Rio de Janeiro soma cerca de mil casos confirmados, enquanto o Brasil já registra 101 mil casos prováveis de dengue no início de 2025. A SBPC/ML ressalta a importância de testes laboratoriais e cuidados no combate à doença
A cidade do Rio de Janeiro registrou nesta segunda-feira, 27, a
primeira morte por dengue em 2025: um homem de 38 anos, morador de Campo
Grande, na zona oeste. Outra morte suspeita está sob investigação, e os casos
confirmados da doença na capital já se aproximam de mil. O cenário é
preocupante, especialmente após 2024, ano em que o município registrou o maior
número de casos de dengue na última década.
Segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da
Saúde, o Brasil registrou 101 mil casos prováveis de dengue apenas no início de
2025, com 15 óbitos confirmados e outros 116 em investigação. Diante desse
cenário, especialistas da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina
Laboratorial (SBPC/ML) alertam para a importância de diagnósticos rápidos e
precisos, bem como cuidados essenciais para o tratamento eficaz dessas doenças.
“Os testes laboratoriais, como RT-PCR e detecção de antígenos, são ferramentas indispensáveis para identificar o vírus causador e direcionar o tratamento adequado”, afirma João Renato Rebello Pinho, membro da SBPC/ML. Ele explica que, na fase inicial da doença, exames como o teste de antígeno NS1 para dengue podem detectar o vírus já no primeiro dia de sintomas. Esses recursos também auxiliam no monitoramento epidemiológico e na definição de estratégias preventivas.
Embora os testes rápidos, recomendados pelo Ministério da Saúde (MS) desde 2024, ofereçam resultados em até 30 minutos e sejam uma alternativa viável para regiões com alta demanda, Paula Távora, médica especialista em Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, membro titular e líder do Comitê de Testes Laboratoriais Remotos e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), recomenda cautela. “Eles devem ser realizados por profissionais capacitados, em locais autorizados, para evitar diagnósticos equivocados”, ressaltou, acrescentando que os testes rápidos, embora úteis, têm limitações, como a possibilidade de resultados falsos negativos, que podem atrasar o tratamento.
De acordo com Celso Granato, infectologista e patologista clinico, membro da SBPC/ML, não há medicamentos antivirais específicos contra a dengue, mas sintomas como febre e dor podem ser tratados com medicamentos seguros, como dipirona e paracetamol, que não afetam a coagulação sanguínea. “Anti-inflamatórios, como ibuprofeno e nimesulida, devem ser evitados devido ao risco de hemorragias", recomenda.
Além dos testes diagnósticos, a prevenção é uma das armas mais
eficazes no combate às arboviroses. Eliminar criadouros de mosquitos, manter
recipientes fechados e evitar o acúmulo de água parada são ações essenciais. “A
identificação precoce dos sintomas e a busca por assistência médica são
igualmente cruciais para evitar complicações, especialmente em idosos e pessoas
com comorbidades”, conclui o Alvaro Pulchinelli, médico toxicologista, patologista
clínico e presidente da SBPC/ML, acrescentando que assim como em todo verão, a
luta contra a dengue e outras arboviroses exige esforços conjuntos de
profissionais de saúde e da população. “Diagnósticos precisos, cuidados
preventivos e o uso consciente de medicamentos são fundamentais para enfrentar
essas doenças", explica Pulchinelli.
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