Especialista
explica o papel da psicopedagogia no acolhimento, na escuta ativa e na
valorização do potencial único de cada criança
No Brasil, a maternidade atípica ainda é um tema
pouco debatido, apesar dos desafios enfrentados diariamente por muitas
famílias. No livro “Maternidade Atípica”, a psicopedagoga Vanessa Azevedo
compartilha sua vivência pessoal e profissional no capítulo “Reflexões de uma
psicopedagoga sobre maternidade atípica”, oferecendo uma visão sensível e
embasada sobre esse universo.
Vanessa, especialista em Neuropsicopedagogia com foco
em Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, traz uma perspectiva singular
ao conciliar sua experiência como terapeuta da aprendizagem e mãe de Bernardo,
seu filho diagnosticado com autismo. Seu relato enfatiza a importância da
afetividade no desenvolvimento infantil, alinhando-se à teoria de Henri Wallon,
que defende o papel essencial das emoções na formação da personalidade e do
aprendizado.
Segundo a psicopedagoga, a chegada de Bernardo, em
2019, transformou não apenas sua vida familiar, mas também sua prática
profissional. Desde os primeiros meses de vida do filho, Azevedo notou sinais
de desenvolvimento atípico, como o interesse precoce por letras e números e a
ausência de contato visual. A busca por respostas e intervenção precoce
tornou-se um caminho de autodescoberta e aprendizado.
“Entender os estágios de desenvolvimento infantil
propostos por Piaget me permitiu compreender as necessidades do meu filho e
adaptar abordagens pedagógicas de forma mais eficaz”, relata a psicopedagoga.
Utilizando sua experiência profissional, ela adaptou o ambiente familiar para
estimular o aprendizado de Bernardo, transformando atividades cotidianas em
oportunidades de desenvolvimento.
O papel da psicopedagogia na maternidade atípica
O relato de Vanessa reforça que a psicopedagogia
vai muito além da transmissão de conhecimento acadêmica. O trabalho de um
psicopedagogo envolve acolhimento, escuta ativa e compreensão das necessidades individuais
de cada criança e família.
A profissional destaca a necessidade de repensar o
conceito de normalidade, valorizando o potencial único de cada criança. “Em um
mundo que busca padronização, é essencial lembrar que cada criança traz consigo
um conjunto singular de habilidades e desafios. Nosso papel é reconhecer e
celebrar essa diversidade”, afirma.
A maternidade atípica é um caminho repleto de obstáculos, mas também de grandes
descobertas. No seu capítulo no livro, Azevedo compartilha momentos difíceis,
como noites sem sono e o luto pelo filho idealizado. No entanto, enfatiza que
cada conquista de Bernardo é um motivo de celebração, reforçando a importância
do suporte familiar e profissional.
Seu conhecimento na área foi fundamental para criar
estratégias eficazes no desenvolvimento do filho, utilizando seus interesses
naturais como ferramenta de aprendizagem. Um exemplo prático foi o processo de
desfralde, no qual Azevedo transformou os banheiros da casa e da escola em
espaços estimulantes, decorando-os com letras, números e músicas.
Um olhar para o futuro
O relato de Vanessa Azevedo reforça a importância
da inclusão e do respeito às diferenças, inspirando uma nova forma de enxergar
e valorizar cada criança em sua singularidade. Seu caminho como mãe e
psicopedagoga mostra que, com amor, apoio e conhecimento, é possível superar
desafios e proporcionar um futuro promissor para crianças com desenvolvimento
atípico.
“Espero que minha experiência inspire outras mães a nunca desistirem de seus
filhos. Sei que o caminho não é fácil, mas acredito no poder do amor, da fé e
da orientação para encontrarmos sempre o melhor caminho”, conclui a
psicopedagoga.
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