O novo conteúdo da Plataforma
Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) é uma
inestimável contribuição para o avanço sistêmico do já desenvolvido agronegócio
brasileiro. De modo muito claro e enfático, demonstra como o setor depende da
biodiversidade e, ao mesmo tempo, se beneficia dela. Evidencia, também, a
importância de alguns elementos para seu contínuo fortalecimento, em harmonia
com os preceitos ecológicos, como água limpa, regulação do clima, polinização
de culturas, controle biológico de pragas e doenças e a manutenção da
fertilidade e da estrutura do solo.
A publicação, intitulada Sumário para
Tomadores de Decisão do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e
Serviços Ecossistêmicos, aborda os desafios associados ao modelo de uso da
terra predominante no País e as soluções para tornar a agropecuária uma prática
mais sustentável e inclusiva. O relatório foi coordenado por Rachel Bardy
Prado, pesquisadora da Embrapa Solos (RJ), e Gerhard Overbeck, professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A cientista reforça que a escassez de recursos
naturais em algumas partes do Brasil e os efeitos sobre o clima colocam em
xeque a própria abundância da agricultura nacional. Alerta, também, que as
principais cadeias de valor de alimentos estão suscetíveis às mudanças
climáticas e que certas regiões poderão sofrer quedas de produtividade e
alterações na aptidão para determinadas culturas.
Nesse contexto, acreditamos que os fertilizantes
desempenhem função primordial, lembrando que têm sido fatores essenciais para
os significativos ganhos de produtividade já alcançados pela agricultura
brasileira. Sem dúvida, fazem parte de todo o processo de desenvolvimento da
agropecuária nacional, movido pela elevada capacidade de trabalho dos
empresários do setor, as mulheres e os homens do campo.
Para evitar o risco de queda de produtividade em
determinadas áreas e culturas, indicado pela pesquisadora, o uso adequado de
fertilizantes é imprescindível, considerando que sua função basilar é aumentar
a fertilidade do solo. Para isso, contêm os elementos necessários para o
enriquecimento da terra: compostos minerais e orgânicos com nutrientes para o
desenvolvimento das plantas.
Os fertilizantes também desempenham funções
econômicas e ecológicas importantes, em sintonia com as demandas apontadas pela
nova publicação da BPBES. Afinal, contribuem para a melhoria da produção e do
retorno financeiro das lavouras, possibilitam a economia de recursos
ambientais, por meio do enriquecimento do solo, e proporcionam ganhos de
qualidade aos alimentos e commodities agrícolas.
Segundo a Embrapa, a adubação correta tem efeitos
diretos no estabelecimento da cultura, produtividade e mais proteção do solo
contra agentes erosivos. Também auxilia no controle de acidez da terra e
reposição de nutrientes, além de influenciar nas taxas de sequestro de carbono,
pois o solo, conforme explicam os especialistas, é o principal reservatório de
carbono em um ecossistema.
O setor de fertilizantes, reconhecendo toda essa
importância do insumo para o Brasil, tem atuado no sentido de garantir o
abastecimento do mercado, apesar das dificuldades inerentes ao cenário
geopolítico global, com guerras que afetam nações fornecedoras de fertilizantes
minerais e dificultam a logística das cadeias internacionais de comércio. Cabe
lembrar que 85% do consumo nacional são importados.
Assim, apesar da garantia da oferta até hoje
prevalente, o País precisa manter e implementar cada vez mais o Plano Nacional
de Fertilizantes, visando aumentar a fabricação interna e aperfeiçoar a
infraestrutura, logística e desembaraço alfandegário na importação. Afinal,
estamos falando de um produto decisivo para que o agro brasileiro seja cada vez
mais economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto,
atendendo de modo pleno aos preceitos da sustentabilidade.
Ricardo Tortorella - economista, é diretor-executivo da Associação Nacional de Difusão de Adubos (ANDA).
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