Pesquisa inovadora
revela potencial de terapias genéticas para corrigir a causa da condição,
enquanto exames de última geração abrem caminho para diagnósticos mais precisos
e tratamentos personalizados
No mês em que a Síndrome de Down é lembrada, uma descoberta científica oferece novas possibilidades para indivíduos com essa condição genética. Sob a liderança do Dr. Ryotaro Hashizume, da Graduate School of Medicine, uma equipe de pesquisadores desenvolveu uma técnica inovadora para retirar a cópia extra do cromossomo 21, responsável pela trissomia que caracteriza a síndrome de Down. Utilizando a avançada tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9, os cientistas conseguiram uma taxa de sucesso de até 37,5% na remoção do cromossomo extra, restaurando funções celulares essenciais.
A pesquisa foi realizada em dois tipos de células humanas cultivadas em laboratório, para o experimento: células-tronco pluripotentes induzidas (células adultas, como fibroblastos da pele, que são reprogramadas para terem as mesmas características de células embrionárias) e fibroblastos diferenciados (células da pele que já estão especializadas em produzir colágeno e outros componentes da matriz extracelular). As células tratadas apresentaram melhorias significativas, incluindo maior velocidade de proliferação, padrões de expressão gênica aprimorados e maior capacidade antioxidante.
“Embora o estudo ainda esteja em uma fase inicial e não esteja pronto para aplicação em humanos, ele abre caminho para futuras terapias genéticas que poderiam, um dia, mitigar ou corrigir as causas da síndrome de Down, oferecendo novas perspectivas para o tratamento e a qualidade de vida das pessoas afetadas”, afirma Dr. Roberto Giugliani, médico especialista em genética e coordenador de Doenças Raras na Dasa Genômica. O especialista é reconhecido internacionalmente por ser o único brasileiro a figurar no ranking de pesquisadores que mais publicam na literatura científica sobre um grupo de doenças raras, as mucopolissacaridoses.
Além das inovações promissoras no campo da genética, como a pesquisa liderada pelo Dr. Ryotaro Hashizume, o tratamento e a investigação sobre a Síndrome de Down e outras condições de deficiência intelectual (DI) têm avançado de forma significativa. A deficiência intelectual, um distúrbio do neurodesenvolvimento, é caracterizada por limitações nas habilidades intelectuais e adaptativas, com início antes dos 18 anos, e afeta mais de 1% da população mundial (Manual MSD)1l. As causas são variadas, abrangendo tanto fatores ambientais quanto genéticos, com diferentes etiologias.
Entre as causas genéticas mais relevantes estão as anomalias cromossômicas, como a Síndrome de Down, síndromes de microdeleção e microduplicação, variantes em genes específicos relacionadas a condições como a Síndrome de Rett e o X-frágil, além de desordens mitocondriais. A investigação genética tem se tornado um componente crucial no diagnóstico e na compreensão dessas condições. De acordo com a American College of Medical Genetics and Genomics (ACMG), o sequenciamento do exoma e do genoma são testes recomendados de primeira e segunda linha, respectivamente, para a investigação de deficiências intelectuais.
Atualmente, os exames genéticos disponíveis têm se
mostrado fundamentais no diagnóstico de transtornos do desenvolvimento
intelectual. Entre os principais, destacam-se:
- Análise
cromossômica por microarray (SNP-Array / CGH-Array): utilizado para detectar
alterações cromossômicas submicroscópicas, como microdeleções e
microduplicações.
- Sequenciamento
do exoma:
permite analisar as regiões codificadoras de proteínas do DNA,
identificando variantes genéticas que podem estar associadas a doenças.
- Sequenciamento
do genoma completo: uma abordagem mais abrangente, que permite a
análise de todo o genoma para detectar mutações genéticas.
Esses exames, já disponíveis no Brasil, proporcionam não apenas uma melhor compreensão das condições, mas possibilitam tratamentos e terapias mais direcionados. Para solicitá-los, é necessário consultar médicos especialistas, que indicarão o melhor caminho conforme o caso clínico, com informações detalhadas sobre métodos, prazo, tipo de amostra e outros requisitos necessários.
Com os avanços no diagnóstico e nas terapias
genéticas, o futuro traz promessas de melhores intervenções, que podem reduzir
os impactos da deficiência intelectual e melhorar a qualidade de vida das
pessoas, especialmente no caso de síndromes como a de Down.
1- SULKES, Stephen Brian. Deficiência intelectual: visão, etiologia, diagnóstico, tratamento e prognóstico. Golisano Children's Hospital at Strong, University of Rochester School of Medicine and Dentistry, abr. 2024. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-de-aprendizagem-e-desenvolvimento/defici%C3%AAncia-intelectual#Preven%C3%A7%C3%A3o_v1105258_pt
Deficiência intelectual - Pediatria - Manuais MSD edição para profissionais
Diversas
anomalias cromossômicas e distúrbios genéticos, metabólicos e neurológicos
podem causar deficiência intelectual (ver tabela Algumas causas cromossômicas e
genéticas da deficiência intelectual).. Infecções congênitas que podem causar
deficiência intelectual incluem rubeola e aquelas por citomegalovírus,
Toxoplasma gondii, Treponema pallidum, vírus da herpes simples ou HIV.
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