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sexta-feira, 28 de março de 2025

Desmistificando o lipedema: a luta silenciosa das mulheres

Condição crônica de acúmulo de gordura ainda é pouco compreendida e impacta não apenas a saúde física, mas também a autoestima e o bem-estar emocional das pacientes

 

O lipedema é uma condição vascular crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura, afetando predominantemente mulheres. Embora tenha sido reconhecida oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022, ainda há muita desinformação e estigma em torno da doença, levando muitas pacientes a enfrentarem julgamentos sociais e diagnósticos equivocados.

Além dos sintomas físicos, como dor, hematomas frequentes e hipersensibilidade ao toque, a doença tem um impacto significativo na saúde mental das mulheres. Muitas relatam frustração e desespero diante da negação de seus sintomas por profissionais de saúde, bem como a dificuldade de aceitação em uma sociedade que valoriza padrões estéticos irreais. "Muitas pacientes passam anos tentando entender o que acontece com seus corpos, sendo frequentemente aconselhadas a perder peso sem que o real problema seja investigado. Esse estigma agrava a condição e retarda o tratamento adequado", explica o nutrólogo Diego Torrico.

A negligência médica e social enfrentada pelas mulheres com lipedema também se reflete nas dificuldades cotidianas. Atividades simples, como cruzar as pernas, usar botas de cano alto ou trajes de banho, tornam-se desafiadoras, impactando diretamente a vida social e profissional das pacientes. "Precisamos ampliar a visibilidade para que mais mulheres tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento correto", reforça Torrico.

Valéria Mendes, paciente de 44 anos, descobriu a doença já no grau 3, após uma série de diagnósticos equivocados de celulites e ganho de peso. Para ela, ter o lipedema é um grande desafio, mas que será superado com o acompanhamento médico e tratamento adequado. “Antes da descoberta, me queixava da pele com aspecto ‘casca de laranja’, manchas, dores e sensação de peso nas pernas. Hoje, faço acompanhamento com um profissional especializado, o Dr. Diego Torrico, e sigo firme no tratamento para ter uma melhor qualidade de vida”, conta Valéria.

O médico explica que o tratamento do lipedema exige uma alimentação restritiva e contínua, semelhante à recomendada para hipertensos e diabéticos, mas com ênfase em alimentos anti-inflamatórios, como frutas e vegetais frescos, além da eliminação de açúcares e determinados tipos de gorduras. “A prática regular de exercícios físicos, especialmente atividades aeróbicas de baixo impacto, também é essencial para melhorar a circulação sanguínea e minimizar o acúmulo de gordura nas áreas afetadas. Em casos mais avançados, procedimentos cirúrgicos, como a lipoaspiração especializada e intervenções vasculares, oferecem os melhores resultados. Além disso, terapias complementares, como drenagem linfática e o uso de meias ou dispositivos de compressão, são indicadas para reduzir o inchaço e estimular a circulação”, ressalta.

A quebra do silêncio é essencial para reduzir o preconceito e garantir uma abordagem mais empática e multidisciplinar à condição. Campanhas de conscientização e relatos de superação de mulheres que convivem com a doença são fundamentais para promover mudanças na forma como a doença é compreendida e tratada.


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