Falar para poucas pessoas e ser escutado por muitas. Esta é uma tarefa da alta liderança. Sim, não se engane, o que um CEO ou um diretor fala para seus liderados em sala chega até aos demais liderados facilmente, é um fluxo contínuo. Especialmente se não for algo bom. E lembre-se, o líder se comunica não só pela boca, mas sobretudo através de suas atitudes, que são observadas pelos demais mais do que diariamente, a todo o instante.
O fato é que se nada for comunicado de maneira ativa e intencional, a inércia
vai imperar e pouco ou nada vai mudar naquele cenário. Assim, o futuro, a visão
e a missão não vão simplesmente acontecer sozinhos. Afinal, estas coisas não
são feitas por osmose. O que acontecer vai ser por sorte, não por juízo. E
existem situações em que trabalhar apenas com a sorte não é o mais adequado.
Neste sentido, a liderança tem como um dos papéis fundamentais comunicar de
forma adequada a estratégia traçada, para que os colaboradores a executem
direito. Uma comunicação bem feita significa que os interlocutores
compreenderam a mensagem. Não adianta o líder alegar: “Mas eu comuniquei, eu
mandei por e-mail”. Ora, pois já deveria saber que apenas essa ação não é
suficiente.
O mais próximo de isso realmente funcionar é se você estiver falando
exclusivamente para uma plateia homogênea, mas mesmo em um pequeno time existem
vários temperamentos e experiências distintas, quem dirá em uma empresa
inteira. Por isso, o líder precisa fazer o possível para conseguir se
certificar de que as pessoas compreenderam a mensagem que se quer passar.
Um CEO falando para 40 líderes não estará falando apenas para eles, estará
falando para os outros 400, ainda que uma parte seja indiretamente por meio
destes seus liderados. O líder precisa saber se comunicar com todos, além de
que, as pessoas costumam se sentir mais motivadas quando percebem que
determinada mensagem foi criada e, consequentemente transmitida, pensando em cada
um.
Por essa razão, as escolhas que são feitas para levar a organização de onde
está para o estado futuro precisam ficar muito claras para que os colaboradores
possam se engajar ao máximo. O desafio da comunicação passa por transmitir da
maneira mais objetiva possível, para minimizar ou até eliminar completamente a
dupla interpretação. Neste contexto, é importante evitar termos ambíguos ou
amplos demais, por exemplo: “Ser uma empresa na prestação do serviço X de
classe mundial”. O que significa ser de classe mundial?
Uma ótima alternativa para minimizar estas situações são os números. Se apoiar
em números para quantificar o tamanho do apetite na estratégia, para que se
possa dimensionar adequadamente os recursos a serem empregados no alcance dela,
exemplo: “Aumentar em 30% as vendas do produto Y.” Ótimo, escolhemos colocar
esforços neste produto, não no Z. Isso também é comunicação.
A partir disso, é preciso definir como faremos este acréscimo de receita. Pode
ser feito de diversas maneiras, porém, se a empresa está decidindo por um
caminho específico, precisa explicar. Se o caminho não está definido, então
quer dizer que os times responsáveis podem fazer suas tentativas? Isso precisa
ficar claro também, para que as ações possam ser focadas e esforços não sejam
vistos como ‘em vão’, diante de uma negativa.
Os OKRs - Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) - são uma
ferramenta poderosa, que pode ajudar os líderes nesta difícil jornada de
engajar os colaboradores em torno da estratégia, garantindo que realmente
compreenderam o que foi licitado. De um lado, o objetivo deve passar a mensagem
clara do caminho que está sendo escolhido, o porquê de estar sendo escolhido e
seus respectivos benefícios.
Do outro lado, os KRs - Key Results ou resultados chave, fazem o papel de
tangibilizar a mensagem em números, de forma que fique inequívoco se alcançamos
ou não aquele objetivo traçado. Seguramente, serão minimizadas ou eliminadas
aquelas conversas típicas “Eu fiz A”/ “Mas era para ter sido feito B” ou “Eu
trabalhei neste tema” / “Mas era para ter trabalhado em outro”.
Desta forma, utilizando a ferramenta dos OKRs para estabelecer a comunicação
adequada, com certeza será mais fácil fazer com que a estratégia dê certo, pois
os demais líderes e os seus respectivos times terão compreendido totalmente o
que precisavam alcançar, exercendo as funções certas para atingir os resultados
que eram esperados. E assim, sua mensagem será bem melhor entendida, e
resultará em melhores resultados, mesmo falando só para 40 e sendo ouvido por
400.
Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/
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