Já parou para pensar quanto tempo temos nesta vida? Idealizamos, estudamos, planejamos, até pensamos que conseguiremos fazer tantas coisas, mas, na realidade, não sabemos se vamos ou não concluir.
Por isso, é importante também pensarmos sobre nossas limitações e
finitude. Estamos no tempo quaresmal, propício para nos lembrarmos disso. Sim,
um dia morreremos, porém, pensemos na morte com a esperança da vida, da vida
eterna.
Vivamos bem o dia de hoje, busquemos uma mudança de vida profunda,
olhemos para o nosso interior. O que realmente queremos? Quais são as nossas
reais intenções naquilo que fazemos? Trabalhamos e nos fatigamos para quê?
Para nos ajudar a pensar na vida eterna, olhemos para aquele que
nos deu essa vida, Jesus Cristo. Ele ensinou que devemos buscar em primeiro
lugar o Reino dos Céus, que devemos ser santos (justos), que devemos confiar no
Pai que provê todas as coisas (Mt 6,33), que devemos ser desapegados das coisas
deste mundo (Mt 19,21).
Ao falar em desapego, em viver com o necessário, pensamos em
Jesus. Ele, por excelência, viveu em total abandono a vontade do Pai. Neste
tempo quaresmal, aproveitemos para rever, por exemplo, qual é o nosso
comportamento com relação às coisas materiais: Vivemos com o necessário?
Possuímos os bens ou eles nos possuem?
Nosso querido pai fundador, padre Jonas Abib, aprendeu no colégio
Salesiano, desde pequeno, a viver o “Retiro da Boa Morte” uma vez ao mês. Como
assim? Essa pedagogia, utilizada por Dom Bosco, consiste em se preparar para
morrer, ou melhor, se preparar para o encontro com Deus.
Preparar-se para morrer, na verdade é se preparar para viver na
terra com o necessário. Pensemos: caso chegasse hoje a hora da nossa morte,
estaríamos preparados?
Durante esse período quaresmal, de observância das penitências,
somos chamados a uma maior comunhão com Deus. Por isso, praticar o “retiro da
boa morte” nos ajuda a arrumar a mesa, a carteira, o guarda-roupa, como ensina
padre Jonas em seu livro e em suas pregações. São práticas externas - um
“retiro exterior” (limpar, arrumar, doar o que não usa mais) - que devem nos
levar a uma conversão interior, a um balanço de nossa vida interior, a ter
mudanças de atitude, a exercitar mais o amor ao próximo.
Padre Jonas aprendeu que, após a faxina externa, vem a faxina
interna, através do sacramento da confissão. Em outras palavras, ele aprendeu a
organizar o exterior e o interior. Ao se livrar dos “entulhos” exteriores
pensava nos lixos interiores. Pedir e dar perdão, buscar alguém para se
reconciliar, doar algo e doar a si são atitudes de quem levou a sério pensar na
morte e preparar-se para entrar na vida plena.
Viver a Quaresma significa fazer uma revisão de vida, olhar para
os erros e pedir perdão a Deus e ao próximo. Sim, a reconciliação com Deus
consequentemente leva a pessoa a reconciliar-se consigo mesma e com o
próximo.
Aproveitemos este tempo de graça e façamos uma boa revisão de
vida. A partir do desapego dos bens materiais e dos maus pensamentos e
sentimentos, arrumemos a mesa, a gaveta, o guarda-roupa e a casa do nosso coração.
Desapeguemo-nos das coisas materiais e nos apeguemos aos verdadeiros valores,
vivamos a santidade, como filhos de Deus!
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