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segunda-feira, 29 de abril de 2024

Como identificar o autismo na primeira infância?

 Especialistas em saúde mental infantil e adolescente, as psicólogas Nathalia Heringer e Ariádny Abbud, fundadoras do INPI - Instituto de Neuropsicologia e Psicologia Infantil - explicam a importância do diagnóstico precoce do autismo e indicam sinais que podem indicar a necessidade de apoio especializado

 

No Abril Azul, mês estabelecido pela Organização das Nações Unidas, ONU, como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o autismo, assim como dar visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma dos pontos fundamentais é entender a importância de identificar os sinais precoces do autismo, pois o diagnóstico tardio pode prejudicar muitas áreas da vida, incluindo a aprendizagem e a interação social. Estar atento a certos comportamentos e no desenvolvimento da criança durante a primeira infância pode ajudar os pais e responsáveis a buscar avaliação e intervenção especializada. 

A ampla variação de sintomas e características apresentadas por crianças dentro do espectro do autismo está entre os desafios do diagnóstico precoce. “A identificação de sinais na primeira infância, até os três anos, é essencial para a intervenção. Embora seja natural sentir preocupação e até mesmo choque ao receber um diagnóstico de autismo, é importante lembrar que existem recursos e tratamentos disponíveis para apoiar no desenvolvimento dessa criança”, explica a psicóloga Nathalia Heringer, especialista em Neuropsicologia e em Terapia Cognitivo Comportamental. 

Essa diversidade pode resultar em dificuldades na identificação prévia, especialmente em casos onde os sintomas são sutis ou se manifestam de forma diferente em cada criança. “O diagnóstico precoce é crucial para garantir que crianças com TEA recebam intervenções e suportes adequados desde cedo. Quanto mais cedo o diagnóstico, maior a oportunidade de implementar estratégias de apoio e proporcionar às famílias recursos e orientações necessárias para lidar com os desafios que possam surgir”, esclarece a psicóloga Ariádny Abbud, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental com Crianças e Adolescentes. 

Outro desafio é a falta de consciência e compreensão do autismo por parte dos pais, cuidadores e até mesmo de alguns profissionais de saúde. Isso pode levar à negação, minimização ou adiamento da busca por avaliação e intervenção, dificultando o diagnóstico precoce e, consequentemente, o acesso a serviços e suportes adequados. As psicólogas especialistas em saúde mental infantil e adolescente Nathalia Heringer e Ariádny Abbud, indicaram sinais que servem de alerta para o diagnóstico precoce.

 

Dificuldade no contato visual

Um sinal de falta de contato com a face humana e dificuldade de imitação pode ser observado em bebês que não respondem adequadamente aos estímulos visuais e emocionais dos pais ou cuidadores. Normalmente, os bebês têm uma predisposição natural para responder à voz humana e à expressão facial, o que é fundamental para seu desenvolvimento emocional e social.

 

Atraso na comunicação não verbal

Antes mesmo de começar a falar, a criança começa a compreender que é possível se comunicar além da fala. Ela aprende a interpretar gestos, expressões faciais e outras formas não verbais de comunicação para interagir com o ambiente ao seu redor. Alguns sinais de atraso na comunicação não verbal incluem a falta de apontar para objetos de interesse, compartilhar experiências visuais com os cuidadores e mostrar prazer ao descobrir algo novo. Essas interações são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem e da comunicação social.

 

Repetição de comportamentos ou falas

A repetição constante de brinquedos e padrões de brincadeira pode ser um sinal de alerta para possíveis dificuldades no desenvolvimento, especialmente no contexto do autismo. Podendo se manifestar como uma rigidez no brincar, onde a criança se apega a certos brinquedos ou atividades, repetindo de forma consistente. Essa ação pode ser observada desde cedo, muitas vezes já nos primeiros anos de vida da criança.

 

Interesses restritos ou fixação intensa

É possível observar interesses restritos ou fixação intensa em determinados objetos, alimentos, temas ou atividades como sinais potenciais de autismo. Essa fixação pode se apresentar como uma preferência extrema por certos brinquedos, roupas, alimentos, temas específicos ou atividades repetitivas. Elas podem dedicar uma quantidade significativa de tempo e energia a esses interesses específicos, muitas vezes pela ausência de outras atividades ou interações sociais. Além disso, essa fixação intensa pode se manifestar em comportamentos repetitivos, como alinhar objetos de uma maneira específica, assistir repetidamente aos mesmos vídeos ou programas de TV, ou focar em temas altamente especializados e detalhados.

 

Atraso no desenvolvimento motor

O atraso no desenvolvimento motor é outro sinal de alerta que os pais devem observar atentamente no desenvolvimento de seus filhos. A criança pode apresentar dificuldades em fazer coisas que outras da mesma idade normalmente conseguem fazer, como segurar objetos ou se mover, como rolar, sentar, engatinhar ou andar. Algumas crianças podem demonstrar falta de interesse em explorar o ambiente ao seu redor ou evitar atividades que envolvam coordenação motora.

 

Dificuldade na interação social

Muitas vezes, os pais podem notar que a criança não está interagindo socialmente da mesma forma que outras crianças da mesma idade. Isso pode incluir dificuldade em fazer contato visual, interagir com outras pessoas ou responder aos estímulos sociais de maneira adequada. Essas dificuldades podem se manifestar como um distanciamento emocional ou uma falta de interesse em interações sociais típicas.
 

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