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A Insuficiência Ovariana Prematura (IOP), condição
caracterizada pela perda da função ovariana antes dos 40 anos, afeta
significativamente a saúde física e emocional das mulheres. De acordo com o
novo White Paper da International Menopause Society (IMS), a IOP está associada
a consequências como comprometimento da qualidade de vida geral, psicológica e
sexual, além de impactos na fertilidade e riscos aumentados para a saúde óssea,
cardiovascular e cognitiva.
A realidade de quem convive com a IOP
A curitibana Jéssica Souza, 35 anos, descobriu a
IOP há três anos, após enfrentar ciclos menstruais irregulares e uma fadiga
constante que não conseguia explicar. "Eu sempre quis ser mãe, mas nunca
imaginei que, aos 32, meu corpo já estaria entrando em menopausa", conta.
O diagnóstico veio depois de meses de consultas e exames inconclusivos, um
período marcado por insegurança e medo.
"Além da dificuldade em engravidar, tive que
lidar com sintomas como insônia, ondas de calor e uma tristeza que parecia não
ter explicação. O mais difícil foi perceber o quão pouco se fala sobre isso. Eu
me senti sozinha, como se meu corpo estivesse falhando comigo", desabafa.
Panorama no Brasil
No Brasil, aproximadamente 29 milhões de mulheres
estão na fase do climatério e menopausa, conforme dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Alexandra Ongaratto, médica especializada em
ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o
primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, aponta que a idade média de
início da menopausa entre as brasileiras é de 48 anos, com a transição e
irregularidade menstrual começando por volta dos 46 anos. Além disso, 73,1% das
mulheres relatam sintomas climatéricos, como ondas de calor, durante a pré e a
pós-menopausa.
Desafios no diagnóstico e
tratamento
A IOP representa um desafio adicional, pois muitas
mulheres desconhecem a condição ou não têm acesso a diagnósticos precisos. A
falta de conscientização e a dificuldade de acesso a serviços especializados podem
atrasar o início de tratamentos adequados, aumentando os riscos associados.
Importância da conscientização
e acesso ao tratamento
A ginecologista Alexandra destaca a necessidade de
maior conscientização sobre a IOP: "É crucial que as mulheres estejam
informadas sobre os sintomas e riscos da insuficiência ovariana prematura. Um
diagnóstico precoce permite intervenções que podem melhorar significativamente
a qualidade de vida e reduzir complicações a longo prazo."
Ela enfatiza ainda a importância do acesso ao
tratamento adequado: "A terapia hormonal é uma opção eficaz para muitas
mulheres com IOP, ajudando a mitigar sintomas e proteger contra a perda óssea e
doenças cardiovasculares. No entanto, é essencial que cada caso seja avaliado
individualmente para determinar o melhor curso de ação."
A Insuficiência Ovariana Prematura é uma condição
que requer atenção e ação coordenada entre profissionais de saúde e políticas
públicas. Aumentar a conscientização, melhorar o acesso a diagnósticos e
tratamentos e fornecer suporte adequado são passos fundamentais para minimizar
os impactos da IOP na vida das mulheres brasileiras.
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