No Dia da Mentira, as brincadeiras são inofensivas, mas nem sempre é fácil detectar falsidades no dia a dia. Especialista explica como reconhecer sinais clássicos de enganação
O Dia da Mentira está chegando e,
embora seja divertido fazer algumas pegadinhas nesta data, nem todas as
mentiras são tão inofensivas ou engraçadas. Pior ainda, é quando elas
ultrapassam o momento e se tornam algo compulsivo para as pessoas. Saber
identificar quando alguém não está dizendo a verdade pode ser útil tanto no
primeiro de abril quanto nas diversas situações que acontecem no dia a dia.
O perito em crimes digitais e autor do livro "Mentira, um rosto de muitas faces", Wanderson Castilho, explica que toda mentira causa um desequilíbrio no corpo de quem a conta, e as reações são completamente biológicas, afetando o comportamento natural da pessoa. “A compreensão da comunicação não verbal é uma das formas de pegar um potencial mentiroso. Com a linguagem corporal, é possível revelar detalhes, até mesmo os mais escondidos”, explica.
Ainda segundo Castilho, um mentiroso
sempre perde força no discurso, enquanto uma pessoa que diz a verdade ganha
poder na argumentação e persuasão. Isso acontece porque, ao contar a verdade, a
pessoa tem segurança no que diz e não precisa se preocupar em sustentar uma
história falsa. Já o mentiroso precisa criar detalhes, lembrar do que inventou
e evitar contradições, o que pode gerar nervosismo e inconsistências no discurso.
Quanto mais a mentira cresce, mais difícil fica sustentá-la, e os sinais de que
algo não está certo começam a aparecer.
O perito explica
quais são os 10 sinais típicos de quem está contando uma mentira, confira:
Detalhes excessivos: Quando uma pessoa
está mentindo, ela tende a preencher os vazios da história com informações
desnecessárias, na tentativa de tornar a mentira mais convincente. Isso ocorre
porque os mentirosos estão preocupados em criar uma narrativa coesa que pareça
real, e acabam oferecendo mais detalhes do que o normal para evitar
contradições.
História contada de trás para frente: De
acordo com o especialista, o cérebro humano geralmente organiza eventos em uma
sequência cronológica natural. Quando alguém tenta inventar ou manipular uma
história, principalmente sob pressão, ele tem dificuldades em manter a linha do
tempo coerente. Pedir para alguém contar a história de trás para frente expõe
essas lacunas, pois a pessoa pode não ter "ensaiado" esse fluxo
reverso.
Movimentos das mãos: Quando alguém
mente, pode sentir a necessidade de controlar ou esconder sinais de
desconforto. Gestos nervosos, como esfregar as mãos, podem ser um reflexo da
tensão interna e da tentativa inconsciente de "limpar" ou
"apagar" a mentira. Esse movimento é um reflexo de ansiedade e
insegurança.
Mudança no tom de voz: A
entonação também pode dizer muito, isso porque a mentira geralmente ativa áreas
do cérebro relacionadas ao estresse e à ansiedade. Isso pode afetar a voz, que
tende a ficar mais baixa, hesitante ou com uma mudança de ritmo, já que a
pessoa precisa pensar rápido em sua história. Além disso, o tom de voz pode se
tornar mais rígido, como se estivesse tentando controlar algo que não pode ser
controlado.
Falta de emoção condizente: Sentimentos
e emoções têm uma expressão involuntária no corpo e na voz, principalmente
porque são respostas naturais aos acontecimentos. Mentir sobre algo que não
gerou uma emoção real pode causar uma desconexão entre o conteúdo da história e
a expressão emocional da pessoa.
Respostas evasivas: Mentirosos muitas
vezes tentam evitar a pergunta direta ou tentam reverter a conversa para outro
tópico para evitar contradições ou questionamentos que possam expô-los. Quando
uma pessoa começa a dar voltas ou repete a pergunta antes de responder, ela
está muitas vezes tentando ganhar tempo para formular uma resposta plausível.
Desvio de olhar: Embora seja um
mito comum que mentirosos evitam o contato visual, o desvio de olhar pode ser,
na verdade, um sinal de desconforto ou tentativa de esconder algo. Algumas
pessoas, por impulso instintivo, desviam o olhar para evitar serem descobertas.
Olhar fixo demais: Como um reflexo da
preocupação de que o desvio de olhar possa ser interpretado como mentira,
algumas pessoas tentam corrigir isso mantendo um contato visual excessivo,
forçando um olhar fixo. Isso pode ser desconfortável para quem está observando
e acaba sendo uma forma de distração, uma tentativa de não ser
"descoberto". Porém: O olhar fixo demais pode parecer artificial,
como se a pessoa estivesse tentando "compensar" a suspeita, e não
seja natural para uma conversa.
Pausas longas: Quando alguém está
inventando uma história, o cérebro precisa de tempo para pensar em detalhes
adicionais ou criar uma narrativa plausível. As pausas mostram essa necessidade
de tempo extra.
Levantamento do ombro: Este
é um sinal corporal comum de insegurança. Quando alguém mente, pode sentir uma
necessidade subconsciente de se proteger, como uma forma de esconder sua
vulnerabilidade. O levantamento do ombro pode ocorrer involuntariamente como
parte desse comportamento defensivo."Quanto mais persuasivo for o
interlocutor, quanto mais convincente for a história contada por ele, maiores
as chances de que você esteja ouvindo uma mentira. Com isso, não quero, é
claro, dizer que toda história minuciosa e apelativa seja falsa, mas é
importante ficar atento à forma como as mentiras são construídas", conclui
Wanderson Castilho.
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