporte ao bem-estar dos funcionários”, diz.
As executivas da IntelliGente Consult concordam que
neste momento a dificuldade primordial das empresas é entender como vêm agindo
para prevenir estresse, depressão, burnout e outros problemas de saúde mental
de seus funcionários.
Na visão de Fernanda, o exercício da empatia é um
dos aspectos com papel relevante nas políticas internas para mitigar os riscos
ocupacionais psicossociais. A gestão empática, segundo ela, preza pelo
reconhecimento e estimula o trabalhador a desenvolver capacidades e
habilidades. “Este é um ponto a ser aprimorado através de iniciativas por
qualquer empresa que se posiciona competitiva no mercado e valoriza sua marca
empregadora”, afirma.
Aline considera que a prevenção de riscos
psicossociais deve ser observada desde a contratação dos profissionais. “Já no
momento da admissão, é preciso que haja acolhimento e cuidado com o
colaborador. É fundamental que no processo de contratação a empresa também
identifique potenciais problemas que o profissional possa desenvolver e esteja
pronta para acolher e auxiliá-lo em toda a sua jornada”, enfatiza.
“Com a NR-1, estamos diante de uma oportunidade
para modernizar abordagens de lideranças”, afirma Aline Oliveira. “O momento
também é propício a integrar estratégias que visem o bem-estar profissional
combinado com a produtividade e também com a reputação das organizações”,
completa Fernanda Toledo.
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