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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Saúde das praias no verão e no ano todo

Profissionais da Engenharia atuam para recuperação do litoral em meio ao surto de virose

 

Muitas famílias ainda estão aproveitando as férias de verão. Com isso, o litoral paulista, um dos destinos preferidos nessa época, enfrenta um desafio ambiental significativo: 43 praias estão classificadas como impróprias para banho, conforme o relatório mais recente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A situação compromete não apenas a saúde pública, mas também o turismo e o equilíbrio ambiental da região.

Municípios como São Sebastião, Ilhabela, Praia Grande e Ubatuba apresentam o maior número de áreas afetadas. Essas condições estão diretamente relacionadas a diversos fatores, como o aumento das chuvas, o fluxo intenso de pessoas, o despejo irregular de esgoto, o crescimento urbano desordenado e a falta de manutenção em sistemas de drenagem. Nesse contexto, o trabalho de engenheiros civis, ambientais e sanitaristas torna-se indispensável para reverter o cenário. 

Com o adensamento populacional, surgem desafios significativos ligados à ocupação desordenada e à desigualdade no acesso a serviços básicos. “As cidades se desenvolvem rapidamente e recebem muitos turistas, principalmente em determinadas épocas do ano, como agora. Para isso, é fundamental que existam planos diretores bem estruturados e específicos, que priorizem a regularização das áreas e contemplem programas especiais. É preciso garantir que todos sejam atendidos”, afirma o engenheiro Guilherme Del Nero Fiorellini, gerente da 7ª Região Administrativa do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) (que contempla o litoral sul de São Paulo) e chefe da Unidade de Gestão de Inspetoria (UGI) de Bragança Paulista.

Profissionais têm colaborado com campanhas educativas que reforçam a importância da preservação ambiental e destacam como é essencial evitar o descarte inadequado de resíduos, um dos problemas que afetam diretamente o mar. Essas iniciativas complementam os esforços estruturais e mostram que a responsabilidade deve ser compartilhada entre gestão pública e sociedade. “Conscientização por meio de atividades de educação ambiental na orla, como distribuição de sacolas para recolher o lixo, instalação de lixeiras em pontos estratégicos e a ampliação dos turnos das equipes de limpeza, devem estar no radar das prefeituras”, completa a engenheira Eudes Maria dos Anjos, inspetora do Crea-SP pelo município de Santos.

Outro aspecto importante é o controle da drenagem urbana. A falta de infraestrutura para o escoamento das águas da chuva faz com que resíduos sólidos e esgoto clandestino sejam transportados diretamente para os oceanos. “Nessa época de férias e festas, temos dois agravantes: o aumento da população, que demanda mais das estruturas de saneamento, e as grandes chuvas, que carregam materiais dos rios para o mar, ampliando o cenário de poluição”, destaca Del Nero. Soluções como pavimentos permeáveis, bacias de retenção e canais planejados podem minimizar esses impactos. Projetos de urbanização sustentável também têm sido defendidos como alternativas viáveis. 

Para Eudes, as soluções devem ser pensadas a longo prazo. “A prevenção precisa ser contínua e direcionada à população, com a identificação de pontos críticos ao longo de todo o ano. Isso exige equipes multidisciplinares, com a participação de engenheiros. Além disso, é preciso que haja mobilização das esferas municipal, estadual e federal para tratar o tema de forma integrada. As fórmulas e projetos já existem na prática, mas é necessário ampliar as ações para que realmente tragam resultados eficazes”, afirma a engenheira florestal.

Para que a Engenharia atue com maior eficiência, é necessário intensificar as fiscalizações, orientando todos os envolvidos, e utilizar ferramentas, como drones, que têm se mostrado eficazes em diferentes situações. Tornar as praias paulistas próprias para banho demanda não apenas medidas corretivas, mas também planejamento e inovação. A área tecnológica oferece recursos indispensáveis para enfrentar a crise ambiental e garantir que as próximas gerações possam aproveitar o litoral de forma segura e sustentável. “Quando falamos em recuperação, também nos referimos aos resíduos provenientes de diversas fontes, incluindo propriedades localizadas à beira-mar. É fundamental cuidar de todo o sistema ao redor para garantir uma gestão eficiente e reduzir ao máximo o descarte inadequado de resíduos”, reforça Del Nero.

A sinergia entre a expertise técnica dos engenheiros e o engajamento da sociedade é a chave para o sucesso das estratégias. Apenas por meio dessa colaboração será possível garantir que as praias retornem às condições adequadas para o lazer, com conservação da biodiversidade e segurança de um ambiente saudável para as gerações presentes e futuras.

 

Crea-SP


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