Condição crônica de acúmulo de gordura ainda é pouco compreendida e impacta não apenas a saúde física, mas também a autoestima e o bem-estar emocional das pacientes
O lipedema é uma condição vascular crônica caracterizada
pelo acúmulo anormal de gordura, afetando predominantemente mulheres. Embora
tenha sido reconhecida oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em
2022, ainda há muita desinformação e estigma em torno da doença, levando muitas
pacientes a enfrentarem julgamentos sociais e diagnósticos equivocados.
Além dos sintomas físicos, como dor, hematomas
frequentes e hipersensibilidade ao toque, a doença tem um impacto significativo
na saúde mental das mulheres. Muitas relatam frustração e desespero diante da
negação de seus sintomas por profissionais de saúde, bem como a dificuldade de
aceitação em uma sociedade que valoriza padrões estéticos irreais. "Muitas
pacientes passam anos tentando entender o que acontece com seus corpos, sendo
frequentemente aconselhadas a perder peso sem que o real problema seja
investigado. Esse estigma agrava a condição e retarda o tratamento
adequado", explica o nutrólogo Diego Torrico.
A negligência médica e social enfrentada pelas mulheres
com lipedema também se reflete nas dificuldades cotidianas. Atividades simples,
como cruzar as pernas, usar botas de cano alto ou trajes de banho, tornam-se
desafiadoras, impactando diretamente a vida social e profissional das
pacientes. "Precisamos ampliar a visibilidade para que mais mulheres
tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento correto", reforça
Torrico.
Valéria Mendes, paciente de 44 anos, descobriu a doença
já no grau 3, após uma série de diagnósticos equivocados de celulites e ganho
de peso. Para ela, ter o lipedema é um grande desafio, mas que será superado
com o acompanhamento médico e tratamento adequado. “Antes da descoberta, me
queixava da pele com aspecto ‘casca de laranja’, manchas, dores e sensação de
peso nas pernas. Hoje, faço acompanhamento com um profissional especializado, o
Dr. Diego Torrico, e sigo firme no tratamento para ter uma melhor qualidade de
vida”, conta Valéria.
O médico explica que o tratamento do lipedema exige uma
alimentação restritiva e contínua, semelhante à recomendada para hipertensos e
diabéticos, mas com ênfase em alimentos anti-inflamatórios, como frutas e
vegetais frescos, além da eliminação de açúcares e determinados tipos de
gorduras. “A prática regular de exercícios físicos, especialmente atividades
aeróbicas de baixo impacto, também é essencial para melhorar a circulação
sanguínea e minimizar o acúmulo de gordura nas áreas afetadas. Em casos mais
avançados, procedimentos cirúrgicos, como a lipoaspiração especializada e
intervenções vasculares, oferecem os melhores resultados. Além disso, terapias
complementares, como drenagem linfática e o uso de meias ou dispositivos de
compressão, são indicadas para reduzir o inchaço e estimular a circulação”,
ressalta.
A quebra do silêncio é essencial para reduzir o
preconceito e garantir uma abordagem mais empática e multidisciplinar à
condição. Campanhas de conscientização e relatos de superação de mulheres que
convivem com a doença são fundamentais para promover mudanças na forma como a
doença é compreendida e tratada.
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