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quarta-feira, 19 de março de 2025

Os fertilizantes são essenciais para sustentabilidade do agro


O novo conteúdo da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) é uma inestimável contribuição para o avanço sistêmico do já desenvolvido agronegócio brasileiro. De modo muito claro e enfático, demonstra como o setor depende da biodiversidade e, ao mesmo tempo, se beneficia dela. Evidencia, também, a importância de alguns elementos para seu contínuo fortalecimento, em harmonia com os preceitos ecológicos, como água limpa, regulação do clima, polinização de culturas, controle biológico de pragas e doenças e a manutenção da fertilidade e da estrutura do solo. 

A publicação, intitulada Sumário para Tomadores de Decisão do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, aborda os desafios associados ao modelo de uso da terra predominante no País e as soluções para tornar a agropecuária uma prática mais sustentável e inclusiva. O relatório foi coordenado por Rachel Bardy Prado, pesquisadora da Embrapa Solos (RJ), e Gerhard Overbeck, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

A cientista reforça que a escassez de recursos naturais em algumas partes do Brasil e os efeitos sobre o clima colocam em xeque a própria abundância da agricultura nacional. Alerta, também, que as principais cadeias de valor de alimentos estão suscetíveis às mudanças climáticas e que certas regiões poderão sofrer quedas de produtividade e alterações na aptidão para determinadas culturas. 

Nesse contexto, acreditamos que os fertilizantes desempenhem função primordial, lembrando que têm sido fatores essenciais para os significativos ganhos de produtividade já alcançados pela agricultura brasileira. Sem dúvida, fazem parte de todo o processo de desenvolvimento da agropecuária nacional, movido pela elevada capacidade de trabalho dos empresários do setor, as mulheres e os homens do campo. 

Para evitar o risco de queda de produtividade em determinadas áreas e culturas, indicado pela pesquisadora, o uso adequado de fertilizantes é imprescindível, considerando que sua função basilar é aumentar a fertilidade do solo. Para isso, contêm os elementos necessários para o enriquecimento da terra: compostos minerais e orgânicos com nutrientes para o desenvolvimento das plantas. 

Os fertilizantes também desempenham funções econômicas e ecológicas importantes, em sintonia com as demandas apontadas pela nova publicação da BPBES. Afinal, contribuem para a melhoria da produção e do retorno financeiro das lavouras, possibilitam a economia de recursos ambientais, por meio do enriquecimento do solo, e proporcionam ganhos de qualidade aos alimentos e commodities agrícolas. 

Segundo a Embrapa, a adubação correta tem efeitos diretos no estabelecimento da cultura, produtividade e mais proteção do solo contra agentes erosivos. Também auxilia no controle de acidez da terra e reposição de nutrientes, além de influenciar nas taxas de sequestro de carbono, pois o solo, conforme explicam os especialistas, é o principal reservatório de carbono em um ecossistema. 

O setor de fertilizantes, reconhecendo toda essa importância do insumo para o Brasil, tem atuado no sentido de garantir o abastecimento do mercado, apesar das dificuldades inerentes ao cenário geopolítico global, com guerras que afetam nações fornecedoras de fertilizantes minerais e dificultam a logística das cadeias internacionais de comércio. Cabe lembrar que 85% do consumo nacional são importados. 

Assim, apesar da garantia da oferta até hoje prevalente, o País precisa manter e implementar cada vez mais o Plano Nacional de Fertilizantes, visando aumentar a fabricação interna e aperfeiçoar a infraestrutura, logística e desembaraço alfandegário na importação. Afinal, estamos falando de um produto decisivo para que o agro brasileiro seja cada vez mais economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto, atendendo de modo pleno aos preceitos da sustentabilidade.

 



Ricardo Tortorella - economista, é diretor-executivo da Associação Nacional de Difusão de Adubos (ANDA).


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