Foto de Maira Acayaba Pouso de Paranapiacaba |
Que tal aproveitar
as férias para caminhar pela mesma estrada histórica onde D. Pedro I trilhou
rumo à proclamação da Independência do Brasil? Prepare-se para conhecer um
roteiro imperdível
As férias são o momento ideal para embarcar em uma
divertida aventura, e por que não apostar em um passeio que mistura cultura com
natureza? O Caminhos do Mar, ou Estrada Velha de Santos, conta com monumentos e
detalhes arquitetônicos e culturais que revelam a história do Brasil desde os primeiros
anos da colonização até a era moderna. A rota é um verdadeiro museu a céu
aberto que vai agradar crianças e adultos.
Para descobrir todos os tesouros no trajeto da
primeira via de acesso pavimentada com concreto da América Latina, e não perder
nenhuma informação importante, a obra Os Caminhos do Mar do arquiteto e
urbanista, Benedito Lima de Toledo é uma leitura imprescindível. Separamos
algumas dicas para que o mesmo espírito aventureiro de Indiana Jones de Toledo,
responsável por resgatar boa parte da nossa memória nacional escondida pela
exuberante floresta da Serra do Mar - à época com incursões munido de facões e
bússolas - esteja com vocês!
Caminho do Padre José de
Anchieta: embora não haja nenhum monumento específico sobre
a primeira ligação entre o litoral paulista e a Capitania de São Vicente, hoje
cidade de São Paulo, a rota aberta e utilizada pelo Padre José de Anchieta
(1534 -1597,) que ficou perdida ao longo dos séculos, foi parcialmente
reconstruída na década de 1970 graças aos esforços de Toledo. Essa descoberta
permitiu a reconstrução total da Calçada do Lorena, seu livro traz fatos
inéditos sobre este trabalho.
Fotografia de Maira Acayaba
Calçada do Lorena: Construída em 1790, foi palco da viagem de Dom Pedro I para proclamar a
Independência. Elaborado com técnicas inovadoras de pavimentação em lajes de
pedra, a estrada revolucionou o transporte de cargas com cavalos e mulas. A
obra foi encomendada por Bernardo José Maria de Lorena, general da capitania.
Monumento do Pico: ponto mais alto da Calçada do Lorena. Com autoria esquecida, sugerida
a Victor Dubugras por Benedito em seu livro, a lápide histórica está integrada
ao monumento Padrão do Lorena.
Pouso de Paranapiacaba: início da Serra, de suas varandas tem-se uma excepcional vista da
paisagem. Segundo Benedito, parece ter sido a intenção de Dubugras unir o
monumento ao cenário de forma íntima, bem como a denominação, escolhida por
Washington Luís: PARANÁ
(mar), APIAC (ver) e CABA (lugar, sítio) com
tradução literal da palavra, lugar de onde se avista o mar. O painel de
azulejos pintado à mão pelo artista José Vaz Washington Rodrigues, com o mapa
rodoviário de São Paulo, é um, senão o primeiro a surgir na era do
rodoviarismo. Nele figuram estradas que nem estavam abertas, uma obra que
representa o espírito moderno da época.
Ruínas: enigmática edificação existente às margens da Calçada que desafia
pesquisadores e arqueólogos quanto à sua origem. As ruínas não apenas evocam
mistérios do passado, mas também reforçam a necessidade de práticas
arqueológicas responsáveis para a preservação e o entendimento do nosso
patrimônio cultural, defendidas por Benedito.
Belvedere Circular: primeiro ponto de cruzamento da Calçada do Lorena com o Caminho do Mar.
Dele, tinha-se a vista da baixada santista na época antes do crescimento da
vegetação.
Rancho da Maioridade: pouso construído para descansar durante a descida para Santos na década
de 1920. Evoca a construção da Estrada da Maioridade e a visita da Família Real,
em 1846. Depois do Período Colonial foi fixado como símbolo nacional da
Independência. Os azulejos originais de Wasth Rodrigues foram parcialmente
arrancados a marretadas em 1965, e novamente em 1967, e em parte substituídos
por outros. No livro, Os Caminhos do Mar, Benedito e sua
equipe conseguiram fotografá-los antes de serem danificados.
Padrão do Lorena: onde foram descobertos os primeiros vestígios da Calçada do Lorena por
Benedito e sua equipe. Monumento restaurado que homenageia a Calçada e seu
idealizador, Bernardo José Maria de Lorena com placas e painéis de azulejos que
ilustram cenas da época do império no século XVIII.
Pontilhão Raiz da Serra: localizado quase no pé da serra, o pontilhão possui duas placas
referentes à pavimentação em concreto, concluída em 1926. Próximo a ele existia
a singela Capela de São Lázaro e um cemitério removidos com a construção da
refinaria.
Cruzeiro Quinhentista: erguido em 1922 onde o Caminho do Mar se encontra com o do Padre José.
Esse monumento homenageia os nomes insignes de Tibiriçá, Anchieta, Mem de Sá,
Nóbrega, Leonardo Nunes, Martim Afonso e João Ramalho.
Ficou curioso para saber mais sobre os monumentos,
suas versões originais e como parte da Mata Atlântica, considerada um obstáculo
para os europeus, se tornou palco do desenvolvimento brasileiro? Os Caminhos do Mar, publicado pela Editora
KPMO, em coedição com a Cultura Acadêmica, não é apenas um
guia indispensável para os visitantes, mas também um resgate da construção da
identidade histórica nacional, expressa nas artes, na arquitetura e no
urbanismo. O livro reúne mapas, desenhos, pinturas e fotografias que ajudam o
leitor a planejar o percurso e aproveitar ao máximo a experiência de imersão
nesse rico patrimônio.
Mais informações sobre o Caminho do Mar, infraestrutura e atividades extras podem ser obtidas no site do parque.
Ficha Técnica:
Edição: KPMO Cultura e Arte, Cultura Acadêmica Editora
Autor: Benedito Lima de Toledo
Coordenação geral: Suzana Alessio de Toledo
Prefácio: Mauro Munhoz
Direção de arte: Marcello de Oliveira
Ensaio fotográfico: Maíra Acayaba
Ano: 2024 2024
Tradução: Gabriel Silva, Maria Angélica Porto
Número de páginas: 208
Medidas: 22×25 cm
ISBN: 978-65-86913-22-4 (KPMO Cultura e Arte) e 978-65-5954-520-9 (Cultura
Acadêmica)
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