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crédito: Joana Calejo Pires |
Dirigido por Luciana Paes, espetáculo é uma comédia sobre a presença quase invisível da poesia no nosso cotidiano
"Uma
ode à língua portuguesa e ao poder da palavra. É comédia da boa, apesar de por
vezes ser difícil rir, estando tão assoberbados com tudo o que acontece em
palco", - crítica Suzana Verde, no jornal O Observador
.
Quem tem medo de poesia? Gregorio
Duvivier não faz parte deste grupo e usa seu discurso sedutor para mostrar
que esse assunto pode ser prazeroso e divertido no solo O Céu da Língua.
O espetáculo, que estreou em Portugal e já passou pelo Rio de Janeiro, Curitiba
e Porto Alegre, agora desembarca em São Paulo para uma temporada no Teatro
Sérgio Cardoso, de 1º de maio a 1º de junho, com sessões de quinta a sábado, às
19h, e aos domingos, às 16h.
Essa comédia poética estreou em
Lisboa no contexto das comemorações ao aniversário de 500 anos de Luis de
Camões e roubou a cena por lá. Gregorio Duvivier, que não estreava uma peça
nova há cinco anos, fez essa peça para homenagear sua língua-mãe.
E, ao fazer isso, encontrou uma
legião de pessoas que compartilham dessa paixão. “A
poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota”, reconhece o ator,
que cursou a faculdade de Letras na PUC do Rio de Janeiro e publicou três
livros sobre o gênero literário. “Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a
enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, pra isso, a gente precisa
trocar os óculos de leitura”.
A direção é da atriz Luciana Paes,
que já foi parceira de Duvivier no espetáculo de improvisação Portátil e
nos vídeos do canal Porta dos Fundos. Se no seu solo anterior, Sísifo
(2019), escrito junto com Vinicius Calderoni, Gregorio subia uma grande rampa
dezenas de vezes, agora, o que se tem é uma encenação desprovida de qualquer
cenário.
No palco, totalmente limpo, o
instrumentista Pedro Aune cria ambientação musical com o seu
contrabaixo, e a designer Theodora Duvivier, irmã do comediante,
manipula as projeções exibidas ao fundo da cena. O resto é só o comediante e
sua devoção pelas palavras. “Acredito que ele tem ideias para jogar no mundo e,
com essa crença, a coisa me move independentemente de qualquer rótulo”, diz
Luciana, uma das fundadoras da celebrada Cia. Hiato, que estreia na função de
diretora teatral.
O Céu da Língua não é um recital, mas
não deixa de ser poética. “O stand-up comedy aqui é uma pegadinha pra falar de
literatura”, como descreve a diretora. "A peça fica na esquina do poema
com a piada", arremata o ator.
“O Gregorio comediante está no palco ao
lado do Gregorio intelectual com seu fluxo de pensamento ininterrupto e, por
isso, a plateia embarca na proposta”, explica a diretora, que compartilha com o
ator a paixão pelo nome das coisas. “Graças aos seus recursos de ator, ele pega
o público distraído. Ninguém resiste quando é surpreendido por alguém
apaixonado.”
O humorista, desde a infância, carrega
uma obsessão pela palavra, pela comunicação verbal, pela língua portuguesa.
Assim, o protagonista brinca com códigos, como aqueles que, em sua maioria, só
são decifrados por pais e filhos ou casais enamorados.
As reformas ortográficas que tiram
letras de circulação e derrubam acentos capazes de alterar o sentido das
palavras inspiram o artista em tiradas bem-humoradas. O mesmo acontece quando
ele comenta a ressurreição de palavras esquecidas, como “irado”, “sinistro” e
“brutal”, que voltaram ressignificadas ao vocabulário dos jovens. E aquelas que
só de ouvi-las geram sensações estranhas, a exemplo de afta, íngua, seborreia,
ou outras, inventadas, repetidas à exaustão, como “atravessamento”,
“disruptivo” ou “briefings”? Até destas, extrai humor.
Para o artista, a língua é algo que nos
une, nos move, mas raramente damos atenção a ela. É só pensar nas metáforas
usadas no cotidiano – “batata da perna”, “céu da boca”, “pisando em ovos”.
Nesta hora, usamos a poesia e nem percebemos. Para provar que a poesia é
popular, Gregório chama atenção para os grandes letristas da música brasileira,
como Orestes Barbosa e Caetano Veloso, citados através das canções “Chão de
Estrelas” (1937) e “Livros” (1997).
“A massa ainda há de comer o biscoito
fino que fabrico", disse Oswald de Andrade. Infelizmente a literatura no
Brasil nunca encheu estádios. Mas a palavra cantada, essa sim, ganhou
multidões. “Foi a nossa música popular quem conseguiu realizar o sonho
oswaldiano de levar poesia para as massas”, festeja o ator.
Nesta cumplicidade com a plateia,
Duvivier mostra gradativamente que a poesia não tem nada de hermética e que a
nossa língua não deve nada a nenhuma outra. Muito pelo contrário. Temos um
manancial de poesia desperdiçada em cada conversa jogada fora.
"Minha pátria é a língua
portuguesa", diz Fernando Pessoa. Caetano continua: "e eu não tenho
pátria, eu tenho mátria e quero frátria". Gregorio constrói o espetáculo
em torno dessa fraternidade, e nos lembra que, apesar de todas as nossas
diferenças, temos uma língua em comum que nos irmana. E também pode nos fazer
gargalhar.
Ficha Técnica
Interpretação
e Texto: Gregorio Duvivier
Direção
e Dramaturgia: Luciana Paes
Assistência
de Direção e projeções: Theodora Duvivier
Direção
Musical e Execução da Trilha: Pedro Aune
Cenografia:
Dina Salem Levy
Assistente
de Cenografia: Alice Cruz
Figurino:
Elisa Faulhaber e Brunella Provvidente
Iluminação:
Ana Luzia de Simoni
Diretor
Técnico: Lelê Siqueira
Diretor de Palco: Feee Albuquerque
Visagismo:
Vanessa Andrea
Fotos
de Divulgação: Demian Jacob
Fotos
de Cena: Joana Calejo Pires e Raquel Pellicano
Design
Gráfico Publicação: Estúdio M-CAU – Maria Cau Levy e Ana David
Identidade
Visual Divulgação: Laercio Lopo
Assessoria
de Imprensa: Pombo Correio
Marketing
Digital: Renato Passos
Redes
Sociais: Lucas Lentini e Theodora Duvivier
Administração:
Fernando Padilha e Lucas Lentini
Produção
Executiva: Lucas Lentini
Direção
de Produção: Clarissa Rockenbach e Fernando Padilha
Produção:
Pad Rok
Serviço
O Céu da Língua, de Gregorio Duvivier
Temporada: 1º a 25 de maio
De quinta a sábado, às 19h, e aos
domingos, às 16h
Teatro Sérgio Cardoso - Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista
Sala Nydia Lícia (827 lugares)
Plateia: R$ 140,00
Balcão: R$ 100,00
Vendas online em Sympla
Bilheteria: vendas antecipadas, de terça a sábado, das 14h às 19h; e vendas
para o espetáculo do dia, das 14h até o horário da atração.
Contato bilheteria: (11) 3288-0136
Duração: 85 minutos
Classificação: 12 anos
Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade
reduzida
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