A doença é complexa, de causa hereditária e não tem cura. Mas é possível ter mais qualidade de vida por meio do controle dos sintomas.
A enxaqueca não é uma doença exclusiva das
mulheres. Mas são elas que mais sofrem, as mais debilitadas pela doença, que
apresentam crises de dor de cabeça - e outros sintomas associados - muito mais
severas, duradouras e frequentes. Isso acontece por questões hormonais: a
mulher apresenta o estrogênio em grande quantidade, um facilitador das dores no
sintoma dor de cabeça.
A explicação é da neurologista Thaís Villa, que
há mais de 20 anos dedica sua carreira a cuidar de pacientes com enxaqueca - a
grande maioria mulheres. “Essa não é uma doença exclusiva em mulheres, mas são
elas que, por apresentarem quadros mais severos de dor de cabeça, acabam
procurando mais por atendimento especializado e, consequentemente, são mais
diagnosticadas com a enxaqueca”, esclarece a médica.
A doença é caracterizada pela
hiperexcitabilidade do cérebro que entra em sofrimento a cada crise de
enxaqueca. A causa é hereditária, ou seja, a pessoa nasce com a tendência a ter
enxaqueca. E se há uma faixa etária em que as mulheres apresentam crises mais
intensas e debilitantes é no período que vai da adolescência até os 50 anos de
idade, quando elas estão expostas a níveis de estrogênio mais elevados.
Pois esse período de episódios mais intensos de
enxaqueca coincide com a idade fértil da mulher e quando muitas fazem uso da
pílula anticoncepcional como método contraceptivo, a maioria com hormônios
combinados de estrogênio e progesterona, “uma uma verdadeira ‘bomba’ que aumenta o risco para AVC em 15
vezes”, alerta a neurologista baseada em estudos recentes e complementa: “o
quadro pode piorar se a mulher tem enxaqueca com aura (um dos sintomas da
doença, manifestada por alterações da visão), faz uso da pílula com hormônios combinados e ainda é fumante.
Para elas, as chances de sofrer um AVC é 30 vezes superior”.
Se os números assustam, saiba que também existe uma boa notícia
para quem sofre de enxaqueca: é possível controlar as terríveis dores de
cabeça, um dos principais sintomas da doença entre inúmeros outros, com
tratamento integrado que envolve uma equipe de profissionais de várias
especialidades atentos a todas as variáveis dessa doença tão complexa.
Ter acesso ao atendimento multiprofissional e individualizado é
muito importante, mas ainda é uma realidade para apenas 3% entre as pessoas que
têm a doença. Com o objetivo de oferecer mais qualidade de vida para pacientes
com enxaqueca por meio do controle das dores, a Dra Thaís Villa foi pioneira e
inaugurou, há 8 anos, o Headache Center Brasil, clínica de tratamento integrado
que é um dos maiores da América Latina e também referência no mundo.
Atualmente, são 23 profissionais de saúde em 12 especialidades dedicadas a
cuidar de pessoas com enxaqueca.
“Existe tratamento eficiente para a enxaqueca e ele deve cuidar do paciente como um ser único, utilizando medicamentos de ponta e métodos não medicamentosos para evitar as crises. Além da consulta com o neurologista especialista, o acompanhamento com o ginecologista irá orientar a mulher a fazer uso do método contraceptivo mais seguro a fim de não agravar ainda mais os sintomas da enxaqueca ou trazer outras complicações. Deixar o vício do tabagismo também não é tarefa fácil, assim como a desintoxicação do organismo por longos períodos utilizando remédios por conta própria e até mesmo da cafeína, que proporcionam ao cérebro a sensação de alívio, mas não tratam a doença”, explica Thaís Villa.
Botox no controle das crises
A toxina botulínica, popularmente conhecida como botox, é uma das grandes descobertas no tratamento preventivo da enxaqueca crônica, com resultados cientificamente comprovados. A substância bloqueia a liberação de certos neurotransmissores responsáveis por levar a informação da dor ao cérebro. Segundo a neurologista, durante o tratamento com botox foi verificada a ocorrência de menos efeitos colaterais indesejáveis em comparação à medicação via oral, como sonolência, ganho de peso, entre outros.
Outro avanço foi revelado por estudo feito pelos especialistas do Headache Center Brasil que relaciona a utilização do botox no controle da enxaqueca com a diminuição dos “fogachos” (ondas de calor) em mulheres na pré-menopausa.
“A maioria das pacientes apresentaram redução na frequência das
dores de cabeça e melhora significativa na intensidade das crises de enxaqueca,
voltando a ter mais qualidade de vida. O climatério é uma fase natural da vida
da mulher e requer um novo olhar sobre a saúde, principalmente para quem sofre
da doença”, acrescenta a médica.
Dra Thaís Villa (CRM 110217) - Neurologista com Doutorado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Pós-Doutorado pela Universidade da Califórnia (UCLA) nos Estados Unidos. Idealizadora do Headache Center Brasil, clínica multiprofissional pioneira e única no país no diagnóstico e tratamento integrado das dores de cabeça e da enxaqueca. Professora de Neurologia e Chefe do Setor de Cefaleias na UNIFESP (2015 a 2022). Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia. Membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Membro do Conselho Consultivo do Comitê de Cefaleias na Infância e Adolescência da International Headache Society. Atua exclusivamente na pesquisa e atendimento de pacientes com dor de cabeça, no diagnóstico e tratamento da enxaqueca, enxaqueca crônica, cefaleia em salvas e outras cefaleias em adultos e crianças. Palestrante convidada em congressos nacionais e internacionais.
Headache Center Brasil
www.headachecenterbrasil.com.br
Instagram: headache_center_brasil
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