Simplificar ou complicar? Entra ano e sai ano, dúvidas e incertezas acerca da reforma tributária permanecem no centro das discussões empresariais. O impacto dessas mudanças ganhou ainda mais relevância após a sanção do primeiro projeto de regulamentação pelo presidente Lula, estabelecendo regras para os novos impostos que farão parte da transição tributária a partir de 2026. Este cenário exigirá das empresas um planejamento cuidadoso para garantir conformidade e minimizar riscos.
O Brasil é conhecido por ter um dos sistemas
tributários mais complexos do mundo, apresentando uma carga tributária de
32,39% do PIB, conforme estudo do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação) – sendo o 24º entre os países com maior arrecadação proporcional.
Neste contexto, a reforma tributária tem como
objetivo simplificar as regras, consolidando tributos estaduais, federais e
municipais em dois impostos principais: o CBS (Contribuição sobre Bens e
Serviços), que substituirá PIS, COFINS e IPI, e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços),
que unificará ICMS e ISS.
Embora o objetivo seja reduzir a complexidade e os
custos do cumprimento das obrigações tributárias, as mudanças também trazem
desafios significativos para as empresas. Entre eles, destacam-se: a adaptação
de sistemas tributários, em que durante o período de transição, será necessário
operar com o modelo atual e o novo, exigindo maior controle e atenção às
normas; e a gestão do fluxo de caixa, uma vez que as alterações nas alíquotas e
na estrutura de tributos podem aumentar os desembolsos financeiros, impactando
o capital de giro.
Há ainda, como um dos desafios principais, a
adaptação tecnológica, tendo em vista que os sistemas de gestão precisarão ser
atualizados para refletir as novas regras e garantir precisão nas apurações.
Além disso, a capacitação e escassez de especialistas também é um ponto a ser
observado, pois a falta de profissionais qualificados pode dificultar a
implementação e gestão das mudanças tributárias.
Para minimizar os impactos e aproveitar as
oportunidades que a reforma tributária pode oferecer, é essencial que as
empresas tomem medidas proativas, como: revisão de processos internos para
adaptar as rotinas fiscais e atender às novas exigências; e o investimento em
tecnologia, já que, a partir da atualização do sistema ERP e utilização de
soluções de compliance tributário, é possível reduzir erros e aumentar a
eficiência operacional.
Dentre as ações que devem ser tomadas nesse período
pelas organizações, também se destaca a capacitação de equipes, que pode ser
aplicada através da realização de treinamentos com os colaboradores para
lidarem com as mudanças e agregarem conhecimentos tributários às operações
diárias; e planejamento financeiro, com foco em estruturar um plano robusto de
fluxo de caixa, a fim de absorver eventuais aumentos de custo durante o período
de transição.
Considerando a sucessão de medidas, é importante
enfatizar a importância de uma consultoria especializada. Com o apoio técnico
específico para interpretar e aplicar as novas regras de forma estratégica, é
possível garantir a conformidade e mitigar riscos em toda a jornada de
adaptação.
É importante enfatizar que a reforma tributária não
deve ser vista apenas como um obstáculo, mas como uma oportunidade de
modernizar processos e aumentar a competitividade. A adoção de ferramentas
tecnológicas avançadas e o acompanhamento especializado podem transformar esse
momento em um diferencial estratégico.
Empresas que se anteciparem na adequação às novas
normas terão vantagens significativas frente à concorrência. O tempo para agir
é agora. Por isso, planeje, invista e capacite sua equipe para que, em 2026,
sua organização esteja não apenas em conformidade, mas preparada para crescer
em um ambiente tributário mais transparente e eficiente.
Felipe Almeida - diretor de operações SAP S/4HANA, Thomson Reuters e BPO do Grupo INOVAGE.
INOVAGE
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